domingo, 5 de julho de 2009

Qual o dia de descanso – sábado ou domingo?‏


Qual o dia de descanso – sábado ou domingo?

Sempre que estudamos o quarto mandamento surge a pergunta: quem está certo? São os Adventistas, que indicam o sábado como o dia que ainda deveríamos estar observando, ou a teologia da Reforma, apresentada na Confissão de Fé de Westminster, e em outras confissões, que encontra aprovação bíblica e histórica para a guarda do domingo? Alguns pontos podem nos ajudar a esclarecer a questão:


1. Os pontos centrais de cumprimento ao quarto mandamento são: o descanso, a questão da separação de um dia para Deus, e a sistematização, ou repetibilidade desse dia. O dia, em si, é uma questão temporal, principalmente por que depois de tantas e sucessivas modificações no calendário é impossível qualquer seita ou religião afirmar categoricamente que estamos observando exatamente o sétimo dia. Nós usamos o calendário Gregoriano, feito no século 16. Os judeus atuais usam o calendário ortodoxo, estabelecido no terceiro século, e assim por diante.


2. Os principais eventos da era cristã ocorreram no domingo:

• Jesus ressuscitou (Jo 20.1)

• Jesus apareceu aos dez discípulos (Jo 20.19)

• Jesus apareceu aos onze discípulos (Jo 20.26)

• O Espírito Santo desceu no dia de pentecostes, que era um domingo (Lv 23.15, 16 – o dia imediato ao sábado), e nesse mesmo domingo o primeiro sermão sobre a morte e ressurreição de Cristo foi pregado por Pedro (At 2.14) com 3000 novos convertidos.

• Em Trôade os crentes se juntaram para adorar (At 20.7).

• Paulo instruiu aos crentes para trazerem as suas contribuições (1 Cr 16.2).

• Jesus apareceu e João, em Patmos (Ap 1.10).


3. Os escritos da igreja primitiva, desde a Epístola de Barnabé (ano 100 d.C.) até o historiador Eusébio (ano 324 d.C.) confirmam que a Igreja Cristã, inicialmente formada por Judeus e Gentios, guardavam conjuntamente o sábado e o domingo. Essa prática foi gradativamente mudando para a guarda específica do domingo, na medida em que se entendia que o domingo era dia de descanso apropriado, em substituição ao sábado. Semelhantemente, a circuncisão e o batismo foram conjuntamente inicialmente observados, existindo, depois, a preservação somente do batismo, na Igreja Cristã. O domingo não foi estabelecido pelo imperador Constantino, no 4º século, como afirmam os adventistas. Constantino apenas formalizou aquilo que já era a prática da igreja.


4. Cl 2.16-17 mostra que o aspecto do sétimo dia era uma sombra do que haveria de vir, não devendo ser ponto de julgamento de um cristão sobre outro.

Para um estudo mais detalhado do assunto, sugerimos o livro de J. K. VanBaalen – O Caos das Seitas.

O Quarto Mandamento

Introdução

Encontramos o Quarto Mandamento em Êxodo 20:8-11. A palavra !sábado? significa !descanso? ou ?cessação?. Note como este mandamento se encaixa na primeira parte da lei:

Primeiro Mandamento ! Quem adoramos

Segundo Mandamento ! Como adoramos

Terceiro Mandamento ! Reverência e realidade na adoração

Quarto Mandamento ! Dia de adoração

O Quarto Mandamento é o único que os evangélicos largamente diferem na sua interpretação.

O Sábado Judaico
O Sábado era um sinal da aliança entre Deus e Israel (Êxodo 31:12-16). No sétimo dia Israel devia se abster do trabalho ordinário, carregar qualquer coisa, viagens longas, acender fogo, juntar lenha ou maná e negociar (Êxodo 35:3, 16:22-26, Neemias 13:15-22). Somente casos que envolvessem exigência, misericórdia, ou piedade eram permitidos (Mateus 12:1-13, Números 28:9-10, Levítico 24:5-8). Israel devia se regozijar neste dia (Isaías 58:13-14), mas haveria julgamento se o Sábado fosse quebrado (Êxodo 31:14, Números 15:32-36). O abuso do Sábado por parte de Israel era um tema comum dos profetas.

