segunda-feira, 31 de agosto de 2009

A CRISE LITÚRGICA DO EVANGELICALISMO BRASILEIRO‏


As igrejas evangélicas brasileiras estão passando por uma crise litúrgica. Digo isso, em razão da minha própria experiência pessoal ao viajar pelo país nos últimos anos atendendo a convites de pregação - em raríssimas ocasiões pude participar de um culto que julgasse estar à altura da beleza do evangelho que anunciamos e da majestade do Deus a quem adoramos.

O que está errado com a nossa liturgia?

1. Pastores mal preparados teológica e intelectualmente trazem para milhares de almas ávidas pela verdade mensagens carentes de conteúdo, desprovidas de originalidade e pobres de aplicabilidade. Um desperdício quase que sem paralelo na história do cristianismo - milhares e milhares de homens e mulheres que poderiam ter suas vidas transformadas para sempre pela pregação, perecendo sob púlpitos carentes de fogo (poder) e luz (teologia).

2. Músicos que falam mais do que o pregador, cantando canções de conteúdo fraco e melodia pobre.

3. Som excessivamente alto, acompanhado de falhas e ruídos insuportáveis.

4. Arquitetura feia, paredes descascadas, acústica péssima, iluminação de escritório (as terríveis lâmpadas fluorescentes) e muito calor. Nossos templos são um horror.

5. Muita dança, barulho, coreografia e pouca Bíblia.

6. Muita atividade humana e pouca presença divina. Nossos cultos estão carentes de transcendência.

7. Culto longos - com extensão de tempo somente aprazível em períodos de avivamento e grande graça de Deus na igreja - só que não estamos passando por nenhum pentescoste e grande parte do tempo é desperdiçada em avisos longos, piadas fora de hora e homenagens a gente que ameaça sair da igreja se não for tratada com deferência..

8. Impontualidade. Tanto quanto ao início da culto quanto ao encerramento.

9. Liturgia orientada sociologicamente (leis do mercado religioso), em vez de regulada teologicamente (Deus sendo adorado segundo a norma da sua Palavra). Os bodes são entretidos e as ovelhas são subalimentadas. Idolatria não é só adorar a um Deus falso, significa também adorar o Deus verdadeiro de modo oposto ao prescrito pela Escritura Sagrada.

10. Falta de lágrima. Não há espanto, senso de maravilha e batismo com o Espírito Santo. Em algumas igrejas, o formalismo que apaga o Espírito - o medo de avivamento e preocupação com respeitabilidade - em outras igrejas, a informalidade que melhor expressa a falta de temor de Deus do que intimidade com o Criador acompanhada de grande compreensão da liberdade que temos em Cristo.

Não sei como as pessoas voltam para as suas igrejas domingo após domingo. É um mistério. O crescimento da igreja no Brasil é algo que se dá sem relação com a qualidade das nossas igrejas. Tenho conhecido pessoas nesses últimos dias que não consigo imaginar participando da maioria dos cultos evangélicos do nosso país. Elas nos teriam como loucos.

O propósito desse artigo não é desencorajar, pois reforma e avivamento são sempre possíveis. Podemos retornar à verdadeira doutrina que regula o verdadeiro culto cristão (reforma). Podemos voltar à verdadeira vida cristã que pode resultar do derramamento do Espírito Santo sobre a vida de vários crentes ao mesmo tempo (avivamento) . Aí o culto vai ser longo e poderá até mesmo não ter hora para terminar - não porque ficamos friccionado as pedras do altar para produzirmos o fogo que é fruto da engenhosidade humana, mas porque algo veio de cima para baixo e tomou a todos, enchendo-os de alegria indizível e cheia de glória.

O espírito desse texto não é rancoroso. Quando falo de igreja que visitei, falo de gente que por me amar me convidou para pregar o evangelho. O que me traz pesar é ter que num culto em que participo, abstrair-me de tudo o que está acontecendo, fazendo minha liturgia pessoal, para não perder meu tempo em reuniões que não edificam. Fico atônito por saber que, muita gente que conheço, dificilmente não se sentiria intelectualmente desrespeitada caso visitasse a maioria das nossas igrejas, pois parece que, nós pastores, julgamos que quem participa de um culto evangélico só pode ser um idiota - caso contrário não trataríamos como tal quem visita a nossa igreja para encontrar resposta para os dramas da existência.

A reforma litúrgica das nossas igrejas é mais urgente, acima de tudo, por causa da beleza do evangelho que pregamos e majestade do Deus a quem cultuamos. Não podemos emitir nota dissonante em nossos cultos - por um lado afirmar que estamos ali para ouvir uma mensagem sublime e adorar um ser cuja imensidade não pode ser contida pelo céu dos céus, e, por outro lado, participarmos do culto como se estivéssemos reunidos para ouvir uma mensagem banal e adorar uma divindade qualquer do paganismo.

Por isso, a Palavra de Deus, através da pena do apóstolo Paulo, nos adverte: "Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação... tudo, porém, seja feito com decência e ordem" (I Co 14: 26, 40).

Antônio Carlos Costa

sábado, 15 de agosto de 2009

Você Estava Lá?Os Personagens na Sombra da Cruz


Você Estava Lá?

Ovelho hino faz a pergunta comovente: "Você estava lá quando crucificaram o meu Senhor?" Sim, você estava lá representado no rosto e no coração dos que lá estavam. As pessoas não mudaram. Temos as mesmas atitudes e os mesmos alvos dos que viveram há 2 mil anos.

Havia, na crucificação e nos acontecimentos que nela culminaram, todo tipo de gente. Examinando essas pessoas mais cuidadosamente e examinando suas histórias talvez venhamos descobrir algo a nosso próprio respeito. A maior pergunta é: "Que aconteceu com essas pessoas depois da morte de Cristo? Será que essa morte as fez estremecer? Será que eles vieram aprender mais a respeito daquele que tinha morrido pelo pecado delas? Será que se tornaram discípulos?

Lá estava Malco, o servo do sumo sacerdote, que tinha acompanhado os soldados quando foram prender a Jesus. Ele mesmo já teve uma experiência assustadora e quase perdeu a cabeça. Será que ele usou a orelha nova que Jesus lhe devolveu para ouvir a palavra de Deus? Será que submeteu a sua vontade à vontade daquele que se submeteu à multidão enfurecida?

Lá estava Caifás e o Sinédrio, a corte suprema judaica. Bem antes de mandarem prender Jesus, eles haviam decidido que ele era culpado e o condenaram à morte. Há várias pessoas assim hoje, as quais se decidem sem levar em conta todos os fatos. Depois, quando têm uma visão total dos fatos, ainda os rejeitam. Será que alguém das autoridades deixou para trás o que era "politicamente correto" e veio a valorizar aquele que tinha condenado.

Falando do que é politicamente correto, que dizer de Pilatos? Parece que ele queria fazer o que era certo, mas simplesmente não conseguiu encontrar a coragem interior para nadar contra a opinião do povo. Eis um homem que sabia que devia fazer o bem e não o fez. Isso fez dele um pecador, e ele tem muitos companheiros nos dias de hoje. Depois que Jesus morreu, como será que Pilatos passou a ver os seus atos? Será que a esposa dele foi atrás de seu sonho e procurou saber mais do homem a quem o seu marido havia condenado à morte?

Barrabás quase foi crucificado. Havia três cruzes no monte aquele dia. Será que Barrabás olhou para trás? Será que ele olhou para a terceira cruz e disse: "Para lá eu teria ido senão fosse a graça de Deus"? Ele se beneficiou fisicamente com a crucificação de Cristo, mas será que também teve benefícios espirituais? Tenho uma mente questionadora, e gostaria de saber. Jesus morreu por Barrabás, apesar deste ser pecador. O mesmo ocorreu com todos nós.

Simão, o cireneu, estava apenas se ocupando de seus negócios quando foi envolvido no negócio sórdido da crucificação. A morte de Cristo interrompeu o seu programa e mudou os seus planos para aquele dia. Era de esperar que transformasse a sua vida. É exatamente para isso que serve a morte de Cristo. Você jamais será o mesmo depois que entrar na presença do Salvador crucificado.

Havia mais pessoas presentes naquele dia fatídico, santos e pecadores sob a sombra da cruz. Os autores dos evangelhos dão-nos uma vaga idéia sobre os personagens que desempenharam um papel naquele terrível acontecimento. Leia esses relatos e chore. Aprenda sobre o Senhor que o amou e torne-se seu seguidor. Busque o perdão dos pecados que você cometeu e que fizeram o bendito Filho de Deus suportar a agonia terrível da crucificação.

Espero sinceramente que os artigos que se seguem o façam reconhecer a Cristo e ao seu dom de amor indizível com um novo entendimento.

-por Gary Ogden

Malco


Malco

Ele os viu chegar. Tochas em movimento, entre as árvores, à medida que a multidão avançava a seu encontro. O coração dele deve ter batido mais forte, e a adrenalina deve ter acelerado enquanto pensava: "É agora!" O inimigo havia chegado, orquestrado pelo antigo Grande Dragão. O seu tempo havia chegado.

Ele tomou à frente dos discípulos, todos confusos, ainda em estado de sonolência por dormir pouco e pelo muito estudo. Jesus, naquelas últimas horas, havia insistido com eles, tentando passar o ensino que lhes guiaria por toda a vida. Erguendo-se do chão que usaram de cama, eles depararam com uma multidão unificada formada de vários membros: soldados do templo, judeus livres, e escravos, todos enviados para pegar Jesus em flagrante, aproveitando a escuridão daquelas horas.

Quando ficou claro que Judas tinha vindo para trair a Jesus, entregando-o a seus inimigos, os discípulos começaram a se agitar. Eles pegaram as duas espadas para defender o seu Mestre. Duas espadas contra várias outras, mas estavam mostrando uma coragem que não voltariam a mostrar até no Pentecostes, dois meses depois (quando acusariam os seus irmãos de haverem crucificado o Filho de Deus). Pedro, como de costume, colocando o coração à frente da razão, partiu para o ataque. Ele manejou sua arma contra as fileiras diante dele, com a intenção de mutilar ou matar. Os homens se espalharam, fugindo de seu ataque impulsivo. Provavelmente os soldados desembainharam as espadas, as quais empunharam em defesa própria. Era inevitável que houvesse derramamento de sangue.

Um infeliz servo do sumo sacerdote foi um pouco lento para evitar a espada de Pedro. Ele moveu a cabeça para o lado, e o aço escorregou pelo seu rosto, cortando fora com perfeição a sua orelha direita.

Sua reação normal seria pôr a mão sobre a ferida em formato de concha, depois examinar a mão. O sangue jorrando em excesso certamente o fez cair de joelhos, vasculhando no escuro pelo chão a orelha perdida. Fico pensando se alguém disse alguma coisa enquanto ele soluçava, gritava e choramingava em dor e pânico.

