segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Fechando os Muros


Fechando os Muros

Igreja Batista Esperança

Neemias - 6 - 15 : 15

Intro: Vimos na primeira mensagem sobre este livro que após obter autorização do rei Artaxerxes para a reconstrução de Jerusalém, Neemias chega a cidade que estava destruída, durante a noite ele sai pelas ruas para avaliar a situação, quando retorna ele reune os homens de Jerusalém e declara seus planos, imediatamente seus planos são aceitos e a obra começa.

Porque era tão importante reconstruir os muros? Resposta: Sem os muros não se havia separação dos inimigos, com os muros rachados a cidade estava sem proteção, os inimigos entravam e saiam a hora que queriam, seu paganismo, sua idolatria continuavam dentro dos muros de Jerusalém, Neemias então diz: "edifiquemos os muros e deixemos de ser vergonha. 2:17".

Com os muros erguidos a cidade se fortalece e os inimigos ficam do lado de fora, em 6:15 lemos que a obra acabou em 52 dias.

Poderíamos parar por aqui, adorar a Deus pela vitória que foi dada ao seu povo, a história estaria terminada, porém, as coisas não são bem assim. A reconstrução foi feita, mais diante de muita oposição, poderemos nos separar do pecado e do mundo mas precisamos estar determinados.

Tema: Vejamos o que enfrentou Neemias para reconstruir os muros:

1. Para reconstruir os muros Neemias enfrentou o escárnio ( Neemias 4:1-3).

a. Uma das armadilhas mais usadas por Satanás é o descaso, e foi essa a primeira que ele usou contra Neemias. Vejam o que as pessoas diziam:

i. Fracos judeus (v.2).

- Vocês são fracos, desqualificados, não são especialistas em muros,. Vocês acham que vão mesmo terminar esta obra?

- Desistam vocês nunca irão terminar isso, seu Deus não liga para vocês, para que vão oferecer sacrifícios a esse Deus?

ii. Pedras queimadas (v.2).

- Quando as pedras calcarias são queimadas elas se tornam muito moles e perdem a durabilidade, então estavam dizendo este muro vai cair logo não vai durar, até um animal noturno derrubará seu muro, vocês estão perdendo seu tempo, desistam nós somos mais fortes do que vocês, vamos entrar a qualquer hora aí.

iii. Provocam a ira (v.5).

- Enquanto os homens estavam trabalhando para reconstruir seus muros o inimigo lá estava, provocando, tentando desviar suas atenções da obra, tentando iritá-los a tal ponto que desentissem de tudo.

- Muitas vezes em nossas vidas nós estamos querendo levantar os muros, talvez você está aqui hoje dizendo: Vou consertar os muros da minha vida como disse o filho pródigo "Levantarme-ei e irei ter com meu Pai", talvez você esteja aqui hoje dizendo: vou colocar o pecado do lado de fora como fez o filho pródigo "pequei contra o céu e diante de tí", pode ter certeza que Satanás vai tentá-lo a desistir, vai rir de você, vai dizer você é muito fraco para fazer isso, você não tem coragem, Deus não está se importando com você, você já caiu uma vez vai cair de novo.

- Quando alguém está querendo viver uma vida que agrada a Deus ele vai ser motivo de zombaria.

- muitas vezes quando um jovem declara que sente o chamado para o ministério os seus “amigos” vão rir dele.
- muitas vezes quando alguém está querendo voltar atrás colocar padrões morais em sua vida ele vai sofrer perseguição.
- sabe porque muitas vezes nós encontramos nas igrejas jovens que estão isolados pelos cantos com poucos amigos? É por que estão querendo levar sua vida espiritual a sério.

b. Fique firme!

i. Neemias não confiava em sí mesmo porém dizia "O Deus do céu é quem nos dará bom êxito" lembre-se das palavras de Paulo em (Fil. 4:13) "Posso todas as coisas naquele que me fortalece".

ii. A vontade de Deus é a nossa santificação, e de acordo com Pedro temos que adicionar à nossa fé a perseverança, não dê ouvidos ao inimigo mas prossiga em sua obra de restauração, e não desanime, pois assim fez Neemias e o povo, com ânimo fecharam os muros até a metade (Neemias 4:6).

Sentença Transitiva
Mas não foi somente escárnio que Neemias sofreu na reconstrução dos muros, mas...

2. Para reconstruir os muros Neemias sofreu ataques do inimigo (Neemias 4:7-8).

a. O inimigo uniu forças (v.8).

i. Os arábicos eram liderados por Gesém (Neemias 2:19).

ii. Os amonitas eram liderados por Tobias (Neemias 2:19).

iii. Os asdoditas (Filisteu) provavelmente foram insitados por Sambalá.

b. O inimigo agora quer o confronto (v.8).

i. O inimigo viu que o escárnio não havia funcionado.

ii. Os muros já estavam até a metade, não podiam esperar mais pelas raposas.

iii. Teriam que atacar e o ataque seria secreto (4:11).

c. Como reagiu Neemias aos ataques do inimigo?

i. Com oração (Neemias 4:9).

ii. Estando preparado para o ataque (Neemias 4:9).

- distribuiu o povo (4:13).
- armou o povo (4:13).
- elaborou um plano:

- metade trabalhava a outra metade vigiava (4:16).
- os carregadores, uma mão com espada e a outra com a carga (4:17).
- os edificadores traziam a espada na cinta (4:18).
- todos estavam prontos (4:23).

iii. Vigiando (Neemias 4:21).

iv. Não se descuidando (Neemias 4:22-23).

- Ao que tudo indica muitos judeus não passavam as noites na cidade , mas voltavam para suas aldeias, e essa atitude além de tomar tempo precioso também fazia com que a cidade ficasse desprotegida à noite, e desta feita exposta aos ataques inimigos.

- Neemias então orienta o povo a ficar na cidade e trabalhar o dia e servir de guarda durante a noite.

v. Sendo sábio (Neemias 6:1-4).

- O inimigo é muito astuto, usa de várias estratégias, muitos truques sujos, para nos afastar da obra do Senhor, precisamos de sabedoria vinda de Deus para podermos enfrentar o inimigo, precisamos estar preparados (I Pedro 5:8-9).

- O vale de Ono ficava a aproximadamente a uns 32 Km de Jerusalém, a intenção de Sambalá e seus amigos era a de afastar Neemias da obra, para que na sua ausência atacassem a cidade e até mesmo com a intenção de matá-lo no vale.

- De acordo com o relato quatro vezes o mesmo pedido quatro vezes a mesma resposta.

- Neemias considerava a sua obra mais importante que qualquer outra coisa, e ele não queria jogar seu precioso tempo fora.

- Satanás vai nos fazer convites para nos desviar da obra do Senhor, ele vai insistir, colocará em nossos caminhos a mulher adúltera, jovens vocês serão convidados aos prazeres da mocidade, se não considerarmos a obra de Deus como prioridade iremos aceitar o convite, Neemias disse: "Estou fazendo grande obra".

Sentença Transitiva
Não foi somente escárnio e ataques que Neemias sofreu, mas também...

3. Para reconstruir os muros Neemias foi caluniado (Neemias 6:5-9).

a. Mais uma investida para afastar Neemias da obra, dessa vez foi a calúnia, a carta foi lida em público com o objetivo de:

i. Talvez fazer com que ele fosse até Ono para esclarecer os fatos, e assim a obra seria interrompida.

ii. Minar sua autoridade, dizendo que ele havia comprado os profetas para falarem dele ao povo e proclamá-lo rei.

b. Quando estamos querendo arrumar nossas vidas diante de Deus, quando estamos querendo erguer novamente os muros da separação do mundo, do pecado e vivermos uma vida santa e que agrada a Deus Satanás vai tentar nos caluniar, usando pessoas para julgar nossos motivos e intenções. Não desanime pois "Deus fortalecerá suas mãos".

Sentença Transitiva
Neemias sofreu escárnio, ataques, calúnia e também...

4. Par reconstruir os muros Neemias foi traído (Neemias 6:10-13).

a. O profeta diz a Neemias: Deus me revelou que os inimigos vão tentar te matar ainda esta noite, vamos pois ao templo e nos escondamos lá.

b. Neemias conhecia seu Deus e sabia que Ele não iria dar uma profecia que contrariasse a lei de Moisés, que impedia que um leigo entrasse no templo.

c. Quando alguém está andando com Deus e conhecendo a sua palavra ele não vai dar ouvidos a falsos profetas e a falsas doutrinas (Heb. 4:12 & 5:14).

5. Conclusão

a. Assim em meio a zombaria, ataques, calúnia e traição a obra foi concluída em 52 dias.

b. Não se preocupe se ao tentar consertar sua vida você sofrer ataques.

c. Lembre-se esses ataques podem vir até de dentro da sua própria casa ou igreja.

d. Tenha sempre em mente esta grande verdade: “Deus dos céus é quem nos dará bom êxito.”

Fechando as Portas


Fechando as Portas

Igreja Batista Esperança

Neemias - 6 - 1 : 4

Intro:
Durante nossos estudos em Neemias já vimos o que significavam os muros na vida de uma cidade no passado, separação, proteção, diferenciação, também vimos como foi difícil para Neemias e para o povo a reconstrução, pois os inimigos não estavam satisfeitos em ver o estabelecimento da Nação de Israel, nem de ver que eles estavam novamente no controle da situação, vimos quantos ataques e dos mais variados possíveis eles receberam.