I. O Dia do Senhor
Os primeiros santos começaram a dedicar o primeiro dia da semana para adoração após a ressurreição de Cristo. Isto foi, é claro, uma alteração definitiva da prática da Velha Aliança. Isto ficou evidenciado da seguinte maneira:

A. O Exemplo Apostólico

O Novo Testamento ensina tanto pelo preceito quanto pelo exemplo. Jesus Cristo e Seus apóstolos abriram um precedente claro quanto a observância do primeiro dia da semana. Veja os seguintes versículos:

· Mateus 28:1

· João 20:19 e 26

· Atos 20:6-7

· I Coríntios 16:1-2

· Atos 2:1-47 (O dia de Pentecostes ocorreu no domingo)



B. Testemunho Histórico

Philip Schaff, na sua famosa obra sobre A História da Igreja (volume 2, página 201), escreve:

A celebração do dia do Senhor em memória da ressurreição de Cristo data, sem dúvida, da era apostólica. Não há nada fora do precedente apostólico que aponte para a observância universal nas igrejas do segundo século. Não há nenhuma voz contrária a isto.

C. O Dia do Senhor

Historicamente falando, houve um grande consenso em interpretar Apocalipse 1:10 como uma referência ao primeiro dia da semana.

II. Uma Questão Difícil

Tendo brevemente visto o dia de adoração tanto no Velho quanto no Novo Testamento, agora estamos prontos a considerar o ponto de discórdia. Qual a relação existente entre o Sábado e o Dia do Senhor? Alguns acreditam que o Sábado passou a ser o primeiro dia da semana, sendo assim o domingo agora é o !Sábado Cristão?. Outros crêem que o Sábado foi abolido no Calvário e que o Dia do Senhor não tem nenhuma relação com o mesmo.

Esta questão realmente envolve a natureza do Quarto Mandamento. Ele fazia parte da imutável lei moral ou era apenas de natureza cerimonial e positiva? A lei moral são mandamentos que refletem a natureza de Deus e a imutável distinção entre o certo e o errado (compare Êxodo 20:16 com Tito 1:2). A lei positiva, por outro lado, são mandamentos de Deus que podem ser ab-rogados por Deus quando Seus propósitos são cumpridos. Os sacrifícios levíticos ou o batismo e a Ceia do Senhor são exemplos da lei positiva. Vamos ver agora os dois lados deste debate sobre o Sábado.

A. Argumentos usados para provar que o Sábado era somente de Natureza Positiva

1. Dizem que o Sábado é um sinal da aliança com Israel, portanto é estritamente de natureza da Velha Aliança.

2. O Quarto Mandamento é o único que não foi reafirmado após o Calvário e faz parte da Lei cerimonial. Nenhum cristão do Novo Testamento foi repreendido por quebrar o Sábado. O domingo nunca foi chamado de o Sábado.

3. Nenhum cristão deve ser julgado pela observância do Sábado (Romanos 14:5-8). Neste mesmo tópico, Colossenses 2:16-17 cobre todo sistema da Velha Aliança quanto aos Sábados e os dias santos.

4. Se o Sábado tivesse sido mudado o livro de Atos e as epístolas relatariam a discussão a respeito disso. Certamente os Judeus convertidos teriam debatido a esse respeito. Não há nenhuma relato a este respeito.

5. As igrejas apostólicas se baseavam na ressurreição de Cristo para a observância do domingo. Eles nunca ligaram ou se referiram a este dia como sendo o Sábado.

B. Argumentos usados para afirmar que o Quarto Mandamento era parte da Lei Moral

Antes de prosseguirmos, devemos entender que mesmo aqueles que interpretam o domingo como sendo o !Sábado Cristão? reconhecem que o Quarto Mandamento contém algo de natureza positiva, de outro modo, não teria sido mudado de forma alguma. Eles entendem que aquilo que envolve o sétimo dia ou as leis referentes a nação de Israel eram de natureza temporária. Tendo dito isto, prossigamos com as provas apresentadas para provar a natureza moral do Quarto Mandamento.

1. A instituição do Sábado remonta a época da criação. O princípio moral foi incorporado a Velha Aliança, mas não teve o sei início ali (Gênesis 2:1-3, Êxodo 20:11). Isto fica mais evidenciado pelo fato do homem sempre contar o tempo usando a semana de sete dias. Diferente do dia de vinte e quatro horas, baseado na rotação da terra, a semana de sete dias não tem base na natureza. O Sábado é uma ordenança da Criação e reflete a vontade de Deus para que o homem separe um dia, em sete, para descanso, reflexão e adoração.