Então o maravilhoso Jesus, sempre Senhor da situação, abaixou-se para tocar e emendar a orelha. Ele uniu novamente a orelha à cabeça; o sangramento se estancou, e o homem estava inteiro de novo.

Não posso entender por que Mateus (26:51-52) e Marcos (14:47) dedicaram tão poucos versículos a essa história fascinante e nem sequer mencionaram a cura. João (18:10-11) forneceu detalhes como o fato de que tinha sido Pedro quem atingiu, e Malco quem foi acertado. Mas ele, também, omite o milagre. Somente Lucas (22:47-51), o médico (que naturalmente se sentiria atraído por um milagre médico dessa natureza), nos conta acerca da cura.

Enquanto eu escrevia este artigo, um jovem, claramente acabado, entrou em meu escritório. Seu carro tinha se superaquecido, sua noiva havia desistido de casar e ele estava tentando ir para casa, em Atlanta. Pouco dinheiro, menos maturidade, nenhuma sorte. Normalmente, eu pensaria: "A culpa é sua; você plantou, agora você colhe". Mas essa história me deteve.

Malco era um homem que se achava na multidão errada, defendendo a causa errada, envolvendo-se com pessoas erradas. Ele merecia perder a cabeça, e não a orelha.

Mas Jesus lhe demonstrou compaixão. Compaixão que desejo ardentemente demonstrar para com os meus inimigos, e para com o estranho. Compaixão e perdão S duas características marcantes da vida de Jesus. Deus, ajuda-me a ser como ele.

Levei Chris a um mecânico e, espero que ele esteja de volta no caminho para casa. (Liguei para o mecânico e ele está.) Pode ser que ele me esqueça, mas espero que não se esqueça do Homem que compartilhou comigo um pouco de sua compaixão. Será que toda vez que Malco mexesse a orelha, se lembrava de Cristo?

-por Ralph Walker

Caifás


Caifás

Astuto, manipulador e sagaz são qualidades que poderiam ser aplicadas a Caifás, o sumo sacerdote que presidiu dois dos julgamentos de Jesus. Ainda que não fosse pelos relatos bíblicos, só o fato dos romanos o deixarem permanecer no cargo por mais tanto tempo (18 anos) já mostra que ele era um manipulador astucioso.

Mas é nas Escrituras que vemos sua habilidade em se manter no poder político. Após a ressurreição de Lázaro, ele tramou friamente a morte de Jesus. Ele tentou tranqüilizar a consciência de qualquer membro do Sinédrio que talvez não tivesse coragem de acusar a Jesus. Ele fez isso atribuindo motivos elevados a este ato perverso: "Convém que morra um só homem pelo povo e que não venha a perecer toda a nação" (João 11:50).

Quando ele, com a ajuda de Judas, conseguiu prender o Salvador, o propósito de cada passo seu foi para ver Jesus morto o mais rápido possível, sem nenhuma consideração para com a justiça ou a lei. Depois de Jesus se apresentar diante de Anás, sogro de Caifás e considerado por alguns judeus o verdadeiro sumo sacerdote, Caifás e o Sinédrio expuseram Jesus a dois julgamentos falsos.

No primeiro julgamento, Caifás cinicamente presidiu uma demonstração pública de perjúrios. Quando Jesus permaneceu calado sem se rebaixar ao nível de seus acusadores, Caifás impacientemente demandou uma resposta direta à pergunta de ser ele ou não o Filho de Deus. Ouvindo uma resposta afirmativa, de modo hipócrita rasgou suas vestes, fingindo estar chocado, e declarou: "Blasfemou! Que necessidade mais temos de testemunhas? Eis que ouvistes agora a blasfêmia!" (Mateus 26:65). Ele então assistiu, sem interferir, a uma multidão profana que cuspia em Jesus e o ridicularizava.

O ódio de Caifás pelo caminho de Deus não terminou com a morte de Jesus. Ele continuou ativo, perseguindo a Pedro e a João (Atos 4:6) e provavelmente era o sumo sacerdote mencionado em Atos 5:17-21, 27; 7:1 e em 9:1, o qual perseguia os cristãos com todo o vigor.

Para Caifás, a vida nada mais era que lucrar e preservar o seu bocado de poder insignificante.Mesmo com toda a sua manobra e trama, ele é uma personalidade absolutamente insignificante na História, a não ser por tratar infamemente Jesus e os cristãos. Sua obsessão por conservar-se no poder o tornava frio, indiferente e incapaz de ver que o Filho de Deus estava ali no seu meio.

A Atitude de Jesus para com Caifás

Jesus entendeu que ele e Caifás eram de dois reinos completamente diferentes e que seria impossível tratar com Caifás em seu próprio domínio mundano e político. Jesus não tentou organizar um protesto, incentivar um boicote ou usar algum tipo de poder político para criar problemas para Caifás. A missão de Jesus era convencer quem tivesse o coração aberto, não exercer pressão política nos que tivessem o coração empedernido. Assim, quando Jesus teve de tratar com Caifás, vemos apenas um silêncio cheio de dignidade em face da injustiça indizível e, por fim, uma resposta simples S "Tu o disseste" S à pergunta direta quanto a ser ele ou não o Filho de Deus. Qualquer outra abordagem de um homem mundano, superficial e de mente fechada teria sido inútil e degradante.

Os Caifases de Nossos Dias

Hoje em dia, os seguidores de Cristo têm às vezes de lidar com pessoas que acham que o objetivo de vida é conseguir e preservar a influência dominadora sobre algum "reino", que pode ser tão pequeno quanto uma congregação ou tão grande quanto uma nação inteira.

Os Caifases na política. O mundo cada vez mais se acha sob o controle de políticos que, à semelhança de Caifás, têm poucos princípios e cujo único objetivo é guardar o poder que conquistaram. Para alguns, o meio de conservar o poder político é defender (ou, pelo menos, não combater) práticas ímpias que são valorizadas por pessoas mundanas.

Como o cristão deve reagir diante desses políticos sem princípios? Muitos põem a confiança em boicotes, abaixo-assinados e chantagem política. Embora essas táticas possam nem sempre ser erradas, são realmente as táticas de Jesus?

Lembre-se: a missão de Cristo é transformar o coração dos que podem se abrir para a verdade, não forçar os duros de coração a fazer o que não querem. Não devemos nós, como cristãos, seguir o exemplo de Cristo quanto a isso?

Os Caifases na igreja. Infelizmente, o impulso do espírito de Caifás para ampliar e manter os "campos de influência" não é desconhecido entre o povo de Deus. Às vezes parece que alguns irmãos descartam todo senso de "jogar limpo", de dignidade e de amor na tentativa de ganhar batalhas e adquirir influência. Alguns, como Caifás, tentam atribuir motivos nobres a suas manobras astuciosas.

De que modo devemos lidar com esses Caifases modernos? Podemos ser tentados a nos rebaixar ao nível deles e "jogar com o mesmo trunfo" ou "mostrar a eles o que eles merecem". No entanto, quando está claro que alguns ficaram completamente insensíveis aos conceitos de justiça e de retidão, a melhor forma de lidar com eles muitas vezes será da forma em que o Senhor lidou com Caifás S com silêncio e dignidade. Eles pertencem a outro mundo, um mundo em que a grandeza é determinada não pela humildade e por servir, como Jesus ensinou, mas pela aquisição de um tipo quase político de influenciar as outras pessoas. Revidar indignadamente contra seus abusos pode ser tanto degradante, como inútil.

Que Deus nos ajude a imitar o seu Filho no trato com esses Caifases que infelizmente sempre estarão presentes ao longo da nossa viagem em direção ao céu.

-por Gardner Hall

Os Zombadores


Os Zombadores

Quando Jesus foi levado por mãos ilegais, crucificado e morto (Atos 2:23), estava sendo vítima de crueldades quase inimagináveis. Nas horas que conduziram à cruz, ele foi ridicularizado, cuspido, esbofeteado e açoitado. Além disso, viu as pessoas entre as quais ele havia tão amorosamente trabalhado e ministrado preferirem que um assassino fosse solto em seu lugar. Após horas de maltratos, ele foi pregado numa cruz e erguido como um espetáculo público, mas, como é muito comum hoje em dia, o apetite cruel daquelas pessoas ainda não foi satisfeito. O tormento continuou: "Os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Ó tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas! Salva-te a ti mesmo, se és Filho de Deus, e desce da cruz! De igual modo, os principais sacerdotes, com os escribas e anciãos, escarnecendo, diziam: Salvou os outros, a si mesmo não pode salvar-se. É rei de Israel! Desça da cruz, e creremos nele. Confiou em Deus; pois venha livrá-lo agora, se de fato lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus. E os mesmos impropérios lhe diziam também os ladrões que haviam sido crucificados com ele" (Mateus 27:39-44).

Por que zombaram de Jesus enquanto ele estava pendurado numa cruz? Por que não? Os zombadores viam um perdedor desnudo, um homem completamente despido de sua dignidade. Como não sentiriam desprezo por um pobre coitado que falava de ser rei, mas ficou sem defesa contra seus inimigos? Na mente deles, a cruz segurava um fracassado: um homem que viveu na pobreza e morreu sem que ninguém fosse defendê-lo. Embora as palavras deles fossem mais cruéis, elas foram produzidas pela mesma mentalidade, reinante em nossos dias, que levou Ted Turner S milionário, ganhador da Copa Americana de Iatismo, dono de clubes esportivos, diretor do tremendo império dos meios de comunicação, marido de uma estrela de cinema, segundo a revista Time, o homem do ano etc. S a proclamar que os cristãos eram "perdedores". Embora Turner tenha pedido desculpa posteriormente, ficou evidente que ele cria que qualquer pessoa que colocasse a fé e a esperança em Jesus e não nela mesma estava fadada a ser um perdedor.

Por que zombaram? Porque, segundo Paulo, consideravam Jesus do ponto de vista da carne (veja 2 Coríntios 5:16). Ignoravam o fato, o que era imperdoável, de que ele tinha o poder de evitar esta má condução da justiça (Mateus 26:53). Vivendo contentamente no pecado, eles eram por demais cegos para ver que as mãos e os pés dele foram cravados, e suas roupas lhe foram retiradas para cumprir as Escrituras (Salmo 22:16-18). Incapazes de ver que Jesus era o Servo Sofredor de Isaías 53, eles mesmos cumpriram as palavras proféticas de Davi em Salmo 22:7-8: "Todos os que me vêem zombam de mim; afrouxam os lábios e meneiam a cabeça: Confiou no Senhor! Livre-o ele; salve-o, pois nele tem prazer".