Fizemos aplicação para nossa vida, vendo que precisamos nos separar do mundo, dos costumes do mundo, do neo evangelismo, das doutrinas falsas, dos falsos líderes, também vimos a importância da separação no sentido de proteção do povo de Deus, e da diferenciação dos grupos que dizem estar servindo ao Senhor.

Falamos da importancia de erguer os muros para a cidade, e também vimos a importância de se estabelecer muros que cerquem nossa vida espiritual, hoje porém vamos ver que não foram somente os muros que foram estabelecidos.

Tema: Veremos que duas medidas importantes foram tomadas que possibilitaram a reconstrução dos muros.

Sent. Trans. A primeira medida foi...

1. Para poder erguer os muros foi preciso tirar os escombros, e encontrar os alicerces antigos (Ne. 4:10).

a. O que havia caído eram os muros não o alicerce, e como vimos então muitos entulhos ficaram pelo chão, o primeiro trabalho a se fazer era tirar o lixo que cobria o alicerce, isso não foi tarefa fácil, diz o nosso texto que os homens ficaram exautos, chegaram até a desanimar dizendo: "nunca iremos conseguir reconstruir os muros pois existe muito lixo pesado sobre o alicerce".

i. Quando Neemias chegou em Jerusalém a Bíblia diz que ele foi dar uma olhada para fazer uma avaliação da situação, montou num animal e começou a caminhar pela cidade porém ao chegar em um determinado local ele teve que parar (Ne. 2:14), não havia local para o animal passar tal era o volume de entulho.

ii. Remover lixo não é uma tarefa fácil nem gostosa de se fazer, mas para se rercontruir alguma coisa é preciso tirar o lixo, não se faz uma construção sobre um monte de entulhos.

b. Talvez você está aqui hoje dizendo puxa, um dia os muros da minha vida espiritual foram para baixo, os inimigos então entraram pois a vida espiritual estava sem proteção, o pecado teve liberdade e em sua vida muito lixo foi acumulado, talvéz você esteja pensando "acho que nem sou um crente", não se deixe levar pelas armadilhas de Satanás pois ele quer que você de sua vida por perdida, ele quer te desmotivar como fez com o povo de Israel, veja as palavras de Jesus em (João 13:10), se você sujou a sua vida com pecado você só precisa reconhecer que errou, pedir perdão a Deus e Ele está pronto a perdoar (I João 1:9).

c. Talvez você está aqui e tenha acumulado em sua vida lixo doutrinário que te impede de servir a Deus, talvez você esteja guardando em sua vida mágoa de alguém, e a mágoa não resolvida se torna em raiva ou até mesmo em ódio e isso tem prejudicado a edificação de sua vida espiritual.

d. Como é fácil guardar lixo. Quem tem porão em casa? Quem tem sótom? Quem tem um quartinho nos fundos?

i. Quando as mulheres vão mexer nestes lugares elas acham tanto lixo que os maridos guardam, cada tralha que não serve para nada.

ii. Às vezes as mulheres ajuntam todo aquele lixo colocam em uma caixa para jogar no lixo aí chega o marido a noite e quase morre do coração e começa a pegar aquelas coisas imprestáveis e dizer: "isso eu não posso jogar fora, é do carro", isso aqui é um "motor de geladeira, nunca se sabe quando vamos precisar", e quando menos se espera o danado já guardou tudo no quartinho de novo.

e. Como é dificil se desprender do lixo.

i. Outro dia eu estava mexendo na minha caixa de ferramentas e achei uma pecinha que era de um corcel 70 que eu tive muitos anos atrás, lá estava ela bem guardadinha (era um botãozinho que eu usei para adaptar uma buzina no painel por que não tinha buzina) e sabe de uma coisa ontem à noite eu fui procurar aquele botãozinho na minha caixa de ferramentas para trazer e mostrar pra vocês, mas eu não o achei mais. Sabe eu fiquei deprimido por não ter achado meu botãozinho, mas aí eu achei uma cebolinha do radiador (que não funciona mais) mas estava lá bem guardadinha! e trouxe aqui pra vocês verem.

ii. Quanta sujeira pode ter em nossas vidas neste exato momento, sujeira que pode estar impedindo que nós tenhamos maior comunhão com nosso Deus, impedindo que façamos a vontade de Deus, e talvez fazendo-nos dar um mal testemunho como cristão. Ser espiritual é ter a capacidade de reconhecer um lixo em nossas vidas e ter a coragem de descartá-lo de nossa vida.

Sent. Trans. Uma vez que o lixo foi tirado e os muros reconstruidos foi preciso tomar mais uma medida...

2. Para que os muros tivessem efeito era preciso restaurar as portas (Ne. 6:1).

a. As portas eram muito mais do que simples lugar de entrada e saída, era também um lugar de jurisdição, onde as autoridades se encontravam para tratar de negócios. tanto é que para mostrar a vitória da sua igreja Jesus declara: "as portas do inferno não prevalecerão contra ela".

b. É possivel existir portas sem muros, mais aí as portas perdem sua função.

c. Também por mais fortes que sejam os muros eles perderão sua função se não houverem as portas, e Neemias nos conta outro fato (Ne. 3:3; 6; 13; 14; 15), as portas deveriam ser trancadas.

i. As portas também deveriam ser guardadas (Ne. 7:1-3), é preciso colocar guardas leais, tementes a Deus para guardas as portas.

ii. As gigantescas muralhas da China foram por três vezes traspassadas pelos inimigos sabe por que? porque os guardas foram subornados.

3. Conclusão.

a. Lembre-se sempre que é impossível construir algo em cima de lixo entulhos (lixo), se você tem guardado pecado em seu coração (pecados de estimação), o Senhor não te ouvirá, pois não há comunhão entre Luz e trevas.

b. Encontre novamente o fundamento da sua fé. Jesus afirma em Apocalípse: Lembra-te de onde caíste arrepende-te e volta à prática ds primeiras coisas! (Ap. 2:5).

c. Tranque as portas da sua vida para que o inimigo não o tente a pecar e ofender a Deus, e seja uma toore de vigia.

d. Tanto nossa vida espiritual, como nossas famílias e também nossas igrejas, precisam de guardas fiéis a Deus, responsáveis que não permitam que o pecado o mundanismo a imoralidade entrem em nossas vidas.

Fechando as Arestas


Fechando as Arestas

Igreja Batista Esperança

Neemias - 2 - 11 : 17

Introdução:
Após conseguir a autorização do rei para a reconstrução da cidade Neemias partiu. Que tipo de homem seria preciso para executar tal tarefa? Que tipo de confiança teria que ter um homem para executar tal tarefa? Qual teria que ser a atitude de um homem que seria usado para erguer um povo da sua vergonha?

As vezes ao lermos certos trechos e histórias da Bíblia esquecemos de observar o preço que o personagem principal teve que pagar por sua participação na história, no caso de Neemias, ele trocou luxo e segurança por ruínas e perigo, também trocou honra e tranqüilidade por ridículo e trabalho. E lemos que em 52 dias ele concluiu a obra.

Será que ele era um tipo de super-homem? claro que não!, era um homem de caráter, um homem de uma integridade admirável.

O crente é alguém chamado para ser esse tipo de pessoa, somos chamados para sermos novas criaturas, somos chamados para executarmos grandes obras, mas para isso temos que ter o coração de Neemias, certamente que Neemias tinha uma confiança em Deus de forma a compreender que o poder vinha do Senhor, certamente que Neemias tinha um caráter tão bem firmado no Senhor e isso fez com que ele se fortalecesse em meio às dificuldades, em meio às pressões do mundo à sua volta, certamente que Neemias tinha um coração pronto para obedecer ao Senhor e aos seus mandamentos.

Sentença Transitiva: Veremos a obra que esse homem e seus companheiros realizaram pela graça de Deus, e que nós precisamos hoje realizar:

1. A RECONSTRUÇÃO DOS MUROS (Neemias 2:11-17)

a. Pelo pecado os muros de Jerusalém haviam caído, seus moradores haviam sido levados ao cativeiro, de volta a sua terra por aproximadamente 100 anos pouco haviam feito, apenas uma reforma insignificante no Templo, a cidade estava aberta seus muros estavam caídos suas portas estavam queimadas a cidade estava em vergonha pois seus inimigos estavam de posse da cidade, os moabitas, os amonitas, os asdoditas, os árabes, e ainda os mistos samaritanos estes impediam que as obras, as reformas, as mudanças fossem feitas, eles estavam dentro da cidade santa, com sua idolatria seus costumes o nome de Deus não era glorificado através daquele povo.

b. Podemos até imaginar ou questionar, que com tanta coisa para se fazer por que Neemias foi se preocupar justamente com muros?

c. Como vivemos e moramos em cidades modernas não avaliamos a importância dos muros na época de Neemias, (a prioridade dos nossos gorvernos hoje são construir viadutos, pontes, túneis pois nosso problema é o trânsito), mas na época bíblica a coisa mais importante para um governador era fortalecer sua cidade, era reforçar os muros ao redor de toda sua extensão, pois a primeira coisa que os inimigos iriam tentar fazer era derrubar os muros, e Davi ora no Salmo 51:18 “Edifica os muros de Jerusalém”.

d. Uma cidade murada possuia distinção, e era capaz de defender-se dos inimigos, os muros eram sinal de separação e segurança, os muros demarcavam os limites, e Neemias disse: (v.17), “edifiquemos os muros e deixemos de ser o opróbrio (vergonha).”

e. A cidade que deveria ser o testemunho para as nações perdeu esse privilégio por ter seus muros rachados.