2. Todos dez Mandamentos foram escritos em pedra e refletem o caráter da natureza santa de Deus e Sua vontade para o homem. Por que uma lei de natureza meramente positiva seria colocada entre eles?

3. Cristo deixou claro que o Sábado foi introduzido para o benefício do homem (Marcos 2:27, Êxodo 20:8-11). Desde que o homem tem esta necessidade, certamente a lei deve permanecer a fim de supri-la.

4. Sob o regime da Nova Aliança, os cristãos separaram um dia entre os sete para adoração de Deus. Isto não revela a base do princípio do Sábado?

5. Deus não revelou muitas vezes Sua vontade pelo exemplo apostólico? Isto não se aplicaria também a mudança do Sábado?

III. Conclusão

Notamos as provas aparentemente contrárias usadas neste debate. Infelizmente, nem sempre é fácil conciliar completamente as várias nuances da verdade revelada nas escrituras. Vamos encerrar com algumas observações que podem ser úteis.

A. O Quarto Mandamento é claramente único no sentido de possuir, no mínimo, elementos da lei positiva. É daí que surgem as dificuldades dos homens interpretá-lo.

B. Vamos exercitar o amor com aqueles que divergem de nós nas questões difíceis.

C. Devemos tomar cuidado em evitar posições extremas que não estão baseadas no conhecimento completo das escrituras sobre o mesmo. Por exemplo: Por haver fortes evidências dos elementos da natureza da lei moral do Quarto Mandamento, seria fácil cairmos no legalismo não compatível com o relato do Novo Testamento.

D. Mesmo que o debate sobre terminologia não tenha um final em nossa época, não é claro o nosso dever? O domingo é o Dia do Senhor e deve ser observado em conformidade com o exemplo apostólico.

Autor: Pr Ron Crisp

Sábado ou domingo?
Pr. Airton Evangelista da Costa



Amados,

Vejo que as discussões em torno do sábado/domingo chegaram à exaustão. Os argumentos se tornaram repetitivos de lado a lado. Ninguém convenceu ninguém. Nessa fase, há uma tendência para o ataque pessoal, em que a emoção passa a ter domínio e o verdadeiro cristão começa a diminuir-se.

Como já registrei aqui, e volto a fazê-lo, há 50 anos próceres adventistas, ao admitirem que os "domingueiros" não estavam em pecado, concluíram que qualquer dia da semana poderia ser guardado. Vejam na matéria a seguir que o Dr. Walter Martin não entrevistou gente miúda, pequenos adventistas, homens comuns da crença. Entrevistou "conceituadíssimos líderes". O livro com essas entrevistas foi exaustivamente revisado por "250 líderes adventistas". Vejam bem, a palavra vem da cúpula adventista, de homens que exercem ou exerciam liderança no seio dessa religião.

Houve realmente um consenso em torno dessa questão. Se há adventistas radicais que discordam dessa importante decisão, precisam primeiramente explicar por que, onde e como aqueles próceres erraram. Ao admitir que os domingueiros não estão em pecado, admitiram, também, que os adventistas poderiam guardar o domingo. Num e noutro caso não haveria pecado. Com isso não desejo dizer que devemos seguir sempre o que diz esse grupo religioso. O padrão para nossa vida é a Bíblia Sagrada.

O foco da discussão deveria ser dirigido nessa direção. Por que esses proeminentes adventistas cederam? O que realmente aconteceu no seio adventista? Qual o pensamento predominante no adventismo brasileiro? Vejamos a matéria.


Extraída do Dicionário de Religiões, Crenças e Ocultismo, de George A. Mather & Larry A. Nichols, Vida, 2000, pg.194:

“Entre 1955 e 56, Dr. Walter Martin, um dos grandes apologistas da fé cristã em nossos dias e fundador do Christian Research Institute, EUA, entrevistou conceituadíssimos líderes adventistas em sua associação Geral (o órgão máximo do grupo), naquela época localizada em Takoma Park, Maryland, EUA. O resultado final da entrevista deu origem ao livro Seventh-day adventists answer questions on doctrine (Adventistas do sétimo dia respondem perguntas sobre doutrina), lançado em 1957 pela editora adventista Review and Harald Publishing Association. Antes de ser publicado, o manuscrito de 720 páginas foi revisado por 250 líderes adventistas. Foi destacado o seguinte”:

1. Sabatismo: a guarda do sábado não propicia salvação; o cristão que observa o domingo não está em pecado; não é cúmplice do papado.