Aquela "geração perversa" zombou do Jesus crucificado porque ela havia perdido o significado de seus milagres, de seus ensinos e de sua vida, mas três dias depois o maior de todos os sinais foi dado (veja Mateus 12:38-40). Três dias após ser visto como um fraco e pobre perdedor, Jesus foi declarado o "Filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade pela ressurreição dos mortos" (Romanos 1:4). Os que zombaram de Cristo naquela época e os que zombam de seus seguidores hoje parecem estar certos de ridicularizá-los, mas a ressurreição de Jesus (atestada por muitas testemunhas; 1 Coríntios 15:1-8) mostrou que as aparências enganam. O "perdedor" do Calvário triunfou sobre a morte e nos assegura que podemos dizer junto com ele: "Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?" (1 Coríntios 15:55).

A zombaria dos homens de então não afastou Jesus de sua missão, nem impediu que fosse vitorioso. Recebendo a inspiração de nosso Senhor, é imprescindível que nós que o servimos hoje não permitamos que a zombaria da nossa fé nos impeça da nossa missão e assim nos tire a vitória. "Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão" (1 Coríntios 15:57-58).

-por John Gibson

Pilatos e Sua Mulher


Pilatos e Sua Mulher

O verdadeiro caráter de um homem se revela quando ardem ao seu redor as chamas da adversidade. Assim ocorreu com Pilatos. No término do ministério de Jesus, Pilatos desempenhava um papel-chave na crucificação do Filho de Deus. Pilatos fez o que era errado por causa da influência da multidão turbulenta.

Pilatos queria agir corretamente. Ele queria libertar Jesus. Diante dos acusadores de Jesus, Pilatos declarou sua convicção: "Não vejo neste homem crime algum" (Lucas 23:4). Pilatos tentou não menos de três vezes persuadir os judeus a libertar Jesus (Lucas 23:13-22). A princípio, ele sugeriu castigar Jesus e em seguida libertá-lo (Lucas 23:16). Depois ele lhes falou mais uma vez, desejando soltar Jesus (Lucas 23:20). Por fim, ele os desafiou pela terceira vez em resposta à exigência deles de que Jesus fosse crucificado. "Que mal fez este? De fato, nada achei contra ele para condená-lo à morte" (Lucas 23:22).

Não se trata de um equívoco por parte de Pilatos. O texto é claro: "Porque sabia que, por inveja, o tinham entregado" (Mateus 27:18). A esposa dele tocou mais ainda a sua consciência. Sentado na tribuna para julgar o caso, recebeu da esposa um recado. "Não te envolvas com esse justo; porque hoje, em sonho, muito sofri por seu respeito" (Mateus 27:19). Quantas vezes, pela graça de Deus, a consciência do homem é incentivada a agir justamente?

Às vezes temos a tendência de pensar que basta "saber o que é certo" ou "querer fazer o que é certo". Muitas pessoas amenizam a consciência turbulenta por meio de um estudo detalhado da Palavra e uma aceitação intelectual posterior para com a verdade, que é correta. Também muitas pessoas acham muito conforto em estar favoravelmente inclinadas a tudo o que consiste em bom comportamento. No entanto, o Senhor não estava à procura de pessoas que fossem apenas "simpatizantes da causa". Jesus queria discípulos que carregassem a cruz.

Pilatos fracassou como líder. Em vez de levar o povo a tomar a decisão certa em relação a Jesus, o povo é que o levou a tomar a decisão errada.

O jogo de passar o bastão começou no Éden, quando Adão tentou passar adiante a responsabilidade de seu pecado, acusando a esposa e envolvendo Deus na história (Gênesis 3:12). Pilatos, em vez de enfrentar corajosamente o desafio apresentado a ele logo que surgiu, fez uso de um oportuno pormenor jurídico. Aquele Jesus era galileu, e Herodes estava na cidade. Pilatos sem hesitar mandou Jesus para Herodes, na esperança, sem dúvida, de evitar qualquer prejuízo a si mesmo naquela questão.

Quando Herodes mandou Jesus de volta, Pilatos mostrou então a fraqueza de seu caráter ao recusar-se a declarar a sentença, baseada na própria convicção de que Jesus deveria ser liberto. Obviamente, várias pessoas queriam Jesus morto. Estavam dispostas a fazer muita arruaça e estavam prontas para arruinar a carreira política de Pilatos (João 19:12) se ele não quisesse cooperar com elas.

Nessa altura, o verdadeiro caráter de Pilatos começou a ser mostrado. Pilatos estava disposto a agir corretamente S desde que não lhe fosse custoso. Se os judeus concordassem, Pilatos estava perfeitamente inclinado a agir corretamente com Jesus. Mesmo que os judeus discordassem, mas deixassem o assunto por conta dele, Pilatos ia querer agir de forma justa. Mas, se fazer o correto significaria que os judeus iriam prejudicar Pilatos profissional ou politicamente, então Pilatos não estava mais disposto a fazer o que era certo. Pilatos fez o que acreditava ser o mais vantajoso para a sua carreira política.

De qualquer modo, não era difícil de perceber o que estava para acontecer. Pilatos começou cedo a evidenciar certas falhas de caráter. Pouco a pouco, ele começou a negociar algum tipo de compromisso. "Só me deixem espancá-lo e depois eu o solto." Por que concordar com o espancamento? Ele sabia que Jesus era inocente. Estava convencido da retidão de Jesus e da inveja dos judeus. Pilatos já estava sugerindo um meio-termo na sua trama sinistra. Aprendeu aqui uma lição. Os pequenos passos de transigência em direção ao pecado são seguidos por saltos gigantescos em direção à impiedade. O juiz disposto a prejudicar um inocente pode ser levado a cometer todo tipo de injustiça. Pilatos já havia mostrado a sua disposição de fazer o mal. Os judeus só precisavam convencê-lo a fazer o mal que eles queriam.

Pilatos se mostrou um fracassado infeliz, mesmo sabendo o que era certo e ainda que tivesse sido incentivado pela esposa a agir dessa forma. Que dizer do vizinho que estuda a Bíblia com você e aprende a verdade S mas se recusa a deixar a vida mundana que leva? E o marido que freqüentou os cultos na igreja com a esposa durante anos e foi incentivado por ela e pelos filhos a se converter S mas se recusa a ser batizado porque os pais dele não entenderiam? E o cristão que descuidadosamente se envolve de novo no pecado e foi encorajado por vários irmãos a se arrepender S mas se recusa por causa da dificuldade que é para ele essa mudança? E o cristão que sabe o que é certo, mas está mais preocupado com o que é politicamente correto do que com o que é genuinamente correto? Esse é o caminho de Pilatos.

Pilatos tomou a decisão politicamente correta. Com a consciência carregada com o peso do pecado, ele lavou as mãos na presença dos judeus, fingindo não ser responsável pelo que se passava ali. Sua carreira política estava preservada, sua reputação com o povo se manteve em alta. Ele era o herói por um momento. Mas vendeu a alma para sempre.

-por David Thomley

Herodes


Herodes

Após a menção do nome de Herodes, a pergunta que se deve imediatamente seguir é: "Qual deles?". A história dessa mal afamada família percorre todo o relato dos evangelhos e chega ao livro de Atos. A árvore genealógica resumida é como se segue:

Herodes, o Grande: Assassinou as crianças de Belém, numa tentativa de encontrar e matar o menino Jesus (Mateus 2:1-16).

Herodes Arquelau, Herodes Antipas, Herodes Filipe: Eram todos filhos de Herodes, o Grande. Arquelau assumiu o trono quando seu pai morreu. José foi avisado por Deus para evitá-lo e, assim, mudou-se com Maria e com Jesus para a Galiléia ao retornarem do Egito (Mateus 2:19-23). Arquelau foi mais tarde banido pelos romanos e substituído pelos supervisores que nomearam (depois de algum tempo foi Pilatos). Antipas e Filipe não receberam territórios menores (Lucas 3:1). Antipas era o "tetrarca" da Galiléia, e foi também o que tomou parte no julgamento de Jesus.

Herodes Agripa I, Herodes Agripa II: Neto e bisneto de Herodes, o Grande. Agripa I matou Tiago e aprisionou Pedro em algumas das primeiras perseguições contra a igreja. Ele foi ferido com vermes e morreu (Atos 12:1-23). Agripa II ouviu o apóstolo Paulo se defender e "quase foi persuadido" a se tornar cristão (Atos 25:13-26:32).

Sabemos um pouco de como Herodes (Antipas) era antes de participar do julgamento de Jesus. Sua perversidade era bem conhecida, e o próprio Senhor advertiu sobre sua influência imoral. ("Vede, guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes", Marcos 8:15.) Essa advertência se baseava, em parte, sem dúvida no modo em que Herodes se conduziu no caso de Herodias. Ela era esposa de Filipe, irmão de Antipas, mas este a seduziu e desposou (Marcos 6:17-18). João Batista o condenou quanto a isso e, por conseguinte, foi aprisionado. Herodias queria vê-lo morto, mas Herodes "temia a João, sabendo que era homem justo e santo". Mais tarde, porém, cercado de amigos, Herodes fez um juramento à filha de Herodias após ela o haver entretido com uma dança provocante. Como a mãe insistiu, a jovem pediu "num prato, a cabeça de João Batista" (Mateus 14:8). O orgulho de Herodes era muito grande e, em vez de recusar e passar pela vergonha diante dos amigos, ele ordenou a morte do inocente. Ações como essa lhe conseguiram uma reputação. Em algum momento, Jesus referiu-se a ele como "essa raposa" (Lucas 13:32).

A parte que Herodes teve no julgamento de Jesus resultou de um quadro de circunstâncias pouco comum. Herodes foi investido de autoridade somente sobre a Galiléia. A prisão e o julgamento de Jesus ocorreram em Jerusalém. Como, então, Herodes teve alguma participação? Aconteceu que Herodes estava de visita em Jerusalém no momento em que Jesus foi preso. Sua presença provavelmente foi uma estratégia política para permanecer nas boas graças dos judeus por meio da demonstração de respeito pela Páscoa deles. Pilatos, o procônsul da Judéia, estava com um problema. Ele sabia que Jesus era inocente e assim o afirmou ("Não vejo neste homem crime algum", Lucas 23:4). Mas, mesmo assim, precisava agradar os judeus. Quando soube que Jesus provinha da Galiléia, Pilatos viu uma possibilidade de escapar do dilema. Rapidamente enviou Jesus a Herodes, alegando que Jesus era da "jurisdição de Herodes" (Lucas 23:5-7). Lucas nos fornece o único relato do que aconteceu (Lucas 23:8-11).