2. APLICAÇÃO

a. A igreja de Jesus foi colocada no mundo para servir de testemunho, disse Jesus: “sereis minhas testemunhas até os confins da terra” (Atos 1:8), Jesus também disse: “vós sois o sal da terra e a luz do mundo” (Mateus 5:13).

b. Assim sendo a igreja precisa estar rodeada de um muro, um forte, alto e largo muro, o muro da separação do mundo, o muro da separação dos costumes do mundo, o muro da separação do espírito do mundo, o muro do não conformismo com o mundo, o muro que demarca os limites.

c. E por não entender o que significa separação a tendência atual é a de derrubar os muros e tornar a separação entre a igreja e o mudo apenas nominal, e quando a igreja no intuito de alcançar o mundo, se torna igual a ele, ela perde seu impacto sobre o mundo, (Jerusalém assolada já não era testemunho para o mundo), e o mais triste de tudo é que nós mesmos estamos cooperando com o inimigo “demolindo nossos próprios muros” , e dessa forma estamos perdendo nossa característica e destruindo nossas defesas.

d. Em (Provérbios 22:28) temos uma exortação e um mandamento “Não removas os marcos que puseram teus pais”.

e. Separação do mundo não quer dizer isolamento em (João 17:15)

i. Jesus diz: “não peço que os tires do mundo, e sim, que os guardes do mal”, separação é contato sem contaminação.

ii. Jesus teve contato com leprosos e não se contaminou com lepra, em (Hebreus 7:26) nós lemos que Jesus foi “santo, inculpável, sem mácula, separado dos pecadores”.

iii. Contudo em (Lucas 7:34) lemos que Jesus foi “amigo dos publicanos e pecadores”.

f. Quando os muros da separação vão abaixo e os princípios do mundo entram perdemos os marcos de Deus

i. O casamento se torna leviano, uma simples busca de interesses, sexo, prazeres pessoais, entramos em jugo desigual, casamentos são desfeitos da mesma forma como começaram, entra a solução do mundo (o divórcio) e os crentes passam a adotá-lo.

ii. O dia do Senhor passa a ser ignorado, a pregação se torna leve, suave para que o povo não se ofenda, o pecado deixa de ser encarado como uma afronta a Deus, o povo passa a rejeitar os padrões divinos, os jovens passam a fazer de seus corpos atrativos sexuais sem muro, abertos a todo tipo de vulgaridade, o padrão de decência passa a ser substituído pela moda. Certo escritor disse: “jamais derrube uma cerca sem saber por que ela foi construída”.

g. O crente tem que estar protegido pelo muro da santidade Paulo diz (Efésios 6:11) e aqui ele descreve os nossos inimigos principados, potestades, dominadores deste século, forças espirituais, nada mudou os inimigos estão ao nosso redor temos que estar seguros, protegidos dos inimigos.

h. Talvez em nossas vidas pessoais nossos muros estejam rachados, e por essas rachaduras já se infiltraram coisas que desagradam a Deus. O que vamos fazer então? cruzar os braços, nos conformar, nos acostumar, ser a vergonha do evangelho? Ou vamos nos reerguer e reedificar os muros?

i. Neemias declara ao povo a vontade de Deus, e apela a eles dizendo: (v.17) “reedifiquemos os muros de Jerusalém” os muros não precisavam ser construídos novamente já estavam só era preciso reforçá-los, quando um crente cai em pecado a primeira coisa que Satanás faz é colocar dúvidas sobre sua salvação você não tem um muro, nunca teve nunca foi um salvo e com essa estratégia ele consegue deixar muitos jogados no chão, sem ânimo de recomeçar o povo de Jerusalém estava assim, mas quando Neemias declara a vontade de Deus imediatamente o povo disse: (v.18), “levantemos e edifiquemos”.

3. CONCLUSÃO

a. Com os muros erguidos o inimigo fica do lado de fora (v.20).

b. Sua missão e o meu desafio é que você disponha o seu coração para ser um Neemias nas vida que o Senhor colocar em suas mãos.

Passos importantes na Batalha Espiritual


Passos importantes na Batalha Espiritual
Pr. José Antônio Corrêa
Êxodo - 17 - 9 : 10
Introdução:

1. Quer queiramos ou não estamos envolvidos numa batalha espiritual como servos de Deus e promotores de seu reino aqui na terra. Falando desta batalha na terra, Jesus advertiu a seus discípulos sobre todas as barreiras e dificuldades que seriam encontradas, "Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e inofensivos como as pombas", Mt 10.16. Duas coisas podemos destacar aqui com incrementos desta batalha:

a. Somos enviados "como ovelhas para o meio dos lobos", o que mostra a desigualdade em termos humanos de nossa luta, e por esta razão precisamos depender exclusivamente de Deus e não de nossos esforços e capacidades.

b. Devemos agir com estrema sabedoria, pois fomos aconselhados a ser "prudentes como as serpentes" e "inofensivos ou simples como as pombas". Possuir a prudência da serpente é ter os olhos bem abertos diante das situações, com sagacidade e inteligência e simplicidade com as pombas, que significa possuirmos pureza de alma em nossa busca a Deus e em nosso relacionamento com nossos irmãos.

2. O texto que lemos no começo mostra o povo de Deus tendo que enfrentar uma grande batalha com os amalequitas, durante a sua caminhada em demanda à terra de Canaã. Os amalequitas se construíram aqui num grande empecilho na trajetória do povo de Deus rumo à terra prometida, a tal ponto de mais adiante Deus mandar que Saul os exterminasse de uma forma definitiva, I Sm 15.2-3, "2 Assim diz o Senhor dos Exércitos: Eu me recordei do que fez Amaleque a Israel; como se lhe opôs no caminho, quando subia do Egito. 3 Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas, e desde os camelos até aos jumentos".

3. Diante da ameaça dos inimigos, Moisés ordena uma batalha, passando algumas recomendações importantes ao seu General de Exército, para que a vitória fosse certa. "VEJAMOS NESTA NOITE ALGUNS PASSOS IMPORTANTES QUE PRECISAMOS DAR PARA SER VITORIOSOS NUMA BATALHA ESPIRITUAL":

I - ESCOLHER COM SABEDORIA OS GUERREIROS, "Escolhe-nos homens...".

1. Torna-se claro que nesta batalha não pode ser alistado qualquer crente. Embora a princípio, muitos queiram engajar-se, na medida em que o tempo passa, acabam enfrentando problemas que os impedem de continuar. Alguns pontos precisamos destacar aqui quando estamos considerando pessoas desqualificadas:

a. Não devem ser arregimentados os medrosos. Soldado medroso se constitui um problema, pois além de possuir medo, acaba contagiando também os outros pelo mesmo sintoma:

Nm 13.31-33, "31 Porém, os homens que com ele subiram disseram: Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós. 32 E infamaram a terra que tinham espiado, dizendo aos filhos de Israel: A terra, pela qual passamos a espiá-la, é terra que consome os seus moradores; e todo o povo que vimos nela são homens de grande estatura. 33 Também vimos ali gigantes, filhos de Enaque, descendentes dos gigantes; e éramos aos nossos olhos como gafanhotos, e assim também éramos aos seus olhos".

b. Não devem ser arregimentados os embaraçados, 1 Tm 2.3-4, "3 Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus Cristo. 4 Ninguém que milita se embaraça com negócios desta vida, a fim de agradar àquele que o alistou para a guerra".

2. Temos um exemplo de como devem ser escolhidos os soldados para uma batalha decisiva em Jz 7.3-6, "3 Agora, pois, apregoa aos ouvidos do povo, dizendo: Quem for medroso e tímido, volte, e retire-se apressadamente das montanhas de Gileade. Então voltaram do povo vinte e dois mil, e dez mil ficaram. 4 E disse o Senhor a Gideão: Ainda há muito povo; faze-os descer às águas, e ali os provarei; e será que, daquele de que eu te disser: Este irá contigo, esse contigo irá; porém de todo aquele, de que eu te disser: Este não irá contigo, esse não irá. 5 E fez descer o povo às águas. Então o Senhor disse a Gideão: Qualquer que lamber as águas com a sua língua, como as lambe o cão, esse porás à parte; como também a todo aquele que se abaixar de joelhos a beber. 6 E foi o número dos que lamberam, levando a mão à boca, trezentos homens; e todo o restante do povo se abaixou de joelhos a beber as águas". São destacados aqui como inconvenientes os soldados de uma batalha que são:

a. Medrosos,

b. Tímidos,

c. Os que gostam de "facilidades".

3. Para sermos vitoriosos numa batalha espiritual é necessário estabelecermos um processo de escolha entre aqueles que se propõem a batalhar.

II - NOS COLOCAMOS EM POSIÇÃO DE OFENSIVA, "...e sai contra Amaleque".

1. Uma verdadeira batalha se ganha, não quando o exército se coloca na defensiva, mas quando ele é treinado para fazer incursões ofensivas em território inimigo. Quem fica esperando o inimigo para apenas se defender não chegará a lugar algum numa guerra.

2. Um dos maiores generais que o mundo já conheceu foi Alexandre, o grande, pois com apenas trinta três anos de idade, já tinha conquistado praticamente o mundo de sua época, implantando a cultura grega, que até hoje influencia muitos povos. É difícil uma língua falada no mundo de hoje, que não tenha recebido influência grega, e isto graças a Alexandre, o grande que foi tremendamente ofensivo em suas batalhas e conquistas.