2. Ellen G. White: seus escritos não devem ser colocados em pé de igualdade com a Bíblia; não são de valor universal, mas restritos à IASD.

3. Santíssimo: Cristo entrou no Lugar Santíssimo por ocasião de sua ascensão, e não em 22 de outubro de 1844. Assim, as doutrinas do santuário celestial ser purificado e do juízo investigativo não tinham base bíblica.

"Houve, contudo, sérias controvérsias no seio da IASD devido ao livro, dando origem a dois movimentos: o tradicional e o evangélico. O primeiro recusava-se a abrir mão das posições acima, pois aceitá-las comprometeria a exclusividade da IASD como o remanescente, a única e verdadeira igreja de Cristo. O segundo advogava os conceitos expressos no Questions on doctrine. Estes não queriam deixar a IASD, apenas queriam uma reforma nas questões teológicas nada ortodoxas. Muitos desses, porém, por pressões internas, deixaram a IASD. Diante de tudo o que foi dito acima, concluiu-se que o adventismo com o qual o Dr. Walter Martin dialogou e aceitou como cristão não é mais o mesmo que presenciamos aqui no Brasil, pois rompeu com tudo aquilo abordado no Questions on Doctrine. Entretanto, não se pode negar que há dentro da IASD aqueles que almejam o retorno às formulações esboçadas e defendidas no Questions on Doctrine".

Pr Airton

Sábado ou domingo?

Pergunta: Um adventista do sétimo dia diz que a Igreja Católica mudou o dia de louvor do sétimo ao primeiro dia e mostra citações de livros católicos para provar. Você pode comentar isso?

Resposta: O Catecismo de Baltimore, pergunta 235, diz em parte, "A Igreja primitiva mudou o dia de louvor de sábado para domingo pela autoridade dada à ela por Cristo. O Novo Testamento não faz menção especifica dos apóstolos mudarem o dia de louvor, mas conhecemos o fato através da tradição."

Para entender isso é preciso perceber que o catolicismo ensina que Cristo fundou a igreja para levar a verdade aos homens; que aquela igreja está sob a autoridade do Papa e dos bispos em comunhão com ele; que os apóstolos foram os primeiros bispos e que o Novo Testamento é um produto da igreja citada. No seu modo de pensar, qualquer citação no Novo Testamento de louvor no primeiro dia (como em Atos 20:7) é prova de que a Igreja Católica mudou o dia de louvor. Um adventista que cita tal “autoridade” está dando crédito não merecido ao catolicismo.

O imperador Constantino, em 312 d.C., alegou ter visto uma cruz em chamas nos céus e sua “conversão” é desta data. Depois ele deu sanção legal oficial ao “cristianismo”e algumas de suas práticas. Isso não é criar o cristianismo nem as práticas. Louvor no primeiro dia, assim como o cristianismo, existia muito antes da “conversão” duvidosa de Constantino. Os católicos não colocam a mudança numa data tão tarde, mas olham de volta para os mesmos registros que nós usamos (Atos 20:7, 1 Coríntios 16:2) como prova da mudança. Por exemplo, se um adventista do sétimo dia ganhasse as eleições presidenciais e conseguisse apoio suficiente no congresso para fazer leis sobre o sábado – apagando o domingo como feriado legal – os adventistas diriam que este presidente originou o sétimo dia como dia de louvor? É claro que não – nem foi o catolicismo do quarto século que originou domingo como um dia de louvor.

Inácio (30 a 107 d.C.) em sua carta aos magnesianos (capítulo 9) escreveu sobre guardar o sábado, mas não da maneira judaica. A epístola mais curta lê-se, “não mais observando o sábado, mas vivendo na comemoração do Dia do Senhor." A versão mais longa acrescenta, “o dia da ressurreição ... o oitavo dia.” Isso foi 200 anos antes de Constantino.

Justino, o Mártir (114 a 165 d.C.), em sua primeira Apologia (capítulo 67), diz, “Mas domingo é o dia no qual iremos ter nossa reunião comum, porque foi no primeiro dia que Deus, tendo feito uma mudança na escuridão e na matéria, fez o mundo; e Jesus Cristo nosso Salvador, no mesmo dia, ressuscitou dos mortos.” Isso foi aproximadamente 150 anos antes de Constantino.