A princípio, Herodes mostrou a alegria que sentia de, por fim, se encontrar com esse homem de quem tanto havia ouvido falar. Aliás, ele estava querendo ver Jesus há muito tempo e esperava testemunhar pessoalmente um milagre. Tinha muitas perguntas para Jesus, mas o Mestre não dava nenhuma resposta S nenhum "divertimento" para esse adúltero e assassino. E, assim, enquanto os judeus ouviam e continuavam o bombardeio de acusação infundadas, Herodes e seus soldados caçoavam de Jesus. Começaram a humilhá-lo, vestindo-o e enviando-o de volta a Pilatos. O desprezo de Herodes pelo Salvador era óbvio, mas ele não o podia condenar. Aparentemente, mandou dizer a Pilatos que ele, também, não achava em Jesus "nenhuma culpa" (Lucas 23:14-15). Nisso vemos algo da verdadeira natureza deste homem. Ele maltratou e humilhou alguém que era, segundo suas próprias palavras, inocente S tudo evidentemente numa tentativa de preserver uma boa posição política junto aos judeus. Certamente Jesus estava certo quando o chamou de "raposa".

Como devemos ver a participação de Herodes no processo que levou Jesus à morte? Os cristãos primitivos o consideravam uma peça principal de tudo o que ocorreu e o tinham por plenamente culpado. Para eles estavam juntos "Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel" no grupo que "se ajuntaram" contra Jesus (Atos 4:27). Será que ele alguma vez mudou? Ao que tudo indica, não. A História conta-nos que mais tarde ele foi banido pelo Imperador romano Calígula (sendo persuadido pelo próprio sobrinho de Herodes, Agripa I) e teve uma morte lamentável.

Herodes queria encontrar-se com Jesus. Ele tinha ouvido sobre as obras poderosas de Jesus e até esperava testemunhar um milagre. Mas, ao fim, considerava Jesus apenas uma curiosidade S um ninguém descartável para as ambições políticas dele. Desde então, quantos não se aproximaram do Senhor por curiosidade, para depois rejeitá-lo como Salvador em benefício de desejos próprios?

-por Greg Gwin

Barrabás


Barrabás

A Bíblia está repleta de lições de contrastes, desde a história de Davi e Golias, no Antigo Testamento, até a lição de Diótrefes e Demétrio, no Novo Testamento.

A história da crucificação de Jesus é talvez o exemplo mais dramático dos extremos que se acham na Bíblia. Em Mateus 21:8-11, Jesus entrou triunfalmente em Jerusalém com a multidão espalhando roupas pelo chão para Jesus passar com o jumento. Parece tão espontâneo e tão alegre. Os ramos eram arrancados para servir de tapete para o seu Rei. Ao saírem a seu encontro, "Bendito é o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas maiores altura!" (Lucas 19:37-38). Que recepção alegre! Jesus era glorificado (João 12:16). Esse era o seu momento ao sol, sua entrada triunfal, seu dia de glória. Em menos de uma semana, porém, a multidão foi incitada pelos sacerdotes para crucificarem o seu Senhor e Rei.

Hoje, ficamos frustrados quando aqueles que tentamos ensinar acham-se presos pelas tradições de seus pais. O povo de Jerusalém também se deixou levar pela tradição; deu ouvidos aos sacerdotes. Da mesma forma, hoje em dia muitas multidões se deixam levar por uma celebridade como o Billy Graham ou por um fanático interesseiro como David Koresh. A natureza humana continua a mesma que naquele dia terrível, no qual a multidão frenética virou contra Jesus e gritava: "Crucifica-o!".

Vemos em Pilatos essa mesma oscilação de emoções e essa mesma conduta extremada. Ele queria soltar Jesus (Lucas 23:20). Pilatos até teve o impulso emocional da esposa, que reconheceu que Jesus era justo e disse ao marido que não se envolvesse naquilo. Depois Pilatos perguntou à multidão: "Que mal este fez?" (Lucas 23:22). Aqui, Pilatos começa afirmando que Jesus é inocente e acaba concedendo a sentença de morte que a multidão exigiu. A pressão da multidão, até mesmo o desejo de agradá-la, levaram Pilatos a entregar o nosso precioso Senhor. Quantas vezes oscilamos entre o nosso desejo de servir a Deus e o desejo de agradar as pessoas ou ser aceito por elas?

É claro que Barrabás apresenta o maior contraste. Embora na verdade se escreva pouco sobre ele, os escritores nos deram informações suficientes para pintarmos um quadro bem vívido em nossas mentes desse homem horrendo. Barrabás tinha um bom nome. "Aba", na época de Jesus, era provavelmente um título de honra, significando "filho do mestre ou do professor" ou "filho de um rabi". No entanto, Barrabás não fazia justiça a esse nome. Ele foi o criminoso escolhido pela multidão de Jerusalém para ser solto ao invés de Jesus Cristo. Era costume libertar um prisioneiro na Festa da Páscoa. Mateus o chama de um "preso muito conhecido". Marcos diz que ele foi "preso com amotinadores, os quais em um tumulto haviam cometido homicídio". Lucas afirma que ele foi lançado na prisão "por causa de uma sedição na cidade e também por homicídio". João o chama "salteador". Não há mais pormenores, e qualquer outra dedução seria mera suposição. O que sabemos de fato é que Barrabás era um perturbador da ordem pública, vil, de má fama, ladrão e assassino. É simplesmente ridículo ser oferecido em comparação com o Filho do Altíssimo. Retratar o nosso Senhor ao lado desse homem vil e depois ser trocado por ele é uma cena tão ultrajante que nos faz estremecer. O único denominador comum entre Barrabás e Jesus é que Jesus morreu para levar algo que não era seu S os nossos pecados; Barrabás viveu levando algo que não era seu, e devia morrer.

O contraste final é hipotético. Não é possível deixar de imaginar o que houve com Barrabás. Eis um homem diante da morte certa, sem dúvida imaginando o que seria morrer na cruz. Sua única esperança, que se achava por um fio, era escapar e levar a vida como um fugitivo. Nem em seus melhores sonhos ele imaginava ser perdoado, sobretudo em troca de alguém como Cristo. Então, quando ocorreu o inimaginável, que foi que ele fez? Será que ele decidiu dedicar a vida a Deus porque tinha recebido a liberdade? Será que ele se arrependeu e fez boas obras o resto da vida, tentando ser digno de seu bom nome, ou será que voltou à vida de crimes e degradação? Infelizmente, a maior parte das pessoas hoje não valorizam o dom que Cristo lhes deu. Elas escolhem ou rejeitá-lo ou aceitá-lo, mas jamais dedicam a vida verdadeiramente a ele.

Permanece o fato de que Jesus, um homem de elevada nobreza, foi trocado por Barrabás, um homem de má fama. O bem versus o mal S o maior contraste. Que você fará com Jesus?

"Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus" (Mateus 5:16).

-por H. Brownlee Reaves

Simão, o Cireneu


Simão, o Cireneu

Ele estava no lugar errado e na hora errada. Enquanto Jesus fazia o seu árduo percurso do Pretório até o Gólgota, os soldados romanos obrigaram Simão a trabalhar. Tudo o que se sabe desse homem acha-se na combinação dos relatos de Mateus, Marcos e Lucas: "E, como o conduzissem, constrangendo um cireneu, chamado, Simão, pai de Alexandrre e Rufo, que vinha do campo, para que carregassem-lhe a cruz". É tudo o que temos.

Cirene ficava na costa da África do Norte e tinha sido fundada como uma colônia grega por volta de 600 anos antes. Nessa comunidade grega, mais tarde entregue à posse dos romanos, foi acolhida uma grande comunidade de judeus. A população judaica dessa província romana era tão significativa, que Jerusalém tinha o orgulho de ter uma "Sinagoga dos Libertos" para os visitantes de Cirene e para outros estados livres (Atos 6:9).

Ao que tudo indica, Simão encontrava-se em Jerusalém em razão da Páscoa. É Marcos quem registra que Simão foi escolhido por acaso: "Que passava, vindo do campo". Nada em nenhum dos evangelhos leva a crer que ele tenha tido alguma participação na trama para destruir Jesus. Parece que se tratava de um espectador inocente. Que deve ter pensado quando foi tomado no horror de uma crucificação? Embora ele não tivesse tocado um homem morto, seria considerado impuro e incapaz de participar da festa? E por que ele tinha sido escolhido em meio à multidão; será que um cidadão romano deveria ser forçado a executar uma tarefa tão repulsiva assim? E, afinal de contas, quem era esse Jesus de Nazaré? Que crime hediondo tinha levado a uma morte tão abominável?

Especulações não faltaram acerca da identidade de Simão e acerca de seu futuro. Houve quem tentasse ligar o seu nome a outras personagens do Novo Testamento. Na verdade, é bem possível que ele seja mencionado como o pai de Alexandre e de Rufo porque eles eram bem conhecidos dos cristãos primitivos, mas mesmo assim isso não nos informa quem eles eram. Simão, de Cirene, passa brevemente pelo palco das Escrituras, depois desaparece de novo na obscuridade. Mas uma coisa é certa: Simão se viu face a face com o Salvador crucificado, assim como todos nós devemos.

Embora possamos considerar Simão um espectador inocente preso pelas circuntâncias, será que o homem pode de fato ser considerado inocente? Simão foi testemunha ocular do que devemos testemunhar pela fé: "O Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 1:29). Só podemos ficar nos perguntando se ele jamais veio a perceber a importância daquele momento.

É difícil crer que Simão nunca tenha ouvido sobre Jesus. Embora ele vivesse num país estrangeiro, toda Jerusalém havia estado agitada com as notícias do carpinteiro de Nazaré. O trabalho do Messias não tinha ocorrido dentro de um armário. Ele tinha entrado na cidade em meio ao grande alvoroço por parte do povo; ele havia expulsado do templo os comerciantes; ele continuou a curar os enfermos; regularmente rebateu os fariseus e escribas; e tinha ressuscitado Lázaro do túmulo. A nação de Israel podia estar dividida quanto à identidade dele, mas tinham de reconhecer a sua presença.

O que Simão pensou quando percebeu a cruz de quem estava carregando? Que opinião ele tinha formado acerca desse profeta e pregador itinerante? Será que Simão estava de acordo com os fariseus, ou teria pranteado junto com o povo comum? Jamais saberemos. O que importa, entretanto, é como Simão reagiu após o Calvário.

Antes da crucificação, Simão era apenas como todos nós. "Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Romanos 3:23). Era um pecador, perdido e condenado, incapaz de expiar os próprios pecados. É exatamente a condição em que estamos hoje. Mas, após a cruz, as coisas mudaram para sempre! Agora, por meio da graça de Deus, manifesta no sangue de Cristo, podemos ser limpos do pecado e reconciliados com Deus (2 Coríntios 5:17-21). Simão não mais teria de rolar no mau cheiro e na lama do pecado; ele podia ser enterrado com Cristo e andar "em novidade de vida" (Romanos 6:4).

Cada um de nós, à semelhança de Simão, toma o nosso lugar como uma figura obscura na vastidão da história. Como reagiremos diante da cruz? Será que acreditaremos que Jesus morreu por outra pessoa, ou nos lançaremos na misericórdia de Deus, reconhecendo o Filho como a nossa única esperança? E, como Simão, estaremos dispostos a carregar a cruz de Jesus? Faremos hoje o que ele foi obrigado a fazer S carregar a vergonha e o opróbrio dos homens pela causa de Cristo?