3. Como povo de Deus, devemos nos conscientizar que estamos inseridos numa batalha, onde as hostes satânicas procuram nos devorar, 1 Pe 5.8, "Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar". Se não tomarmos nossa posição, e conquistar mais espaço, certamente acabamos por perder até mesmo os espaços conquistados.

4. Vamos ver alguns textos na palavra de Deus nos quais podemos nos basear para sermos ofensivos numa batalha espiritual:

a. 1 Ts 2.2, "Mas, mesmo depois de termos antes padecido, e sido agravados em Filipos, como sabeis, tornamo-nos ousados em nosso Deus, para vos falar o evangelho de Deus com grande combate". Paulo nos informa que foi "ousado para pregar o Evangelho entre os tessalônicos, combatendo com grande combate". A ousadia é um dos aspectos de uma guerra agressiva, ofensiva. Devemos ser ofensivos, não para machucar nossos irmãos de fé mas para guerrearmos contra Satanás e seus demônios.

b. 1 Tm 4.10, "Porque para isto trabalhamos e lutamos, pois esperamos no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis". Paulo fala aqui de "trabalho na obra" e "lutas", que somente podem nos fazer vitoriosos se agirmos com garra, com determinação.

5. Numa batalha espiritual, precisamos nos conscientizar de que nossa vitória só virá, guando nos dispomos a ser "agressivos", "ousados", "ofensivos", contra os poderes do diabo. Porém com os nossos irmãos e até mesmo com os nossos inimigos, devemos ser amáveis e estar dispostos a conceder o perdão.

III - ESTARMOS DEBAIXO DE AUTORIDADE, "E fez Josué como Moisés lhe dissera, pelejando contra Amaleque".

1. Devemos notar pelo texto da Palavra de Deus que Josué não saiu para a guerra utilizando seus próprios métodos, mas manteve sua submissão ao comando de Moisés, que era o líder do povo de Deus naquele tempo. Ele reconhecia a autoridade de Moisés, como homem de Deus e agiu de conformidade com suas palavras.

2. Um dos maiores problemas em muitos que se dizem crentes, é que são insubmissos à autoridade, querendo ganhar batalhas espirituais, sem estarem debaixo do comando de Deus, através dos servos levantados por ele. Este foi o grande problema de Saul,

1 Sm 13.8-14 "8 E esperou Saul sete dias, até ao tempo que Samuel determinara; não vindo, porém, Samuel a Gilgal, o povo se dispersava dele. 9 Então disse Saul: Trazei-me aqui um holocausto, e ofertas pacíficas. E ofereceu o holocausto. 10 E sucedeu que, acabando ele de oferecer o holocausto, eis que Samuel chegou; e Saul lhe saiu ao encontro, para o saudar. 11 Então disse Samuel: Que fizeste? Disse Saul: Porquanto via que o povo se espalhava de mim, e tu não vinhas nos dias aprazados, e os filisteus já se tinham ajuntado em Micmás, 12 Eu disse: Agora descerão os filisteus sobre mim a Gilgal, e ainda à face do Senhor não orei; e constrangi-me, e ofereci holocausto. 13 Então disse Samuel a Saul: Procedeste nesciamente, e não guardaste o mandamento que o Senhor teu Deus te ordenou; porque agora o Senhor teria confirmado o teu reino sobre Israel para sempre; 14 Porém agora não subsistirá o teu reino; já tem buscado o Senhor para si um homem segundo o seu coração, e já lhe tem ordenado o Senhor, que seja capitão sobre o seu povo, porquanto não guardaste o que o Senhor te ordenou".

2. Em Êx 24.13, temos algo que a Palavra de Deus descreve em relação a Josué: "E levantou-se Moisés com Josué seu servidor; e subiu Moisés ao monte de Deus". Note a frase que aparece neste versículo "Josué, seu servidor". Esta frase nos mostra o quanto Josué estava debaixo de autoridade. A palavra "servidor", nos traz a idéia de "um indivíduo que serve", "um criado", "Alguém se que coloca cortesmente à disposição de outro". Em outras palavras, José estava debaixo da autoridade de Moisés.

3. Olhando para a Palavra de Deus podemos ver em muitos textos o conceito de autoridade:

a. Êx 22.28, "A Deus não amaldiçoarás, e o príncipe dentre o teu povo não maldirás". Deus aqui está dizendo ao seu povo que respeite os líderes que são colocados sobre eles. A expressão "não maldirás", significa literalmente não "não falarás mal". Ao contrário de falar mal das autoridades instituídas por Deus, devemos orar por elas,1 Tm 2.1-3, "1 Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; 2 Pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; 3 Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador".

b. At 23.1-5, "1 E, pondo Paulo os olhos no conselho, disse: Homens irmãos, até ao dia de hoje tenho andado diante de Deus com toda a boa consciência. 2 Mas o sumo sacerdote, Ananias, mandou aos que estavam junto dele que o ferissem na boca. 3 Então Paulo lhe disse: Deus te ferirá, parede branqueada; tu estás aqui assentado para julgar-me conforme a lei, e contra a lei me mandas ferir? 4 E os que ali estavam disseram: Injurias o sumo sacerdote de Deus? 5 E Paulo disse: Não sabia, irmãos, que era o sumo sacerdote; porque está escrito: Não dirás mal do príncipe do teu povo". Quando Paulo percebeu que tinha ofendido o sumo sacerdote, imediatamente pediu escusas, citando o texto bíblico que ordena o respeito e obediência as autoridades.

c. Tt 3.1, "Admoesta-os a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam, e estejam preparados para toda a boa obra". Os termos "principados" e "potestades", em uma outra versão são traduzidos por "os que governam" e " autoridades". Paulo é claro em sua instrução a Tito: "Ensine aos filhos de Deus que se sujeitem aos governantes e autoridades, e lhes obedeçam". Somente assim estariam preparados para a "boa obra".

4. Como filhos de Deus, devemos aprender a prestar obediência e submissão àqueles que governam sobre nós.

IV - TER CONVICÇÃO DE QUE DEUS ESTÁ NESTA GUERRA E LUTA A NOSSO FAVOR, "...e a vara de Deus estará na minha mão".

1. Jamais Moisés ousaria enviar Josué para a guerra, se não estivesse convicto de que Deus estaria no comando da batalha. Esta condição é imprescindível para nós que somos servos de Deus. Em qualquer situação de luta, batalha, confronto, necessitamos da presença de Deus de uma forma real à nossa frente.

2. Quando Moisés disse: "...a vara de Deus estará na minha mão", estava automaticamente dizendo "Deus está conosco", e vencerá por nós os nossos inimigos.

a. A "vara" fora o instrumento dado por Deus para que Moisés, mostrasse a Faraó, e conseqüente ao seu povo, o poder de Deus e a certeza de sua presença com ele, quando fosse pedir a Faraó que deixasse o povo de Israel ir, Êx 4.1-5, "1 Então respondeu Moisés, e disse: Mas eis que não me crerão, nem ouvirão a minha voz, porque dirão: O Senhor não te apareceu. 2 E o Senhor disse-lhe: Que é isso na tua mão? E ele disse: Uma vara. 3 E ele disse: Lança-a na terra. Ele a lançou na terra, e tornou-se em cobra; e Moisés fugia dela. 4 Então disse o Senhor a Moisés: Estende a tua mão e pega-lhe pela cauda. E estendeu sua mão, e pegou-lhe pela cauda, e tornou-se em vara na sua mão; 5 Para que creiam que te apareceu o Senhor Deus de seus pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó".

b. Esta vara fora usada em muitas ocasiões para mostrar esta presença e manifestação de Deus. Veja duas passagens:

- Êx 14.15-16, "15 Então disse o Senhor a Moisés: Por que clamas a mim? Dize aos filhos de Israel que marchem. 16 E tu, levanta a tua vara, e estende a tua mão sobre o mar, e fende-o, para que os filhos de Israel passem pelo meio do mar em seco".

- Nm 20.8-9, 11, "8 Toma a vara, e ajunta a congregação, tu e Arão, teu irmão, e falai à rocha, perante os seus olhos, e dará a sua água; assim lhes tirarás água da rocha, e darás a beber à congregação e aos seus animais. 9 Então Moisés tomou a vara de diante do Senhor, como lhe tinha ordenado. 11 Então Moisés levantou a sua mão, e feriu a rocha duas vezes com a sua vara, e saiu muita água; e bebeu a congregação e os seus animais".

3. Deus precisa estar presente em nossas batalhas espirituais, caso contrário o inimigo nos esmagará. Vejam o exemplo do apóstolo Paulo em duas passagens da Escritura:

a. 2 Tm 3.11, "Perseguições e aflições tais quais me aconteceram em Antioquia, em Icônio, e em Listra; quantas perseguições sofri, e o Senhor de todas me livrou". Aqui Paulo faz menção de uma tremenda batalha que travou com Satanás e seus aliados quando evangelizava nestas cidades, ao ponto de ser apedrejado em Listra. Porém afirmou com certeza de que o Senhor é quem o havia livrado de todas estas investidas do diabo e seus aliados.

b. 2 Tm 4.16-18, "16 Ninguém me assistiu na minha primeira defesa, antes todos me desampararam. Que isto lhes não seja imputado. 17 Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que por mim fosse cumprida a pregação, e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão. 18 E o Senhor me livrará de toda a má obra, e guardar-me-á para o seu reino celestial; a quem seja glória para todo o sempre. Amém". Paulo estava preso e sendo julgado pelas autoridades romanas. Durante o seu julgamento reclama que esteve sozinho, desamparado pelos próprios irmãos de Igreja. Porém Alguém estava presente e o livrara da "boca do leão". Este alguém era Deus!