A esses podem ser acrescentados escritos seculares e religiosos que tornam ridículas as alegações dos adventistas. Lembre-se, nós usamos o Novo Testamento para nossa autoridade a respeito do primeiro dia, mas citamos a história secular para desmentir uma alegação histórica falsa. O adventista que cita fontes católicas aceitará aquelas mesmas fontes para outras alegações da igreja católica romana? Se não, por que não?

–por Robert F. Turner

O Quarto Mandamento

por

Solano Portela





O dia de descanso foi instituído por Deus e não pelo homem. O mandamento tem grande importância na Palavra de Deus. Bênçãos ocorreram, por sua guarda, e castigos severos, por sua quebra. Isso deveria provocar a nossa reflexão sobre a aplicação dos princípios bíblicos relacionados com o quarto mandamento nos dias atuais, discernindo, em paralelo, a mudança para o domingo, na era cristã. O povo de Deus sempre foi muito rebelde e desobediente com relação a essa determinação, e necessita convencimento da importância do mandamento, bem como entendimento da visão neo-testamentária, para a conseqüente modificação do seu comportamento atual.

O quarto mandamento fala de um dia de descanso e de adoração ao Senhor. Deus julgou essa questão tão importante que a inseriu em sua lei moral. O descanso requerido por Deus é uma prévia da redenção que ele assegurou para o seu povo (Dt 5.12-15). Os israelitas foram levados em cativeiro (Jr 17.19-27) por haver repetidamente desrespeitado este mandamento.

Gostaríamos de examinar as bases desse conceito de descanso e santificação e de ir até o Novo Testamento verificar como os cristãos primitivos guardavam o dia do Senhor.

Não podemos, simplesmente, ignorar esse mandamento. Como povo resgatado por Deus, temos a responsabilidade de discernir como aplicar essa diretriz divina nas nossas vidas e nas de nossas famílias. Por outro lado, nessa procura, não devemos buscar tais diretrizes nos detalhamentos das leis religiosas ou civis de Israel, que dizem respeito ao sábado. Essas leis eram temporais. Ao estudar o sábado, muitos têm se confundido com os preceitos da lei cerimonial e judicial e terminado com uma série de preceitos contemporâneos que se constituem apenas em um legalismo anacrônico, destrutivo e ditatorial. Devemos estudar este mandamento procurando discernir os princípios da lei moral de Deus. Com esse objetivo em mente, vamos realizar nosso estudo com a oração de que Deus seja glorificado em nossa vida e por nosso testemunho.


1. Um dia de descanso

Em nossas bíblias o quarto mandamento está redigido assim – "Lembra-te do dia de sábado para o santificar...". A palavra que foi traduzida "sábado", é a palavra hebraica shabat, que quer dizer descanso. É correto, portanto, entendermos o mandamento como "... lembra-te do dia de descanso para o santificar".

Esse "dia de descanso" era o sétimo dia no Antigo Testamento, ou seja, o nosso "sábado". No Novo Testamento, logo na igreja primitiva, vemos o dia de ressurreição de Cristo marcando o dia de adoração e descanso. Isso é: o domingo passa a ser o nosso "dia de descanso". Os apóstolos acataram esse dia como apropriado à celebração da vitória de Jesus sobre a morte (At 20.7; 1 Co 16.2; Ap 1.10). A igreja fiel tem entendido a questão da mesma maneira, ou seja: não é a especificação "do sétimo", que está envolvida no mandamento, mas o princípio do descanso e santificação.

Já enfatizamos que essa questão de um dia especial de descanso, de parada de nossas atividades diárias, de santificação ao Senhor, foi considerada tão importante por Deus que ele decidiu registrar esse requerimento em sua lei moral, nos dez mandamentos. Com certeza já ouvimos alguém dizer: "...não existe um dia especial, pois todo o dia é dia do Senhor...". Essa afirmação é, num certo sentido, verdadeira – tudo é do Senhor. Mas sempre tudo foi do Senhor, desde a criação e mesmo tudo sendo dele, ele definiu designar um dia separado e santificado. Dizer que todos os dias são do Senhor, como argumento para não separar um dia especial e específico, pode parecer um argumento piedoso e religioso, mas não esclarece a questão nem auxilia a Igreja de Cristo na aplicação contemporânea do mandamento. Na realidade, isso confunde bastante os crentes e transforma o quarto mandamento, que é uma proposição clara e objetiva e que integra a Lei Moral de Deus, em um conceito nebuloso e subjetivo, dependente da interpretação individual de cada pessoa.