-por Steve Dewhirst

Os Ladrões nas Cruzes


Os Ladrões nas Cruzes
(Mateus 27:38-44; Marcos 15:27-28,32; Lucas 23:32,39-43)

Muitos falam, especulam, argumentam e escrevem sobre o ladrão da cruz, como se houvesse um só ladrão crucificado ao lado de Jesus. As Escrituras, no entanto, claramente afirmam sem sombra de dúvida: "Com ele crucificaram dois ladrões, um à sua direita, e outro à sua esquerda" (Marcos 15:27). Os ladrões sobre as cruzes estavam posicionados como ninguém, embora não merecessem ser invejados, para contemplar a crucificação de Cristo no meio deles. Aquela cena terrível já se deu há muito tempo, mas em certo sentido ainda podemos contemplá-la, como aconteceu com os gálatas: "Ante cujos olhos foi Jesus Cristo exposto como crucificado" (Gálatas 3:1). Isso foi possível mediante a pregação eficaz da cruz de Cristo, e tem hoje o mesmo poder para aqueles que "têm olhos para ver".

Os dois ladrões eram o extremo oposto em caráter daquele que se achava no meio deles. Eles eram "ladrões"; roubavam as pessoas para enriquecer; ao passo que Jesus "se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos" (2 Coríntios 8:9). Eles eram "malfeitores"; ao passo que ele "andou por toda parte, fazendo o bem" (Atos 10:38), completamente inocente. Eles eram "transgressores" (literalmente, fora-da-lei), sem se preocuparem com a lei dos homens ou de Deus; ao passo que só Jesus guardava a lei de Deus à risca e mostrava consistentemente em sua vida e em seu ensino o respeito por toda lei devidamente constituída. O contraste entre o caráter dos ladrões e o de Cristo era evidente mesmo nas cruzes, quando "os que com ele foram crucificados o insultavam"; ao passo que ele "quando ultrajado, não revidava com ultraje" (1 Pedro 2:23).

Desviando um pouco a atenção dos ladrões, devemo-nos perguntar em quanto o nosso caráter deixa de atingir o caráter daquele que era "santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores" (Hebreus 7:26). O auto-exame pode mostrar que somos, em alguns aspectos, mais como os ladrões do que gostaríamos de imaginar. Os ladrões cumpriram sem querer a profecia a respeito de Cristo. "E cumpriu-se a Escritura que diz: Com malfeitores foi contado." Que essa profecia de Isaías 53 encaixa-se à cena da crucificação fica claro em Lucas 22:37, em que Jesus disse, na noite anterior: "Importa que se cumpra em mim o que está esrito: Ele foi contado com os malfeitores". Assim, os ladrões involuntariamente contribuíram com mais uma prova profética de que Jesus é de fato o Cristo. O fato de Jesus ser "contado com os malfeitores" não fez dele um transgressor. Em vida, ele era conhecido como "amigo dos pecadores", considerado um deles, mas não participou de seus pecados nem desculpou de jeito algum o pecado deles. No entanto, ele morreu como se fosse pecador, ou transgressor, por causa de nossos pecados. Como afirma Paulo, "Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós" (2 Coríntios 5:21). Como também disse Isaías: "Foi cortado da terra dos viventes; por causa da transgressão do meu povo" (Isaías 53:8).

Os ladrões se mostraram diferentes no fim. "Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele dizendo: Não és tu o Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também. Respondendo-lhe, porém, o outro, repreendeu-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este nenhum mal fez. E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Lucas 23:39-43). Um dos ladrões permanece impenitente na presença da cruz de Cristo, insultando o Salvador, sem ouvir a repreensão e os apelos do companheiro que também ia morrer. O outro é tocado e tem o coração aquebrantado, repreendendo o companheiro, reconhecendo-se culpado, declarando a inocência de Cristo e suplicando para que o Senhor se lembrasse dele após a morte. Em nossa resposta à pregação da cruz de Cristo hoje, podemos ou ficar empedernidos por aquela terrível cena como um dos ladrões, ou ser tocados como o outro.

A resposta de esperança após a morte, que o Senhor deu ao ladrão, tem sido muitas vezes mal usada para dar a falsa esperança aos que desejam passar pela morte sem obedecer à condição do Novo Testamento do batismo "para a remissão de pecados" (Atos 2:38). Esse mal uso comum toma como pressuposto que o ladrão penitente não foi batizado com o batismo de João e desconsidera o fato de que ele viveu e morreu sob a velha lei e não sob a nova. Cristo, com sua morte na cruz, encerrou o Antigo Testamento e ratificou o Novo Testamento, no qual ele nos apresenta a esperança do céu para nós hoje (Colossenses 2:14; Hebreus 9:15-18). Se quisermos "estar sempre com o Senhor" no "paraíso celeste de Deus", devemos, como crentes penitentes, ser "batizados em Cristo" (Gálatas 3:27), habitar nele e morrer nele (1 Tessalonicenses 4:16-17).

-por Hugh W. Davis

As Mulheres


As Mulheres

Nós, pregadores, tentamos impressionar tanto os nossos ouvintes com verdades transformadoras, que às vezes exageramos. Acho que isso ocorre quando dizemos que Jesus morreu sozinho na cruz. Sim, ele foi abandonado por aqueles judeus materialistas, inconstantes, por seus apóstolos e até mesmo pelo Pai, quando tomou sobre si as nossas iniqüidades, mas Jesus não estava completamente só.

Na cena comovente da cruz, vemos as mulheres fiéis na vida de Jesus. Na verdade, três dos evangelhos contam que essas mulheres se achavam à distância, contemplando o que se passava na cruz; mas João 19:25 diz que elas se encontravam próximas à cruz.

Essas mulheres galiléias eram caras amigas de Jesus. Elas o ajudavam como podiam (Lucas 8:3; Marcos 15:41). A compaixão, o amor e a dedicação delas por Jesus em seu ministério e agora em sua morte devem ter incentivado muito a Jesus em meio à crueldade, ao ridículo e à descrença. Salomé, mãe de Tiago e de João, encontrava-se na cruz. Se tivéssemos estado lá, poderíamos ter abandonado Jesus por causa do amargor e do ressentimento. Em Mateus 20:20, ela pediu que Jesus desse lugares de destaque aos filhos dela no reino. Jesus ensinou a ela e a seus filhos como estavam errados em sua ambição.

Salomé S a mulher que Jesus recusou; ainda assim, lá estava, na cruz S sempre dedicada a Jesus, mesmo sem conseguir o que queria. Muitos desistem de Jesus quando não vêem preenchidos os seus desejos, mas Salomé nos ensina a confiar no Salvador apesar da decepção que possamos sentir.

Maria Madalena estava lá. Ela já tinha conhecido a desgraça de ser possuída por sete demônios, mas, depois que Jesus os expulsou, Maria era uma nova mulher. O amor dele a havia resgatado, e o amor constante dela por ele jamais se esvaneceu. Mesmo na cruz, quando as pessoas diziam que ele tinha fracassado e era um blasfemador, ela continuou a amá-lo, segundo mostra o seu retorno ao túmulo no dia em que Jesus ressuscitou dos mortos. Não é maravilhoso que a primeira a ver o Cristo ressuscitado tenha sido essa discípula dedicada? Da mesma forma, se permanecermos fiéis ao Senhor, o veremos em toda a sua glória (2 Tessalonicenses 1:10).

Depois vem Maria, sua mãe. Situada sob a cruz, é possível que ela tenha pensado naquele dia em que se achava no templo, uma mãe ainda jovem. Ela e José estavam levando o menininho para ser apresentado ao Senhor. Um velho saiu da multidão e profetizou que aquele recém-nascido seria um Líder de homens, um Rei das nações. Depois disse a Maria diretamente: "Também uma espada traspassará a tua própria alma". Na cruz, cumpriu-se a profecia.

A espada feriu a alma dela quando pensou nas três últimas décadas que se haviam passado. Ela tinha sido a primeira a dar um beijo terno em sua testa, mas agora essa testa estava coroada de espinhos. Ela tinha segurado as mãozinhas quando ele deu os primeiros passinhos, mas agora essas mãos estavam pregadas numa cruz. Ela tinha guiado aqueles pezinhos no caminho correto, mas agora estavam cravados num madeiro.

Ela deve ter lembrado como ele deixou perplexos os mestres de Jerusalém com o seu conhecimento, e deve ter recordado quando ele lhe disse: "Me cumpria estar na casa de meu Pai" (Lucas 2:49). Ali começava a separação. (Pais, como essa separação dói, não é?) Maria sabia que tudo seria diferente no futuro. Nem sempre entendia, mas guardava a informação no coração e a considerava. Na cruz, o quebra-cabeça começa a fazer sentido e lhe traspassou a sua alma.

Jesus foi crucificado abertamente, diante de todos e de modo vergonhoso. E ali ficou Maria, sentindo a espada atravessar-lhe a alma. Ela viu Jesus lutar para conseguir fôlego, e depois não mais respirou. Se pudéssemos entrar no coração desta mãe e visualizar essa cena no Calvário, sobretudo esses momentos finais, o sacrifício de Jesus seria mais real para nós.

Impressiona-me o fato de Maria permanecer calada. Se havia alguém que soubesse realmente a verdade, teria sido a mãe. O silêncio dela é um testemunho eloqüente de que Jesus é Deus, o Filho que veio em forma humana. Ela permaneceu diante da cruz sem se envergonhar e o amou até o fim. Como foi triste o momento em que Jesus provê um filho para Maria! Mas Maria e João se completavam, porque na morte de Jesus estavam perdendo mais que os outros. Maria perdia um filho, e João perdia seu Mestre, que o amava mais que aos restantes. Nem Maria nem João o teriam de novo da forma em que uma vez o haviam conhecido, num relacionamento terno e amoroso. Jesus entendia o seu amor mútuo por ele e, ao morrer, entregou um ao outro.

Jamais subestimemos a importância dessas mulheres. Outros fugiram, mas essas discípulas dedicadas arriscaram tudo para consolar a Jesus em sua angústia. Não teria sido fácil presenciar a agonia, a vergonha e a indignidade de sua morte. Ficaram firmes lá, no entanto. Uma coisa é ficar ao lado de Jesus em seus momentos de alegria e de vitória, no dia de seu poder, quando curou enfermidades, expulsou demônios e ressuscitou mortos. Porém, outra coisa é ficar a seu lado na cruz, quando o céu parecia fechado para os seus clamores e o diabo parecia tão vitorioso. Mas essas mulheres se mantiveram inabaláveis. Nada podia vencer o amor e a compaixão que sentiam pelo Salvador. Que sempre sejamos tão dedicados e firmes em nosso compromisso para com o Senhor quanto o foram essas mulheres.