4. Deus sempre está presente em nossas batalhas espirituais. Aprendamos a vê-lo pela fé, e saiamos contra nossos inimigos que sucumbirão diante de nós! Esta era a certeza de Davi, Sl 20.7, "Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor nosso Deus".

Conclusão:

1. Qual é o tipo de batalha que você, como filho de Deus está enfrentando?

2. É preciso que você tenha convicção de que em qualquer batalha na vida espiritual, os nossos inimigos não são carnais, mas "hostes espirituais", comandadas pelo diabo. Por esta razão não devemos investir contra pessoas, mas contra o que está por detrás das pessoas.

3. Para sermos vitoriosos em nossas batalhas espirituais precisamos:

a. Nos colocar na ofensiva.

b. Estar debaixo de autoridade.

c. Estar cientes de que quem está à frente em nossas batalhas é o Senhor, e estas batalhas somente serão ganhas, quando confiarmos em seu comando

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Confissões Ministeriais


Confissões Ministeriais

por

Horatius Bonar

Temos sido carnais e insensíveis espiritualmente. Por nos associarmos com muita freqüência e muita intimidade com o mundo, em grande medida acabamos nos acostumando com suas formas de agir. Como resultado, nossas percepções espirituais foram destruídas e nossas consciências calejadas. A tenra sensibilidade do nosso coração desapareceu e foi substituída por um grau de calosidade que antes nos achávamos incapazes de possuir.

Temos sido egoístas. Temos considerado preciosas nossas vidas e nosso conforto. Temos procurado agradar a nós mesmos. Tornamo-nos materialistas e cobiçosos. Não nos temos apresentado a Deus como "sacrifícios vivos", dispondo de nós mesmos, do nosso tempo, da nossa força, das nossas faculdades e do nosso tudo sobre seu altar... assim como Jesus, que não agradou a si mesmo.

Temos sido indolentes. Não temos procurado ajuntar os fragmentos do nosso tempo, a fim de que nenhum momento fosse desperdiçado inutilmente. Preciosas horas e dias foram gastos sem propósito em conversas e prazeres fúteis, quando poderiam ser usados na oração, no estudo ou na pregação! Indolência, auto-satisfaçã o e indulgência da carne estão corroendo nosso ministério qual tumor canceroso, impedindo a bênção e maculando nosso testemunho.

Temos sido apáticos. Mesmo na nossa diligência, quão pouco calor e brilho! Não derramamos toda nossa alma na nossa atividade, o que deixa tantas vezes a impressão de mera forma e rotina. Não falamos nem agimos como pessoas intensas. Nossas palavras são débeis, mesmo quando verdadeiras e fundamentadas. Nossas expressões são indiferentes, mesmo quando as palavras são carregadas de significado. Falta amor – amor que é forte como a morte; amor como aquele que fez Jeremias chorar em lugares secretos.

Temos sido tímidos. O temor nos tem levado muitas vezes a generalizar verdades, que se fossem declaradas especificamente, com certeza teriam trazido ódio e opróbrio sobre nós. Quantas vezes deixamos de declarar ao nosso povo todo o conselho de Deus. Temos nos retraído de reprovar, repreender e exortar com toda paciência e verdade. Tivemos medo de alienar amigos ou despertar a ira de inimigos.

Temos faltado em sobriedade. Como deveríamos nos sentir profundamente abatidos por causa da nossa leviandade, frivoleza, irreverência, alegria superficial, conversas vãs e brincadeiras, pelas quais sérios prejuízos foram causados a outros, o progresso dos santos retardado e a miserável inutilidade do mundo reforçada.

Temos pregado a nós mesmos e não a Cristo. Temos buscado aplausos, cortejado a honra, sido solícitos com a fama e enciumados por causa da reputação. Por muitas vezes, temos pregado visando atrair a atenção das pessoas para nós mesmos, ao invés de conduzi-las a Jesus e à sua cruz. Cristo não tem sido o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, de todos os nossos sermões.

Não temos estudado e honrado devidamente a Palavra de Deus. Temos dado proeminência maior aos escritos dos homens, às opiniões dos homens e aos sistemas humanos nos nossos estudos e meditações. Temos mantido mais comunhão com o homem do que com Deus. Precisamos estudar mais a Bíblia. Precisamos imergir nossas almas nela. Precisamos não só fazer um depósito dela dentro de nós, mas transfundi-la através de toda a textura do nosso interior. O estudo da verdade mais na forma acadêmica do que na devocional a tem roubado de seu vigor e da sua vida, gerando no seu lugar frieza e formalidade.

Não temos sido pessoas de oração. Temos permitido que negócios, estudos e atividades interfiram com nossas horas a sós com o Senhor. Uma atmosfera febril tem invadido nosso tempo devocional, perturbando a doce calma da bendita solitude. Sono, conversas fúteis, visitas sem propósito, brincadeiras, leituras sem conteúdo e ocupações inúteis preenchem tempo que poderia ser redimido e dedicado à oração. Por que há tanto palavrório e tão pouca oração? Por que tanta agitação e correria e tão pouca oração? Por que tantas reuniões com nossos próximos, e tão poucos encontros com Deus? É a falta destas horas solitárias que tornam nossas vidas impotentes, nosso trabalho improdutivo e nosso ministério débil e infrutífero.

Não temos honrado o Espírito Santo. Não temos procurado sua unção no estudo da Palavra nem na pregação. Temos entristecido- o, desvalorizando seu papel como Mestre, Consolador, Santificador e o único capaz de convencer do pecado ou da verdade. Por isso, por pouco ele tem se afastado de nós, deixando-nos colher o fruto da nossa própria perversidade e incredulidade.

Temos sido incrédulos. É a incredulidade que nos torna tão frios na pregação, tão indispostos para visitar e tão negligentes em todos os nossos deveres sagrados. É a incredulidade que congela nossa vida e endurece nosso coração. É a incredulidade que nos leva a lidar com realidades eternas com tanta irreverência. É a incredulidade que nos permite subir ao púlpito com passos tão leves, quando ali iremos tratar com seres imortais sobre assuntos referentes ao céu e ao inferno.

Precisamos de pessoas que se disponham e que se derramem; que se doem e que orem; que vigiem e chorem pelas vidas perdidas.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

OS AMULETOS E A FÉ CRISTÃ


OS AMULETOS E A FÉ CRIST
Pr Airton Evangelista da Costa

Do Dicionário Aurélio: AMULETO é "pequeno objeto (figura, medalha, figa, etc.) que, desde a mais alta antiguidade, alguém traz consigo ou guarda por acreditar em seu poder mágico passivo de afastar desgraças ou malefícios"; FETICHE é "objeto animado ou inanimado, feito pelo homem ou produzido pela natureza, ao qual se atribui poder sobrenatural e se presta culto"; SUPERSTIÇÃO é "sentimento religioso baseado no temor ou na ignorância, e que induz ao conhecimento de falsos deveres, ao receio de coisas fantásticas e à confiança em coisas ineficazes". A Enciclopédia Britânica diz que AMULETO é "designação genérica de diferentes objetos aos quais se atribui a virtude mágica de guardar ou proteger quem o porta. Usados tradicionalmente para afastar o azar e trazer sorte". SUPERSTIÇÃO – "É uma atitude de espírito, crença ou prática mágico-religiosa para as quais não há explicação lógica e que se baseiam na convicção de que certos atos, palavras, números ou objetos trazem males, benefícios, azar ou sorte. As superstições, de modo geral, podem ser classificadas como religiosas, culturais e pessoais".


Dentre os diversos tipos de amuletos (olho de boto ou do peixe-boi; a ferradura, a meia-lua, a estrela-de-davi) a figa é o que alcançou maior popularidade. Usada para combater a esterilidade e o mau-olhado, é representada por uma mão humana fechada com o polegar entre os dedos indicador e médio. Enfim, amuleto é uma figura, medalha ou qualquer objeto portátil, qualquer coisa a que supersticiosamente se atribui virtude sobrenatural para livrar seu portador de males materiais e espirituais, e para propiciar benefícios nessas áreas.


Ao aceitarmos o senhorio de Jesus, recebemos o Espírito Santo (1Co 6.19 Ef 1.13); nossos pecados são perdoados (Atos 10.43; Rm 4.6-8); somos recebidos como filhos de Deus (Jo 1.12); se somos filhos, logo somos também herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo (Rm 8.17); passamos da morte espiritual para a vida espiritual (1 Jo 3.14); somos novas criaturas (2 Co 5.17); o diabo se afasta e não nos toca (Tg 4.7; 1 Jo 5.18); não estamos mais sujeitos às maldições (Jo 8.32,36); podemos usar o nome de Jesus para curar enfermos e expulsar demônios (Mc 16.17-18); a salvação nos leva a um relacionamento pessoal com nosso Pai e com Jesus como Senhor e Salvador (Mt 6.9; Jo 14.18-23); estamos livres da ira vindoura (Rm 5.9; 1 Ts 1.10; 4.16-17; Ap 3.10), além de outras bênçãos.


Em razão disso, somente o retorno voluntário ao pecado poderá alterar a nossa situação diante de Deus (Jo 15.6). O uso de qualquer objeto, seja no corpo, seja em nossa casa, não melhora em nada a nossa condição de filho, de herdeiro, de abençoado, de isento das investidas do diabo. Objetos não expulsam demônios, não quebram maldições, não substituem o poderoso nome de Jesus.


