domingo, 13 de dezembro de 2009

Faça a sua parte


Faça a sua parte

Um homem morava numa cidade grande e trabalhava numa fábrica. Todos os dias ele pegava o ônibus das 6h e 15min e viajava 50 minutos até o trabalho. À tardinha, fazia a mesma coisa, voltando para casa.

No ponto seguinte ao que o homem subia, entrava uma velhinha, que procurava sempre sentar na janela. Abria a bolsa, tirava um pacotinho e passagem a viagem toda jogando alguma coisa para fora do ônibus.

Um dia, o homem reparou na cena. Ficou curioso. No dia seguinte, a mesma coisa. Certa vez, o homem sentou-se ao lado da velhinha e não resistiu:

- Bom dia, desculpe a curiosidade, mas o que a senhora está jogando pela janela?

- Sementes? Sementes de quê?

- De flores. É que eu viajo nesse ônibus todos os dias. Olho para fora e a estrada é tão vazia. E gostaria de poder viajar vendo flores coloridas por todo o caminho...Imagine como seria bom!

- Mas a senhora não vê que as sementes caem no asfalto, são esmagadas pelos pneus dos carros, devoradas pelos passarinhos? A senhora acha que essas flores vão nascer aí, na beira da estrada?

- Acho, meu filho. Mesmo que muitas sejam perdidas, algumas sementes certamente acabam caindo na terra e com certeza com o tempo vão brotar.

- Mesmo assim, demoram pra crescer e precisam de água...

- Ah, eu faço a minha parte. Sempre há dias de chuva, e além disso, apesar da demora eu faço a minha parte. Se eu não jogar as sementes, as flores nunca vão nascer.

Dizendo isso, a velhinha virou-se para a janela e recomeçou seu 'trabalho'. O homem desceu logo adiante, achando que a velhinha já estava meio caduca. O tempo passou. Um dia, no mesmo ônibus, sentado à janela, o homem levou um susto... Olhou para fora e viu margaridas, hortênsias azuis, rosas, cravos e dálias à beira da estrada. A paisagem estava colorida, perfumada, linda! O homem lembrou-se da velhinha, procurou-a no ônibus e...nada! Acabou perguntando para o cobrador, que conhecia todo mundo.

- A velhinha das sementes? Pois pé, morreu de pneumonia no mês passado.

O homem voltou para o seu lugar e continuou olhando a paisagem florida pela janela e sentiu uma lágrima correr pelo rosto, e um sorriso desabrochar em sua face... "Quem diria! As flores brotaram mesmo." Mas pensando bem, o que adiantou o trabalho da velhinha, a coitada morreu e não pôde ver esta beleza toda que ela fora a responsável."

Nesse instante, o homem ouviu atrás de si uma gostosa risada de criança... No banco de trás, uma garotinha apontava pela janela entusiasmada:

- Olha mamãe, que lindo, quanta flor na estrada! Como se chamam aquelas azuis? E as brancas?

Então o homem entendeu o que a velhinha tinha feito. Mesmo não estando ali para contemplar as flores que tinha plantado, a velhinha devia estar feliz. Afinal, ela tinha dado um presente maravilhoso para as pessoas.

No dia seguinte, o homem entrou no ônibus, sentou-se a uma janela, e com um sorriso maroto nos lábios, tirou um pacotinho do bolso e..."

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