-por Barry Hudson

O Centurião e os Guardas


O Centurião e os Guardas

Ibis ad crucem." "Irás para a cruz." Com esse decreto selou-se o destino físico do Senhor. Ele, como milhares, antes e depois dele, dirigia-se ao "lugar da caveira", escoltado por um quaterno, um grupo de quatro soldados romanos. À medida que as coisas foram acontecendo no Calvário, podiam-se ver duas outras cenas completamente opostas: os guardas lançando sorte de um lado e o centurião se confessando, do outro. Segundo a tradição, os guardas ficavam com os pertences do condenado. Esperaria-se poucos bens de alguém que dizia: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça" (Lucas 9:58). Dinheiro, nenhum. Jóia nenhuma. Não fazia mal. Aqueles soldados apostarão com alegria sobre qualquer coisa de valor que esse Rei possa ter (João 19:23-24). Como Caifás, antes deles, eles eram personagens inconscientes na concretização da profecia (João 11:49-52). Como milhares após eles, eles mostravam uma visão triste e sinistra da religião.

Simplesmente, para os guardas, o Salvador era uma fonte. Seus discípulos são muitos S vendo o Salvador (e a religião em geral) como algum tipo de máquina divina movida a fichas. O cristianismo se reduziu a um caso de egoísmo e interesse pessoal. O Salão Social me alimentará. O Centro de Apoio à Família me exercitará. O Culto me entreterá. Os grupos de Apoio e Recuperação me curarão. O Serviço de Aconselhamento me dará incentivo. E ninguém me rejeitará.

"O que eu ganho com isso?" virou o lema da época. Muito do sistema religioso de nossos dias parece estar edificado sobre a crença de que somos felizes de ser cristãos porque Deus nos abençoa materialmente. Não estamos tratando o amor de Deus e o sangue de Cristo como artigos de pouco valor quando brincamos com jogos ao pé da cruz? "Se você me ama, Senhor, eu quero um carro novo. Um emprego melhor. Uma família feliz. Uma saúde perfeita. Um salário maior. Umas férias tranqüilas. Pode ser qualquer dos itens acima ou todos eles em conjunto."

E o Salvador deve chorar.

Como puderam S como podemos S esquecer daquilo que Paulo classificou como da maior importância "que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras" (1 Coríntios 15:3)? Como puderam S como podemos S estar tão próximos do sangue redentor, santificador e purificador (Efésios 1:7; Hebreus 13:12; 1 João1:7) e estar preocupados com nossos interesses pessoais?

Que nunca possa ser afirmado a nosso respeito, como um autor disse acerca desses lançadores de sorte: "Tão próximos do madeiro, mas tão distantes do sangue. Tão perto da cruz, mas tão longe de Cristo".

A Confissão do Centurião

Num dia normal, ele estaria dando ordens a cem dos mais excelentes guerreiros romanos, não supervisionando um esquadrão de morte composto de quatro homens. Mas esse dia não é como os demais. Era impossível chegar ao cargo de centurião sem ficar familiarizado com a morte. Com certeza ele tinha visto homens morrer. Tinha ouvido o desespero deles quando a dor sobrepujou a coragem. Ele tinha-os ouvido amaldiçoar os soldados que os crucificaram, o pai e mãe, o dia em que nasceram. E os tinha ouvido amaldiçoar a Deus. Mas esse dia ele ouviu o Filho de Deus.

Ele ouviu o Salvador oferecer perdão à multidão e esperança a um ladrão. Ele o ouviu tomando providências para que sua mãe não ficasse desamparada. Ele ouviu o brado de vitória e a oração de fé no Pai. E diga o que disser sobre o centurião, nada daquilo que presenciou foi perdido.

Será que o centurião tinha visto Jesus ressuscitar mortos, andar sobre as águas ou dar vista aos cegos? Não sei. Mas viu Jesus morrer. Ele ouviu o grito de vitória, sentiu o chão tremer e ficou espantado com a negridão que havia tomado o lugar do sol do meio-dia. Para o centurião, a prova era absoluta, e a conclusão óbvia: "Verdadeiramente, este homem era o Filho de Deus" (Marcos 15:39).

A promessa de Jesus já estava sendo cumprida: "E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo" (João 12:32). De todas as coisas do mundo de Deus, é a cruz que não pode ser menosprezada. É a cruz que desmascara a perversidade do pecado, a natureza hedionda de nossos crimes contra Deus. É na cruz que Deus se "fez pecado por nós" e na cruz que ele carregou "em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados" (2 Coríntios 5:21; 1 Pedro 2:24). É na cruz que vemos o grau de amor que Deus tem pela humanidade (Romanos 5:8). Até mesmo por um velho centurião encrostado. E até por você e por mim. Como podemos nos distanciar da cruz? Como podemos aproximar-nos da cruz por interesse pessoal? Como podemos deixar de confessar junto com o centurião: "Verdadeiramente, este homem é o Filho de Deus!"?

Mas talvez a verdadeira questão é: o que o centurião fez com a sua nova fé? Será que simplesmente voltou para o quartel-general e registrou os acontecimentos daquele dia em meio a uma carreira cheia de lembranças? Ou será que sete semanas depois seria encontrado em meio à multidão, ouvindo um sermão comovente que convocava ao arrependimento, mais uma vez confessando a sua fé S e agora fazendo aquela confissão anterior ao batismo para a salvação? Espero que sim. E espero que você faça o mesmo.

-por Don Truex

José de Arimatéia e Nicodemos


José de Arimatéia e Nicodemos

Há pessoas neste mundo confiáveis e úteis enquanto as circunstâncias forem boas, mas, diante dos problemas, parecem tropeçar. Há outras de cujos problemas e perigo parecem brotar o que têm de melhor. Tais pessoas, nessas circunstâncias, mostram-se à altura da situação, demonstrando a coragem que não se tinha visto nelas até então. José de Arimatéia e Nicodemos se enquadram neste último grupo.

O problema era simples: quem enterraria Jesus? Não, não apenas quem o enterraria, mas quem lhe faria o sepultamento respeitável e compassivo de que merecia? Quem cuidaria para que o corpo de Jesus não fosse colocado num sepulcro comum, mas que Jesus estivesse "com o rico . . . na sua morte", como foi profetizado por Isaías (53:9)? Quem colocaria o seu corpo em "um sepulcro novo, no qual ninguém tinha sido ainda posto"? (João 19:41).

A resposta haveria de vir de uma fonte surpreendente. Não seriam os apóstolos, pois a maioria deles estava se escondendo de medo dos judeus (João 20:19). Não seriam as mulheres que o seguiram fielmente, pois não tinham recursos para isso. Seria José de Arimatéia.

José S homem rico e membro proeminente do mesmo conselho que tinha condenado Jesus. José tinha muitas qualidades admiráveis. Ele era um homem justo e bom que esperava o reino de Deus. Ele se destacou entre os seus companheiros para crer em Jesus. Ele não permitiu que nomes como "blasfemo", "samaritano", "enganador" e "poder de Belzebu" o dispusessem contra Jesus. Quando o conselho havia condenado a Jesus, entregando-o a Pilatos para a sentença de morte, José "não tinha concordado com o desígnio e ação" (Lucas 23:51). Havia algo em José, entretanto, que não era bom. Até a época da morte de Jesus, ele tinha sido um discípulo de Jesus, "ocultamente pelo receio que tinha dos judeus" (João 19:38). Ninguém jamais deve se envergonhar de Jesus, independente das circunstâncias. Mas a morte de Jesus e a necessidade de ter um enterro decente trouxeram à tona o melhor de José. "Dirigiu-se resolutamente a Pilatos e pediu o corpo de Jesus", diz Marcos (15:43). McGarvey fala acerca do ato de coragem de José: "É estranho que aqueles que não tinham medo de ser discípulos tiveram medo de pedir o corpo do Senhor, mas aquele que teve medo de ser discípulo não temeu fazê-lo" (The Fourfold Gospel, p. 735). É bem possível que José, como Ester, tinha sido elevado ao cargo "para conjuntura como esta" (Ester 4:14).

Nicodemos S chefe dos judeus, fariseu, também membro do conselho. João, em seu relato, teve o cuidado de identificar o Nicodemos que ajudou no enterro de Jesus com o mesmo Nicodemos que antes veio a Jesus "de noite". Nicodemos, como José, tinha muitas qualidades excelentes. Ele tinha estado disposto a ouvir pessoalmente sem depender do que os outros diziam a seu respeito. Ele tinha reconhecido a legitimidade do ensino e do poder de Jesus: "Sabemos que és Mestre vindo da parte de Deus" (João 3:2). Certa vez ele tinha questionado o conselho sobre a indisposição de ouvir Jesus com justiça (João 7:45-52). Nicodemos, porém, como José, não havia confessado abertamente a fé em Cristo. Na morte de Cristo, entretanto, corajosamente uniu-se a José no enterro, Nicodemos fornecendo o ungüento, e José, o túmulo.

Este artigo não pretende depor contra os apóstolos. A coragem, a fé, a lealdade e a dedicação deles tinham superado vários testes. Mas José de Arimatéia e Nicodemos foram aqueles que deram um passo a frente no momento em que os apóstolos falharam. Eles nos são uma inspiração. Os atos deles falam de coragem nas mais difíceis circunstâncias, de ficar de pé e ser útil no momento em que todos estão fraquejando, de mostrar admiração por outra pessoa bem no momento em que ela mais precisa de nós.

Será que José e Nicodemos alguma vez chegaram a professar a fé em Cristo abertamente e se submeter completamente à sua vontade? Não sabemos, mas gostaríamos de pensar que sim. Em caso negativo, a coragem deles nessa única ocasião não será suficiente para a salvação eterna, mas podemos ser gratos por esses dois homens que prestaram um maravilhoso serviço ao nosso Senhor, quando mais ninguém estava disposto a fazê-lo.

-por Bill Hall

Vida de Sansão - decadência de um homem de Deus


Sansão Viu Uma Mulher

Logo depois da conquista da terra prometida sob a liderança de Josué, o povo de Israel abandonou o Senhor e começou a adorar os baalins e a Astarote. Por isso, Deus entregou os israelitas nas mãos de Cusã-Risataim, o rei da Mesopotâmia, que oprimiu a nação durante oito anos. Daí quando os israelitas clamaram ao Senhor, ele levantou Otniel para libertá-los. Este ciclo (de infidelidade, opressão, oração e salvação) se repetiu múltiplas vezes no livro de Juízes. Pelo final do livro uns doze juízes tinham-se levantado para salvar o povo das mãos das nações opressoras. Nestes ciclos o povo de Israel piorou cada vez mais (2:19, todas as citações neste artigo que não mencionam o livro são de Juízes), e a qualidade dos juízes refletiu a postura do povo.