O nome de Jesus não pode ser substituído por um objeto ou um produto industrializado. O uso de amuletos evidencia não uma atitude de fé, mas de falta de fé. Deus não opera por esse meio, sejam cordões, pulseiras, pirâmides, cristais, velas ou qualquer outro produto. A Bíblia não apóia tal prática. A atitude de fé é o esperarmos no Senhor e nEle confiarmos. Alegremo-nos no Senhor e Ele nos concederá os desejos do nosso coração (Salmos 23.1; 37.4-7).


A nossa confiança deve ser depositada no Senhor. "Bem-aventurado o homem que põe no Senhor a sua confiança" (Sl 40.4). Se dividirmos a nossa fé entre Deus e os amuletos, estaremos coxeando entre dois pensamentos. Não é esta uma manifestação de fé, mas de incredulidade, de dúvida nas promessas de Deus. E a dúvida é inimiga da fé (Mt 21.21). "Abraão não duvidou da promessa de Deus, deixando-se levar pela incredulidade, mas foi fortificado na fé, dando glória a Deus, estando certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para cumprir" (Rm 4.20-21). Abraão creu na promessa de que seria pai de muitas nações. Aguardou confiantemente. Não apelou para objetos, amuletos, cordão, pulseiras, vassoura atrás da porta.


Os amuletos, longe de serem veículos de bênçãos, podem trazer maldições, porque a fé não está centralizada exclusivamente em Deus. Podemos ler Isaías 31.1 assim: "Ai dos que confiam no poder místico dos amuletos, mas não atentam para o Santo de Israel, nem buscam ao Senhor". O uso de amuletos pelo povo de Deus equivale a tomar o caminho de volta para o Egito. As nossas superstições foram deixadas no esquecimento. Não precisamos limpar nossos olhos com óleo ungido para não vermos as coisas do mundo. Pela ação do Espírito em nossas vidas, já morremos para essas coisas, para o sistema mundano, para o pecado. O Espírito que em nós opera não nos permite colocar coisas impuras diante de nossos olhos (Salmos 101.3).


Os objetos, ou qualquer tipo de material seja sólido ou líquido, do reino mineral ou do reino vegetal, não servem para aumentar a fé dos cristãos. O que transmite fé, o que proporciona fé, o que dá origem à fé, é a palavra de Deus (Rm 10.17). Jesus não distribuiu qualquer tipo de objeto para melhorar a fé de seus ouvintes. Nos primeiros passos da Igreja, vemos Pedro e demais apóstolos anunciando insistentemente o Cristo vivo, e falando com paciência dos mistérios de Deus e das palavras de Jesus. E todos se enchiam de alegria, e milhares aceitavam o Evangelho. "Disse-lhes Pedro: arrependei-vos, e cada um seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados. E os que com grado receberam a sua palavra foram batizados, e naquele dia agregaram-se quase três mil almas" (Atos 2.38-41).


O uso de amuletos é incompatível com a vida cristã e não proporciona prosperidade material ou espiritual a ninguém. Quem deseja viver uma vida de paz e de abundância deve buscar "primeiro o reino de Deus e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas" (Sl 37.25; Mt 6.33; Mc 10.29-30; Lc 12.31; Jo 10.10). Para viver a sua fé o cristão não precisa de figas, de cordão de ouro, varinha mágica, porque as maldições não prevalecem contra nossas vidas. "Como o pássaro no seu vaguear, como a andorinha no seu vôo, assim a maldição sem causa não encontra repouso" (Pv 26.2). A maldição nos alcança se não estivermos sob a proteção de Deus, se não confiarmos nEle, se estivermos em pecado.


A fé cristã rejeita o uso de qualquer objeto com o propósito de obter favores espirituais ou evitar a influência demoníaca. Do Egito já viemos. Das superstições já nos libertamos. Do jugo do opressor já estamos livres. Da Babilônia espiritual já saímos. Cristo quebrou na cruz todas as amarras, grilhões, embaraços; quebrou os fortes laços que nos prendiam ao mundo das trevas (Gl 3.13). Um irmão escreveu num fórum de debate: "Deus nos fez livres, livres de contatos físicos para O sentir, livres de pontos de apoio, para crer, livres de toda e qualquer espécie de superstição e amuletos, livres para crer num Deus que tudo supre, tudo faz, tudo opera naqueles que o amam".


Quando estávamos na ignorância espiritual, fazíamos uso de incensos e defumadores para afastar os maus espíritos. A Bíblia nos dá a receita: "Submetei-vos, pois a Deus. Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós" (Tg 4.7).


"Cristo nos libertou para que sejamos de fato livres. Estai, pois, firmes e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da escravidão" (Gl 5.1).


Do autor: www.secrel.com. br/usuarios/ aecosta

Namorar ou Ficar?


Namorar ou Ficar?
Por Pr. Wagner Antonio de Araújo


A sociedade atual está em profundo estado de mutação constante. Termos novos são criados, termos antigos são reinterpretados. Não há verdades absolutas e sim opiniões e verdades particulares. "Cada ser é um universo", dizem, e todos devem criar para si os seus próprios padrões e verdades.

Jovens e adolescentes estão sendo formados nesta sociedade mutante. Os conceitos aprendidos em família, por serem frágeis e apenas nominais, não sobrevivem à avalanche de deseducação encabeçada pela mídia e pelos formadores de opinião. Isto é igualmente válido para o lado afetivo do jovem.

O dicionário Aurélio define NAMORAR como: 1) Procurar inspirar amor; 2) Andar de namoro com; 3) Enamorar-se (que por sua vez significa deixar-se possuir de amor, apaixonar-se) . FLERTAR significa namoro rápido, namorico.

Até bem pouco tempo o namoro era algo pré-nupcial, com regras bem definidas e padrão comumente aceito. Alguém, ao sentir-se atraido por outrem de sexo oposto, procurava-o, propondo-lhe namoro. Este consistia de encontros constantes, com diálogos sobre os dois, momentos de romance, abraços e beijos limitados, com consideravel reserva e planos para o futuro. Os encontros eram feitos na casa da moça, com a presença de familiares, na sala, ou no portão, até às 22 horas no máximo. Também constavam passeios, atividades mútuas e correspondência.

Com o advento da era pós "Beatles"(conjunto de rock-and-roll inglês, que revolucionou a cultura ocidental após a década de 60) e o desenrolar do movimento "Hippie"(jovens americanos que lutavam pela liberação das drogas, extinção da família e amor livre), o namoro sofreu grandes mutações. Seus limites foram ampliados. Os encontros passaram a ser em cinemas, pizzarias, clubes, etc, sem a presença de familiares. No seu bojo as carícias íntimas e os atos pré-sexuais encontraram espaço livre. Como conseqüência, o número de jovens que se casaram grávidas ou ficaram sós aumentou vertiginosamente. Namoro passou a ser a "sala vip" do casamento, faltando apenas o chamado "papel passado". Por serem mal formadas, muitas famílias tornaram-se desestruturadas, terminando em divórcios. Filhos cresceram deficientes psicologicamente, sem modelos paternos e maternos consistentes.

Na década de 80 a chamada "AMIZADE COLORIDA" entrou em ação. Tratava-se de algo diferente do namoro. Rapazes e moças mantinham encontros libidinosos, com o compromisso de não terem quaisquer compromissos!

Com o passar dos anos o namoro continuou em processo de mutação. O império da AIDS (doença fatal sexualmente transmissível) , trouxe uma transformação na aceleração da libertinagem juvenil. Os preservativos entraram na lista de materiais comuns da lista de compras dos adolescentes, como a pílula na década de 70. Parte desta população resolveu "dar um tempo", "se cuidar". Nos Estados Unidos da América, uma igreja batista iniciou, junto aos seus adolescentes, uma campanha intitulada "QUEM AMA, ESPERA". Grande parte daquela região aderiu.

Porém, uma nova modalidade de namoro surgiu. Como a adolescência é uma idade instável, o desejo de independência provocou um novo tipo de relação: FICAR.

Pesquisando entre adolescentes, cheguei a 6 conclusões sobre o que significa para eles o FICAR:


1) FICAR É NAMORAR DE BRINCADEIRA

2) FICAR É PRATICAR PARA VER SE VAI DAR CERTO

3) FICAR É SUPRIR PROVISORIAMENTE A CARÊNCIA AFETIVA E SEXUAL

4) FICAR É CURTIR TODO MUNDO NUMA BOA, SEM COMPROMISSO

5) FICAR É NAMORO AVANÇADO, ONDE VALE TUDO

6) FICAR É A MODA ENTRE JOVENS E ADOLESCENTES


Quero discutir estes conceitos com vocês, apontando o que a bíblia diz sobre os princípios envolvidos no assunto. Espero que com isto, possa haver um esclarecimento considerável e um sólido desejo de praticar o ensino das Escrituras Sagradas.



1) FICAR É NAMORAR DE BRINCADEIRA

Você gosta de brincar com ratoeiras, cobras, bombas, botijões de gás ou facas? Não, não é mesmo? São brincadeiras perigosas e de mau gosto.

Brincar com os sentimentos dos outros, ou mesmo arriscar os seus, também é errado. A Bíblia diz: "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?" (Jr 17.9). Sentimentos são preciosidades. Não se gosta ou se deixa de gostar de brincadeira. Ademais, sempre se sai ferido de uma relação fingida.

Tudo quanto o cristão faz, pensa ou intenciona é para a glória do Senhor, devendo ser feito com responsabilidade e dedicação. Diz a Bíblia: "Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios e sim como sábios"(Ef 5.15). "Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens."(Cl 3.23).