Não devemos procurar modificar e "melhorar" aquilo que o próprio Deus especifica para o nosso benefício e crescimento. Deus coloca objetivamente – da mesma forma que ele nos indica a sua pessoa como o objeto correto de adoração; da mesma forma que ele nos leva a honrar os nossos pais; da mesma forma que ele nos ensina o erro de roubar, o erro de matar, o erro de adulterar – que é seu desejo que venhamos a separar para ele um dia específico, dos demais (Is 58.3).


2. Um dia santificado

Devemos notar que o requerimento é que nós nos lembremos do dia de descanso, para o santificarmos. Santificar significa separar para um fim específico. Isso quer dizer que além do descanso e parada de nossa rotina diária, Deus quer a dedicação desse dia para si. Nessa separação, o envolvimento de nossas pessoas em atividades de adoração, ensino e aprendizado da Palavra de Deus, é legítimo e desejável. A freqüência aos trabalhos da igreja e às atividades de culto, nesse dia, não é uma questão opcional, mas obrigatória aos servos de Deus. O Salmo 92, que é de adoração a Deus, tem o título em hebraico – "para o dia de descanso".


3. Uma instituição permanente

Uma expressão, do quarto mandamento, nos chama a atenção. É que ele inicia com "Lembra-te...". Isso significa que a questão do dia de descanso transcende a lei mosaica, isto é: a instituição estava em evidência antes da lei de Moisés. Semelhantemente, estando enraizado na lei moral, permanece, como princípio, na Nova Aliança. Vemos isso, por exemplo, no incidente bíblico da dádiva do Maná. Deus requerendo o descanso e cessação de trabalho durante a peregrinação no deserto, quando ele alimentava o seu povo com o Maná, antes da dádiva dos dez mandamentos. Estes seriam recebidos somente por Moisés no monte Sinai (veja, especificamente, Ex 16.29, 30).


4. Paulo faz um culto de louvor e adoração, no domingo, em Trôade

Paulo nos deixou, além das prescrições de suas cartas, um exemplo pessoal – reuniu-se com os crentes no domingo (At 20.6-12), na cidade de Trôade, na Ásia Menor. O versículo 6 diz que a permanência, naquele lugar, foi de apenas uma semana. Lucas, o narrador que estava com Paulo, registra, no v. 7: "... no primeiro dia da semana, estando nós reunidos com o fim de partir o pão...". Ele nos deixa a nítida impressão de que aquela reunião não era esporádica, aleatória, mas sim a prática sistemática dos cristãos – reunião periódica no primeiro dia da semana, conjugada com a observância da santa ceia do Senhor. Estamos há apenas 15 a 20 anos da morte de Cristo, mas a guarda do domingo já estava enraizada no cristianismo.

Paulo pronunciou um longo discurso, naquela noite. À meia noite, um jovem, vencido pelo cansaço, adormece e cai de uma janela do terceiro andar, vindo a falecer (v. 9). Deus opera um milagre através de Paulo e o jovem volta à vida (v. 10). Paulo continuou pregando, naquele local até o alvorecer (v. 11).


5. O entendimento da Reforma sobre o dia de descanso

A Confissão de Fé de Westminster captura o entendimento da teologia reformada sobre o dia de descanso ordenado por Deus. Nela não encontramos desprezo pelas diretrizes divinas, nem uma visão diluída da lei de Deus, mas um intenso desejo de aplicar as diretrizes divinas às nossas situações. O quarto mandamento tem uma consideração semelhante aos demais registrados em Ex 20, todos aplicáveis aos nossos dias. Nas seções VII e VIII, do capítulo 21, sob o título – "Do Culto Religioso e do Domingo" lemos o seguinte:

Como é lei da natureza que, em geral, uma devida proporção do tempo seja destinada ao culto de Deus, assim também, em sua palavra, por um preceito positivo, moral e perpétuo, preceito que obriga a todos os homens em todos os séculos, Deus designou particularmente um dia em sete para ser um sábado (descanso) santificado por ele; desde o princípio do mundo, até a ressurreição de Cristo, esse dia foi o último dia da semana; e desde a ressurreição de Cristo já foi mudado para o primeiro dia da semana, dia que na Escritura é chamado de domingo, ou Dia do Senhor, e que há de continuar até ao fim do mundo como o sábado cristão.