Assim, o último juiz do livro, Sansão, foi o pior de todos. Ele tinha tudo para ter êxito. Antes do nascimento dele, o Anjo do Senhor apareceu aos pais para exortar sua mãe a que se consagrasse ao Senhor e que o filho fosse dedicado ao Senhor como nazireu pela vida inteira. Quando ele cresceu, o Espírito do Senhor entrou nele e agiu nele. Sansão ganhou pela vontade do Senhor força sobrenatural e conseguiu fazer coisas inconcebíveis. Não houve nenhum motivo para que ele falhasse.

O problema chave na vida de Sansão se resume na primeira sentença que descreve a vida dele: "Desceu Sansão a Timna; vendo em Timna uma das filhas dos filisteus..." (14:1). Desta vez ele pediu que os pais conseguissem esta mulher para ele mas eles responderam: "Não há, porventura, mulher entre as filhas de teus irmãos ou entre todo o meu povo, para que vás tomar espos dos filisteus, daqueles incircuncisos? Disse Sansão a seu pai: Toma-me esta, porque só desta me agrado" (14:3). Deus já havia mandado que Sansão iniciasse a libertação dos israelitas das mãos dos filisteus, porém ele estava apaixonando-se por mulher filistéia (13:5)! Isso provocou terríveis complicações (veja capítulos 14 e 15).

Houve outras ocasiões parecidas. "Sansão foi a Gaza, e viu ali uma prostituta, e coabitou com ela" (16:1). "Depois disto, aconteceu que seafeiçoou a uma mulher do vale de Soreque, a qual se chamava Dalila" (16:4). Nestes dois casos, houve dificuldades. Por último, ele revelou o segredo da sua força a Dalila e ela cortou seu cabelo, o que permitiu aos filisteus prenderem-no e cegarem-no. Ele ficou escravo. Sansão se parecia muito com os próprios israelitas. Os dois nasceram de forma milagrosa, foram chamados a dedicação a Deus, receberam o Espírito de Deus, mas correram atrás das coisas (mulheres/ídolos) dos estrangeiros. O Senhor abandonou tanto Sansão como Israel sem nem eles terem percebido. Eles se tornaram escravos dos filisteus. É triste que Sansão e Israel tivessem tanto potencial, mas perdessem tudo por causa da sua infidelidade ao Senhor. Consideremos algumas exortações que aprendemos.

Não deixemos que a aparência se torne muito importante nas nossas relações

Parece que Sansão pensou apenas na beleza externa. Certamente ele não se preocupou com questões de religião, nem de moralidade. Ele esteve com várias filistéias e até mesmo com, pelo menos, uma prostituta. Nós vivemos numa cultura fixada na beleza externa. Pessoas gastam muito tempo e bastante dinheiro para tentar aprimorar sua aparência. Quanto a isso, Pedro aconselhou: "Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus" (1 Pedro 3:3-4). Nossa preocupação não deve ser com enfeitar o corpo, mas com santificar o coração. Do mesmo modo, a nossa principal procura em termos de namoro e casamento não deve ser a beleza física. O que deve pesar muito mais para nós é o caráter espiritual. Quando o Senhor preenche nossa alma, a beleza física sem espiritualidade deve ser até repugnante para nós.

Evitemos o desejo pecaminoso

Sansão deixou que seus olhos o levassem a uma paixão indevida. Ele ficou fixado pelo desejo carnal e perdeu o juízo. Ele nem conseguiu por duas vezes se controlar na presença da insistência de uma mulher pela qual ele havia ficado apaixonado (veja 14:16-17 e 16:15-17). É interessante que Sansão depois ficou cego. Jesus exortou-nos a que, de certa forma nos cegássemos: "Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te convém que se perca um dos teus membros, e não seja todo o teu corpo lançado no inferno" (Mateus 5:29). Jesus falou isso imediatamente depois de ter avisado: "Qualquer que olhar para uma mulher com intenção impura, no coração, já adulterou com ela" (Mateus 5:28). Para tirar os pensamentos sensuais da mente temos que começar a tirar os olhos das cenas indiscretas. A determinação de Jó é um bom modelo: "Fiz aliança com meus olhos; como, pois, os fixaria eu numa donzela?" (Jó 31:1). Não é possível alimentar nossa mente com lixo e imaginar que depois seremos capazes de preservá-la limpa.

Em termos práticos, cristãos têm que evitar as fontes de imagens sensuais. A internet, os filmes, os programas de televisão têm que ser controlados cuidadosamente. Conheço irmãos que simplesmente evitam estas coisas porque percebem que não conseguem controlar-se quando se aproximam do fogo. Tomar decisões radicais quanto ao pecado (até o ponto de arrancar o olho, Jesus afirmou) é bem sensato. Temos que imediatamente desviar os olhos de mulheres que estão vestidas de forma sensual. Talvez determinaremos evitar certos lugares - a praia, por exemplo, porque lá há tantas pessoas usando roupas escandalosas, e sabemos que ficaríamos tentados a pensar de forma sensual.

Deixemos de ser pedra de tropeço

Jesus avisou com bastante franqueza: "Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo!" (Mateus 18:6-7). Tenho conversado com muitos homens sobre estes assuntos. A maneira de mulheres se vestirem, às vezes até mesmo de mulheres cristãs, dificulta bastante manter o pensamento puro por parte dos irmãos. Discípulos que estão se esforçando para não olhar para mulheres encontram sérias complicações quando suas irmãs se vestem de uma forma que atrai a atenção deles. Muitas vezes, as irmãs nem percebem que estão fazendo tropeçar seus irmãos, e outras vezes não se importam com o tropeço porque querem atrair atenção. Mas de qualquer jeito, visto que Jesus advertiu tão severamente quanto às pedras de tropeço, seria aconselhável que as mulheres cristãs refletissem bastante sobre este ponto. Certamente o jeito de elas se vestirem é capaz de complicar a vida espiritual dos irmãos.

Não sejamos levados pela aparência quanto ao que parece certo

Um tema do livro de Juízes é que as pessoas seguiram os seus próprios sentimentos e acabaram estragando a vida espiritual. Não devemos seguir o que vemos, antes devemos seguir o que Deus ordena. Em 17:6 e 21:25 foi escrito: "Cada um fazia o que achava mais reto". Foram épocas desastrosas na história do povo de Deus. Não há momentos piores do que os eventos dos capítulos 17 a 21 de Juízes. Eles devem nos levar à convicção de que seguir nossos sentimentos, nossas emoções, enfim, o que parece certo para nós, leva a desastre. A chave da vida sensata é viver conforme aos princípios e aos mandamentos do Senhor. Sansão destruiu sua vida deixando seus olhos determinarem sua conduta.

Sigamos Jesus, nosso maior modelo

Jesus sempre nos mostra o caminho mais certo. Note essa profecia sobre ele: "Não julgará segundo a vista dos seus olhos, nem repreenderá segundo o ouvir dos seus ouvidos; mas julgará com justiça os pobres e decidirá com eqüidade a favor dos mansos da terra..." (Isaías 11:3-4). Isaías afirmou que Jesus, como o Juiz, nunca seria levado pela aparência das coisas, mas com discernimento profundo julgaria com retidão absoluta. Devemos seguir a ele. Paulo exortou Timóteo a que ele não mostrasse parcialidade e não se enganasse por avaliações precipitadas de pessoas (1 Timóteo 5:21-25). Especialmente quando Timóteo estava indicando presbíteros ele não deveria impor as mãos sobre alguém irrefletidamente, pois nem sempre o verdadeiro caráter da pessoa fica evidente à primeira vista.

Nossa visão será uma bênção quando for usada da forma correta. Jesus era aquele que deu aos cegos a capacidade de enxergar (veja Isaías 42:7), mas esta capacidade deve ser usada da forma certa. Pois como qualquer outra habilidade dada por Deus, o homem é capaz de abusar dela. A vida de Sansão deve nos advertir do perigo do mau uso de nossos olhos.

-por Gary Fisher

Filhas de Bate-Seba


Filhas de Bate-Seba

Aqueda de um dos maiores homens da história é relatada no capítulo 11 de 2 Samuel. Davi é o homem. Ele se envergonhou e desonrou ao seu Deus. As pessoas que estudam a vida dele são entristecidas pela mancha na vida que, em outros sentidos, foi admirável e justa. Davi pecou terrivelmente quando cometeu adultério com Bate-Seba. Ele não minimizou seu pecado como fosse pequena coisa ("é apenas sexo") e tentou desesperadamente, se não honrosamente, esconder a sua transgressão.

Mas, o ponto deste artigo é como tudo isso começou. Sabemos que Davi já foi chamado de homem que agradou a Deus (1 Samuel 13:14). Como esse homem valente começou a sua descida é relatado com simplicidade em 2 Samuel 11:1-2:

"Decorrido um ano, no tempo em que os reis costumam sair para a guerra, enviou Davi a Joabe, e seus servos, com ele, e a todo o Israel, que destruíram os filhos de Amom e sitiaram Rabá; porém Davi ficou em Jerusalém. Uma tarde, levantou_se Davi do seu leito e andava passeando no terraço da casa real; daí viu uma mulher que estava tomando banho; era ela mui formosa."

Em primeiro lugar, ele não estava no seu devido lugar com o exército. Em segundo lugar, Bate-Seba estava tomando banho num lugar visível. Não importa, em termos do efeito, se ela pretendeu atrair Davi ou simplesmente foi negligente. Em terceiro lugar, Davi viu o que não devia ter visto, mas não desviou os olhos.

A falta de modéstia de Bate-Seba foi o ponto de partida na queda de Davi. Nenhuma mulher pode se dizer inocente em estimular paixões carnais num homem quando ela mostra sua forma física diante dos olhos dele. Mesmo quando uma mulher não pretende e não permite a consumação da paixão, ela pode induzir o homem ao pecado. Davi não pecou quando olhou? É claro que Davi pecou antes de tocar nela. Independente das intenções dela, e do coração dela (seja mau ou vazio), a falta de discrição dela teve um efeito terrível.

Nós vivemos numa geração onde moças e mulheres ousadamente aparecem em vários degraus de nudez. O fato que elas o fazem, sabendo que homens carnais estão olhando, apenas aumenta à culpa delas. Talvez Bate-Seba teria argumentado que ela não sabia que alguém olhava. Mas, aquela que sabe que outros estão olhando, seja na piscina, na praia ou em algum tipo de festa ou espetáculo, não tem desculpa quando se expõe praticamente nua. Trajes de banho, "shorts" curtos e roupas semelhantes apelam aos desejos carnais do homem, e têm causado muitos a pecar. Nem precisamos observar o fato óbvio: mulheres virtuosas e modestas usam roupas consistentes com os seus valores de decência e reverência para com Deus.