2) FICAR É PRATICAR PARA VER SE VAI DAR CERTO

Deus não criou a família pelo sistema empírico (experimental) . Pelo contrário, o Seu desejo sempre foi agir em prol do homem, dando-lhe uma pessoa adequada para sua felicidade. Veja o exemplo de Adão (Gn 2.22) ou de Isaque (Gn 24.51).

Deus tem um plano para a união de dois corações, e pode conceder bênçãos maravilhosas! "Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á . Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e, a quem bate, abrir-se-lhe-á"(Mt 7.7,8). Cabe ao adolescente e ao jovem estar atento às pessoas ao seu redor, consultando o seu coração e a Palavra de Deus. "Esperei confiantemente pelo Senhor; ele se inclinou para mim."(Sl 40.1a). O jovem cristão deve escolher alguém debaixo da orientação de Deus e que seja também uma pessoa cristã. Do contrário, está pecando: "Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo? (II Co 6.14-16).

Namorar é conhecer alguém no sentido básico da palavra: gostos, temperamento, procedimentos, personalidade, reações, etc. O restante está reservado para o casamento.

Rapazes: como escolher uma namorada? Procure com sabedoria, lembrando que o que a garota é hoje com os pais dela ou em relação a Deus, ela o será amanhã com você também. Leia Provérbios 31.10-31 e repare nos sábios conselhos de uma mãe ao seu filho solteiro, para que se casasse com alguém digna. Procure uma moça cujos princípios sejam semelhantes a estes.

Garotas: Como escolher um rapaz: O Salmo 1.1-3 aponta o comportamento do homem bem-aventurado. As bem-aventuranç as trazem um perfil ideal para o esposo preparado por Deus: humilde de espírito, manso, parecido com Jesus, limpo de coração, pacificador (Mt 5.3-9). Peça ao Senhor, abra seus olhos e esteja atenta. Deus lhe mostrará e dará uma rica oportunidade de encontro. "Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, a ele seja a glória"(Ef 3.20,21a)

3) FICAR É SUPRIR PROVISORIAMENTE A CARÊNCIA AFETIVA E SEXUAL

Este argumento é falho. O ser humano sempre foi carente de afeto, seja pela falta sentida na infância, seja pela solidão circunstancial, e nunca houve necessidade de existir um relacionamento do tipo FICAR.

Há um amor maior que nos conforta e supre a carência: O AMOR DE DEUS. Diz a Bíblia: Nós amamos porque Ele nos amou primeiro"(I Jo 4.19). Nosso amor por Deus deve ser maior que qualquer outro amor humano, mesmo por alguém que é objeto de nossos sentimentos: "Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim."(Mt 10.37). Martinho Lutero, o mais importante líder da Reforma Protestante, declarou, em seu hino CASTELO FORTE: "Se temos de perder os filhos, bens, mulher, embora a vida vá, por nós Jesus está, e dar-nos-á Seu reino!" . Para gozarmos constantemente deste abundante amor, devemos estar em comunhão constante com Ele, por meio da leitura bíblica, da oração e do testemunho diante de todos. Tenha certeza de que Ele é provedor: "E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades" . (Fp 4.19).

Muito cuidado! Abraços e beijos podem se tornar uma armadilha do inimigo. Cumprimentar outrem com um ósculo santo, um beijo na face, é uma coisa. Exceder-se na saudação, dando lugar à licenciosidade e sensualidade, é outra. Cuidado! Fuja do pecado e da aparência do mal: "Abstende-vos de toda a forma do mal"(I Ts 5.22)

4) FICAR É CURTIR TODO MUNDO NUMA BOA, SEM COMPROMISSO

Este pensamento é anti-cristão. É uma afirmação, no mínimo, irresponsável. É fruto da carência de normas no ambiente familiar. A palavra CURTIR tem diversos significados, mas aqui é utilizada no sentido de namorar, "transar".

Sinceramente, você se casaria com alguém que já FICOU com todo mundo e que, na realidade, nunca "ficou" comprometida com ninguém? Você aceitaria que sua irmã ou sua mãe se comportassem deste jeito? Ora, se isto é escabroso quando imaginado em alguém que nos é preciosa, que nos é querida, por que faz e acha interessante com as pessoas de outras famílias? Lembre-se do sábio Salomão, que, em sua velhice, exclamou com veemência: "Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer."(Ec 12.1). Igualmente o apóstolo Paulo lembra algo muito importante a Timóteo, o seu filho na fé: "Ninguém despreze a tua mocidade; pelo contrário, torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza."(I Tm 4.12)

O cristão é um ser comprometido com Deus e com o ser humano. É alguém que "veste a camisa", que "lança mão do arado e não olha para traz.". Não ter compromisso efetivo com a pessoa querida é pecado, falta de caráter, fruto de uma educação distorcida e de um coração sem sentimentos. O que deve unir alguém à outro é o amor, e este é poderoso e permanente: "O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta; o amor jamais acaba"(I Co 13.8,9a).


5) FICAR É NAMORO AVANÇADO, ONDE VALE TUDO

Sendo um relacionamento mundano, fruto de uma sociedade sem Deus, FICAR não serve para nós. Simular um comportamento afetivo com quem não se ama? Ter comportamento de pessoas casadas estando solteiro? Fazê-lo com pessoas estranhas? Isto é perversão, hipocrisia e mentira. Tolo é aquele que crê nas mentiras, crê no carinho do estranho, no amor de quem não está nem aí com os sentimentos alheios. Tal pessoa está caindo na armadilha de Dalila, que trocou afetos, carinhos e atos conjugais pela destruição do infeliz Sansão (veja Juízes, capítulo 16). Quem age assim não merece você. Deus tem alguém especial, alguém que não lhe tenha como "estepe", como "quebra-galho" , mas sim como alguém de fundamental importância.

Se você já se comportou mal assim, Deus tem um remédio para seu erro: arrependimento! "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça"(I Jo 1.9)

6) FICAR É A MODA ENTRE JOVENS E ADOLESCENTES

Pode estar na moda, mas está errado. Aliás, este mundo está debaixo da orientação do Diabo, e nada tem de Jesus. Nós, os cristãos, não somos mais deste mundo, por isso devemos sempre pedir ao Senhor para nos livrar do mal. Resta saber de que lado você está. Se você é um cristão nominal, que não se converteu, então a moda é sua. Mas, se você tem ao Senhor Jesus Cristo como seu Senhor e Mestre, então o pecado não pode exercer domínio sobre você, e a moda não o obrigará a agir como todos agem.

Sabe o que muita moda é? Um disfarce do inimigo, de sua influência sobre o povo do mundo. Já percebeu que as modas geralmente trazem um ideal errado? Primeiro de abril traz a mentira. Verão forte traz top less e naturismo (nudismo). Carnaval traz rebelião contra autoridades, homossexualismo, drogas, adultério, etc. Já ouviu falar de uma moda que trouxesse arrependimento, paz entre os povos, alimento aos famintos, distribuição de renda, perdão aos magoados? Claro que não. Portanto, fuja da moda! Seja esperto, seja jovem, seja atual, mas somente no que concerne à linguagem e socialização gerais; nunca às práticas nocivas. "...Não sabeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo, constitui-se inimigo de Deus.. (Tiago 4.4); "Não ameis o mundo, nem as coisas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele."(I Jo 2.15). Deus tem outra moda. A moda dele é melhor. Se ligue em Seus caminhos.

CONCLUSÃO - FICAR É FRIA. FICAR É COISA PASSAGEIRA. BUSQUE A ORIENTAÇÃO DE DEUS EM SUAS RELAÇÕES. QUE SEJAM RETAS, ADEQUADAS, PURAS E DURADOURAS.

Recomendamos os livros do Pr. Jaime Kemp e as demais publicações da Editora Sepal sobre o assunto NAMORO, NOIVADO, CASAMENTO, SEXO, LAR CRISTÃO, DISCIPULADO.

Que Deus o abençoe.



Pr. Wagner Antonio de Araújo
Igreja Batista Boas Novas de Osasco, SP

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Salvação Infantil


Salvação Infantil

"Vai bem com teu filho? E ela disse: Vai bem." – II Reis 4.26

O assunto do sermão de hoje de manhã será "Salvação Infantil". Talvez não ele seja interessante para todos presentes, mas eu não me lembro de ter pregado sobre este assunto para esta congregação e, além disso, eu estou ansioso para que as séries impressas [dos sermões pregados nesta Metropolitan Baptist Chruch] contenham sermões abrangendo o inteiro escopo da Teologia. Eu não creio que haja um ponto sequer [da Teologia Sistemática] que deveria ser deixado para trás no nosso ministério, mesmo que ele conceda conforto para apenas uma classe [de ouvintes e leitores]. Talvez uma Grande proporção desta platéia, em algum tempo ou outro, tenha derramado lágrimas sobre o caixão de criancinhas; -- e talvez, através desta pregação, consolação seja dada a else.