Este sábado é santificado ao Senhor quando os homens, tendo devidamente preparado os seus corações e de antemão ordenado os seus negócios ordinários, não só guardam, durante todo o dia, um santo descanso das suas próprias obras, palavras e pensamentos a respeito dos seus empregos seculares e das suas recreações, mas também ocupam todo o tempo em exercícios públicos e particulares de culto e nos deveres de necessidade e misericórdia.


6. O Quarto Mandamento Hoje – Qual o nosso conceito do domingo?

É necessário que tenhamos a convicção de que o chamado à adoração, o desejo de estar cultuando ao Senhor, e o descansar de nossas atividades diárias, por intermédio de um envolvimento com as atividades da igreja, encontra base e respaldo bíblico. É mais do que uma questão de costumes, do que uma posição opcional. É algo tão importante que faz parte da lei moral de Deus.

Normalmente nos perdemos em discussões inúteis sobre detalhes, procurando prescrever a outros uma postura de guarda do quarto mandamento conforme nossas convicções, ou falta delas. Assumimos uma atitude condenatória, procurando impor regras detalhadas e, muitas vezes, seguindo restrições da lei cerimonial, em vez do espírito da lei moral. Antes de nos perdermos no debate dos detalhes, estamos nos aprofundando no princípio? Temos a postura de tornar realmente o domingo um dia diferente, santificado, dedicado ao Senhor e à nossa restauração física?



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Apêndice: Qual o dia de descanso – sábado ou domingo?

Sempre que estudamos o quarto mandamento surge a pergunta: quem está certo? São os Adventistas, que indicam o sábado como o dia que ainda deveríamos estar observando, ou a teologia da Reforma, apresentada na Confissão de Fé de Westminster, e em outras confissões, que encontra aprovação bíblica e histórica para a guarda do domingo? Alguns pontos podem nos ajudar a esclarecer a questão:

1. Os pontos centrais de cumprimento ao quarto mandamento são: o descanso, a questão da separação de um dia para Deus, e a sistematização, ou repetibilidade desse dia. O dia, em si, é uma questão temporal, principalmente por que depois de tantas e sucessivas modificações no calendário é impossível qualquer seita ou religião afirmar categoricamente que estamos observando exatamente o sétimo dia. Nós usamos o calendário Gregoriano, feito no século 16. Os judeus atuais usam o calendário ortodoxo, estabelecido no terceiro século, e assim por diante.

2. Os principais eventos da era cristã ocorreram no domingo:

• Jesus ressuscitou (Jo 20.1)
• Jesus apareceu aos dez discípulos (Jo 20.19)
• Jesus apareceu aos onze discípulos (Jo 20.26)
• O Espírito Santo desceu no dia de pentecostes, que era um domingo (Lv 23.15, 16 – o dia imediato ao sábado), e nesse mesmo domingo o primeiro sermão sobre a morte e ressurreição de Cristo foi pregado por Pedro (At 2.14) com 3000 novos convertidos.
• Em Trôade os crentes se juntaram para adorar (At 20.7).
• Paulo instruiu aos crentes para trazerem as suas contribuições (1 Cr 16.2).
• Jesus apareceu e João, em Patmos (Ap 1.10).

3. Os escritos da igreja primitiva, desde a Epístola de Barnabé (ano 100 d.C.) até o historiador Eusébio (ano 324 d.C.) confirmam que a Igreja Cristã, inicialmente formada por Judeus e Gentios, guardavam conjuntamente o sábado e o domingo. Essa prática foi gradativamente mudando para a guarda específica do domingo, na medida em que se entendia que o domingo era dia de descanso apropriado, em substituição ao sábado. Semelhantemente, a circuncisão e o batismo foram conjuntamente inicialmente observados, existindo, depois, a preservação somente do batismo, na Igreja Cristã. O domingo não foi estabelecido pelo imperador Constantino, no 4º século, como afirmam os adventistas. Constantino apenas formalizou aquilo que já era a prática da igreja.

4. Cl 2.16-17 mostra que o aspecto do sétimo dia era uma sombra do que haveria de vir, não devendo ser ponto de julgamento de um cristão sobre outro.

Para um estudo mais detalhado do assunto, sugerimos o livro de J. K. VanBaalen, O Caos das Seitas.

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