Comenta-se que, se Davi tivesse previsto o resultado final de seus atos de paixão pecaminosos que, uma vez que Bate-Seba não escondeu seu corpo, ele teria escondido seus olhos. "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o coração, porque dele procedem as fontes da vida" (Provérbios 4:23).

-por Jere E. Frost

A Vestimenta Que Agrada a Deus


A Vestimenta Que Agrada a Deus

A vestimenta mais importante do discípulo verdadeiro de Jesus é interna e espiritual. Ele já tem removido os panos sujos de pecado e maus pensamentos, e tem os substituído por novas roupas de santidade e entendimento da vontade de Deus (veja Colossenses 3:1-16). Ele procura cada dia ser mais parecido com seu Senhor, e se esforça para desenvolver as atitudes piedosas que Jesus ensinou e demonstrou (Mateus 5:1-12). Essas transformações internas vão modificar seu comportamtento externo, é claro. Ele não vai mentir ou furtar como pessoas mundanas (Efésios 4:25-29). Todos os aspectos da vida dele são colocado sob controle do Deus santo a quem ele serve (1 Pedro 1:13-16).

Através da História, homens e mulheres têm lutado com a questão de como essa transformação interna deve ser refletida exteriormente. Deve o servo de Deus se vestir de um modo diferente do que as pessoas do mundo? Respostas a essa pergunta são quase tão diversas como as modas numa loja de roupas. Alguns argumentam que a vestimenta dos servidores de Deus devem ser completamente diferentes do que as das pessoas do mundo. Resultados de tais pensamentos incluem as trajes tradicionais de ordens religiosas especiais e outras roupas peculiares, como as adotadas pelo povo Amish. Outros vão ao extremo oposto, dizendo que os cristãos devem ser iguais ao mundo e que eles podem seguir todas e quaisquer modas do mundo.

Deus nos ensina como nos vestir

Quando Deus fala sobre algum assunto em todas as épocas da história bíblica, devemos reconhecer que é importante. Por exemplo, ele ensina sobre a permanência de casamento no período dos patriarcas, na dispensação da lei de Moisés, e no Novo Testamento. Enquanto não adotamos do Antigo Testamento leis específicas sobre o casamento, nós entendemos os princípios do Novo Testamento com a ajuda do Antigo Testamento. Percebemos que são diversos os assuntos que são incluídos em todas as épocas de revelação divina: adultério, idolatria, a importância de sacrifícios apropriados, comer sangue, matar, etc. Desde o jardim de Éden, Deus tem orientado seu povo sobre roupas modestas. Vamos procurar entender esse ensinamento, e tenhamos a fé e o amor suficiente para aceitar o que ele diz, mesmo se não o compreendemos (Isaías 55:6-9).

Deus ensina seu povo a se vestir com modéstia

A dão e Eva. "Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam" (Gênesis 2:25). Na sua inocência, antes de cometer o primeiro pecado, era normal para Adão e Eva estarem nus, mesmo andando no jardim na presença de Deus. A mesma inocência é vista em criancinhas ainda não corruptas pelo pecado. Mas, quando Adão e Eva conheceram a diferença entre o bem e o mal, ficaram envergonhados e imediatamente fizeram algum tipo de roupa mínima (Gênesis 3:7). A palavra usada aqui sugere que fizeram alguma coisa que foi embrulhada no corpo, evidentemente escondendo as partes mais íntimas do corpo. Mas Deus não aprovou esse tipo de roupa. Ele lhes fez uma vestimenta de peles (Gênesis 3:21). Essa palavra sugere um tipo de túnica. William Wilson, em seus Estudos de Palavras no Antigo Testamento, diz que essa vestimenta era um tipo de roupa usado por homens e mulheres que, tipicamente, tinha mangas e caiu até os joelhos, raramente aos tornozelos. O que podemos aprender desse primeiro caso? Deus quer que homens e mulheres usem roupas. Não somos como animais, que não sentem vergonha de sua nudez. Podemos entender, também, que a vontade de Deus desde o princípio é que usemos vestimentas que cobrem o corpo, não meramente alguma coisa embrulhada no corpo para esconder as partes mais íntimas. Cada servo de Deus precisa ser honesto e sincero aqui: as roupas de praia usadas hoje em dia seriam mais parecidas com as roupas que Deus fez, ou com as cintas que Adão e Eva fizeram?

Sacerdotes do Velho Testamento. Ninguém hoje tem motivo para dizer que nós devemos usar roupas iguais aos trajes sagrados usados pelos sacerdotes do Antigo Testamento. Mas, nós podemos aproveitar uma lição importante do motivo que Deus deu junto com algumas regras. Primeiro, ele proibiu altares elevados, para que a nudez do sacerdote não fosse exposta (Êxodo 20:26). Mais tarde, ele acrescentou outra instrução para melhor evitar esse tipo de problema. Ele ordenou que os sacerdotes usassem calção em baixo de suas túnicas para cobrir a sua nudez (Êxodo 28:40-42). Deus especificou que o calção iria "da cintura às coxas". Deus não queria que esses servos mostrassem as coxas expostas ao mundo. Hoje, homens do mundo tiram suas camisas e mostram suas coxas para todo o mundo na praia ou na rua. Homens que servem a Deus precisam perguntar para si, honestamente, se isso é realmente o que Deus pretendia que o povo santo fizesse.

Roupas peculiares ao sexo oposto. Em Deuteronômio 22:5, Deus disse: "A mulher não usará roupa de homem, nem o homem, veste peculiar à mulher; porque qualquer que faz tais cousas é abominável ao Senhor, teu Deus." Entendemos que não somos sujeitos às ordenanças dadas por meio de Moisés aos israelitas. Portanto, é esclarecedor entender o que Deus estava dizendo. Ele não estava proibindo que homens e mulheres usassem algum artigo de roupa semelhante. Na época, ambos os sexos usavam túnicas, como ambos homens e mulheres em muitas culturas hoje usam calças compridas. É errado usar esse versículo para condenar as mulheres que usam calças. Mas, Deus quer que mantenhamos distinções entre os sexos (veja, por exemplo, 1 Coríntios 11:14-15). Ele condena as perversões de homens que se vestem e se comportam efeminadamente (1 Coríntios 6:9).

A vergonha da virgem da Babilônia. Quando Isaías profetizou, a nudez era, ainda, associada com vergonha. Quando ele descreveu o povo da Babilônia como uma virgem abusada, um aspecto da humilhação dela era que o inimigo descobriu suas pernas e sua nudez (Isaías 47:1-3). Mas hoje em dia, mulheres do mundo voluntariamente mostram suas pernas e ousam expor sua nudez, sem sentir nem um pouco envergonhadas. Será que tornamos tão dessensibilizados ao pecado, devido à cultura corrupta, que já esquecemos como sentir vergonha? (Veja Jeremias 8:5,8,9,11,12.) Como servos de Deus, temos que ser diferentes, não conformados aos costumes errados do mundo (Romanos 12:1-2). Precisamos saber como sentir vergonha.

A modéstia e bom senso de mulheres cristãs

Agora, vamos ver duas passagens semelhantes no Novo Testamento. "Da mesma sorte, que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modéstia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou pérolas, ou vestuário dispendioso, porém com boas obras (como é próprio às mulheres que professam ser piedosas)" (1 Timóteo 2:9-10). "Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus. Pois foi assim também que a si mesmas se ataviaram, outrora, as santas mulheres que esperavam em Deus, estando submissas a seu próprio marido" (1 Pedro 3:3-5). Esses trechos não são idênticos (1 Timóteo fala sobre mulheres em geral, enquanto 1 Pedro fala sobre a mulher cujo marido não é cristão), mas há vários pontos paralelos. Vamos estudar alguns pontos chaves.

Jóias. É comum ouvir alguém usar esses versículos para proibir absolutamente todos os tipos de jóias, enfeites de cabelo, etc. Mas esse não é o sentido do texto. A Bíblia, às vezes, usa essa construção (Não faça isso, mas faça aquilo) para enfatizar o que é mais importante, sem proibir o menos importante. João 6:27 é um exemplo claro: "Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará...." Jesus não está proibindo trabalho honesto para suprir as necessidades da vida (compare 2 Tessalonicenses 3:10; 1 Timóteo 5:8), mas está dizendo que devemos dar muito mais importância às coisas espirituais. Da mesma forma, Paulo e Pedro não proibiram o uso de jóias ou estilos de cabelo, mas disseram que mulheres piedosas devem dar mais ênfase à pessoa interior. É interessante que tanto Paulo como Pedro usaram exemplos do Antigo Testamento para explicar seu ensinamento. No Velho Testamento, jóias eram comuns, até entre as mulheres fiéis a Deus (veja Isaías 61:10; Provérbios 1:9; Gênesis 24:22,30,53). Excessos devem ser evitados, mas esses servos de Deus não proibiram o uso modesto de jóias.

Aqui, é bom observar que os escritos inspirados do Novo Testamento usaram exemplos do Velho Testamento para mostrar como o povo de Deus se veste.

A modéstia começa no coração. Os dois autores, Paulo e Pedro, fazem uma ligação importante entre o coração e as roupas. Algumas mulheres vão insistir em usar o tipo de roupas que elas querem, dizendo que ninguém pode mostrar onde Deus especificamente proibiu mini-saias, ou mini-blusas, ou biquinis, ou roupas muito justas. O problema nesses casos não é a falta de alguma regra específica nas Escrituras, mas a ausência de uma atitude certa no coração. Regras no vestuário não fazem a mulher modesta. Se o coração estiver errado, a mulher não será mansa e modesta.

A modéstia e bom senso. Em vez de dar uma lista de regras sobre vestimenta, Paulo apela à modéstia e bom senso das mulheres. Uma mulher (ou homem!) cujo entendimento é baseado nos princípios das Escrituras e cujo coração é dedicado a Deus, se vestirá decentemente. Ela não vai procurar chamar atenção por meios carnais, pelo uso de roupas dispendiosas ou que mostram o corpo.

Manso e tranqüilo. Pedro fala do espírito "manso e tranqüilo" como a base das roupas apropriadas. Paulo disse que nós todos devemos procurar viver uma vida "tranqüila e mansa" (1 Timóteo 2:2). O espírito manso e tranqüilo de cristãos — homens, mulheres e jovens — vai determinar o tipo de roupa que realmente agradará a Deus. Os cristãos farão diferença entre as roupas que refletem um espírito piedoso e as que sugerem carnalidade (veja Provérbios 7:10 — roupas fazem uma diferença!).

Vestindo-se para agradar a Deus

Muitas igrejas erram por inventar regras humanas sobre roupas. Mas, muitas outras erram por recusar a estudar e ensinar, cuidadosamente, o que Deus tem dito, para ajudar cada filho de Deus pensar e se vestir de uma maneira que glorifica o nome dele. Que possamos nos vestir para ele, começando com o próprio coração.

–por Dennis Allan

sábado, 8 de agosto de 2009

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