[Primeiramente] Geazi perguntou a essa boa Sunamita se estava bem quanto a ela. Ela estava lamentando o filho que havia morrido, e mesmo assim ela disse "Vai bem;" ela sentia que sua provação seria certamente abençoada [no final das contas]. [Geazi também perguntou:] "Vai bem com teu marido?" Este era velho e avançado em dias, e estava já no processo de amadurecimento final para a morte, mas ainda assim ela disse "Sim, vai bem". Então veio a pergunta sobre o filho que estava morto em Casa, e a pergunta renovaria as suas dores: "Está tudo bem com a criança?" Ela ainda disse: "Vai bem", talvez respondendo assim porque tinha uma fé que ele logo deveria ser restaurado para ela, e que a ausência temporária estava bem; ou, eu acho, ela respondeu assim porque estava persuadida de que, fosse o que fosse que tivesse acontecido com o espírito do seu filho, ele estava seguro debaixo do cuidado de Deus, ele estava feliz à sombra das Suas asas. Portanto, não temendo que ele estava perdido, não tendo qualquer suspeita de que seu filho foi lançado para longe do lugar de gozo — porque tal suspeita teria impedido ela de Dar tal resposta — ela disse "Sim, o meu filho está morto, mas 'vai bem'".

Agora, que toda mãe e todo pai, aqui presentes, saibam com segurança que tudo está bem com o seu filho, se Deus o tirou de vocês nos dias da infância. Vocês nunca ouviram a sua declaração de fé (pois ele não era capaz de tal coisa); ele não foi batizado no Senhor Jesus Cristo, não foi sepultado com Ele em batismo; não foi capaz de Dar aquela "resposta de uma boa consciência para com Deus;" todavia, vocês podem descansar seguros de que tudo vai bem com a criança, bem em um sentido mais alto e melhor do que está bem com vocês mesmos; bem sem limitação, bem sem exceção, bem infinitamente, "bem" eternamente. Talvez vocês irão dizer "Quais razões temos para crer que tudo vai bem com o nosso filhinho [já morto]?"

Antes que eu entre nisso eu faria uma observação. Tem sido maliciosamente, enganosamente e caluniosamente dito a respeito dos Calvinistas, que nós cremos que algumas crianças [mortas] perecem. Aqueles que fazem esta acusação sabem que tal denúncia é falsa. Eu não ouso mesmo esperar, embora desejasse assim poder fazer, que é com ignorância que tais acusadores nos deturpam. Else impiamente repetem [e nos atribuem] o que [por nós] tem sido negado mil vezes, o que else sabem não é a verdade. No conselho de Calvino para Omit, ele toma [a promessa- justificativa em] Exo 20:6 "E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos" [dada por Deus para] o segundo mandamento ["4 Não farás para it imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. 5 Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam." (Êx 20:4-5 ACF)] e a interpreta como referindo-se a gerações, e então ele parece ensinar que crianças que têm ancestrais piedosos [isto é, verdadeiros salvos], não obstante quão remotamente [na árvore genealógica], morrendo como crianças são salvas. Isso certamente incluirá [as crianças mortas] de toda a raça [humana]. Dos Calvinistas modernos, não conheço nenhuma exceção, mas todos nós esperamos e cremos que todos que morrem quando crianças são eleitos. Dr. Gill, que tem sido recentemente visto como sendo o padrão de Calvinismo, e talvez do ultra-Calvinismo, nunca dá a mínima dica em nenhum momento, nem afirma que qualquer criança tem perecido, mas afirma que isto é um assunto misterioso e nebuloso, mas que é a sua posição, e ele crê que tem as Escrituras para justificar, que os natimortos não pereceram, mas foram contados com os escolhidos de Deus e, portanto, entraram no descanso eterno. Nunca temos ensinado contrariamente, e quando somos taxados assim eu o rejeito e digo: "Você pode ter dito assim, mas nós nunca dissemos assim, e você sabe que nunca dissemos tal. Se você ousar repetir tal difamação de novo, então que a mentira marque na sua face em escarlata, se você ainda tiver a capacidade de sentir vergonha". Nós nunca nem sequer sonhamos com tais coisas. Com poucas e raras exceções, tão raras que eu nunca ouvi delas a não ser da boca de difamadores, nunca imaginamos que as crianças que morreram em tenra idade têm perecido, e temos crido que entrem no paraíso de Deus.

Então, nesta manhã, primeiramente procurarei explicar como cremos que as criancinhas são salvas; em segundo lugar darei as razões para tal crença; e depois, em terceiro lugar, buscarei uma aplicação prática do assunto.



I. Primeiramente ... COMO CREMOS QUE AS CRIANÇAS SÃO SALVAS.

Alguns apóiam a idéia do gozo eternal da criancinha na sua inocência. Não fazemos tal; cremos que a criancinha caiu [em pecado] dentro do primeiro Adão, "Assim como todos morrem em Adão". A posteridade inteira de Adão, infante ou adulta, era representada por ele – ele representou todos; e, quando ele caiu, caiu em lugar de toda ela [todos caíram dentro dele]. Não houve nenhuma exceção na aliança das obras feito com Adão [e no alcance das conseqüências de sua queda] a respeito das criancinhas morrendo; e estes que estavam incluídos em Adão, mesmo que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão, têm a sua culpa original. Estes são "nascidos no pecado e inteiramente em iniqüidade; em pecado são concebidos pelas suas mães", assim diz Davi de si mesmo, e (por inferência) de toda a raça humana. Se são salvas não cremos que seja por inocência natural. Entram no céu pelo mesmo caminho que entramos; são recebidas no nome de Cristo. "Ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto", e não penso nem sonho que haja um fundamento diferente para a criancinha além do que aquele posto para o adulto. Igualmente, é tão distante das nossas mentes crer que criancinhas vão ao céu através do batismo — afirmando, em primeiro lugar, que cremos que aspersão infantil é uma invenção humana e carnal, um acréscimo à Palavra de Deus, e portanto, ímpia e danosa. Quando refletimos que [o batismo infantil] é algo pior do que superstição (uma vez que é introduzido com deliberada intenção de falsificar e enganar), quando refletimos como as crianças são ensinadas que através de seu batismo tornam-se filhos de Deus e herdeiros do reino de Deus (o que é a pior mentira criado no inferno ou expressa em baixo dos céus), nossos ânimos afundam-se por causa dos aterrorizantes erros que têm sutilmente se introduzido na Igreja pela portinhola da aspersão infantil. Não! As crianças não são salvas por serem batizadas, pois, se o fossem, então os seguidores de Edward Bouverie Pusey teriam razão em se negarem a enterrar as nossas criancinhas se estas morrerem não batizadas. Sim, o bárbaro tem razão em, como faz até o dia de hoje, mandar os pais para fora do cemitério de propriedade da sua própria igreja nacional, dizendo que o filho deles pode decompor-se a céu aberto e que [depois] não será enterrado a não ser à meia-noite, porque as supersticiosas gotas de água nunca foram aspergidas sobre a face da criança. Ele tem razão se o batismo torna a criancinha cristã, e se aquela criança não puder ser salva fora dele. Tão revoltante insulto [a Deus, Sua Graça, Seu evangelho] deve ser imediatamente evitado pelos cristãos. Se for arrebatada pela morte, a criancinha estará salva do mesmo modo pelo qual nós fomos salvos, estará [salva] por razões outras que as de rituais e cerimônias, e a vontade do homem.

Por qual razão, então, cremos que as criancinhas [mortas] são salvas? Cremos que uma criancinha [viva] está tão perdida como toda a humanidade, e [totalmente] condenada pela sentença que disse "no dia em que dela comeres, certamente morrerás". Ela é salva por ser eleita. No escopo da eleição, no livro da vida do Cordeiro, cremos que serão achadas milhões de almas que só [brevemente] apareceram sobre a terra e depois voaram para o céu. Todas elas são salvas por terem sido também, como nós, redimidas pelo precioso sangue de Jesus Cristo. Aquele que derramou Seu sangue para todo Seu povo, comprou-os com o mesmo preço com o qual redimiu os pais delas e, portanto, elas são salvas porque Cristo representou- as e sofreu por elas no seu lugar. São salvas não sem regeneração, pois "aquele que não nascer de novo" — o texto não designa um homem adulto mas uma pessoa, qualquer um ser da raça humana — "aquele que não nascer de novo não pode ver o reino de Deus". Sem dúvida, numa maneira misteriosa o Espírito de Deus regenera a alma da criancinha e ela entra na glória e é feita adequada para ser participante da herança dos santos da luz. Que isto é possível é comprovado das Escrituras. João, o Batista, foi cheio do Espírito Santo desde a ventre da sua mãe. Lemos de Jeremias, também, que a mesma coisa ocorreu a ele; e de Samuel encontramos que ainda criança o Senhor o chamou. Cremos, portanto, que antes que o intelecto possa funcionar [plenamente] , Deus, o Qual não opera segunda a vontade do homem, nem do sangue, mas pela agência misteriosa do Seu Espírito Santo, cria na alma da criancinha uma nova criatura em Cristo Jesus, e então ela entra naquele "repouso para o povo de Deus". Pela eleição, pela redenção, pela regeneração, e em nenhuma outra maneira, a criança entra na glória pela mesmíssima porta pela qual cada crente em Cristo espera entrar. Se não pudéssemos crer que crianças podiam ser salvas como os adultos, se fosse necessário propor que a justiça de Deus tem que ser infringida, ou que o Seu plano da salvação deveria ser ajustado para responder em particular ao caso [das criancinhas] , então estaríamos em dúvida; mas podemos perceber que é com os mesmos meios, pelo mesmo plano, apoiados no mesmo fundamento, e através das mesmas agências, que a alma da criancinha [morta] pode contemplar a face do Salvador na eterna glória, e portanto somos consolados nesse assunto.



II. Agora tudo isto me leva a notar AS RAZÕES PORQUE CREMOS QUE CRIANCINHAS SÃO SALVAS.

Primeiramente, temos que deixar bem claro que a nossa convicção [sobre salvação de crianças] está fundamentada sobre a bondade da natureza de Deus. Dizemos que a doutrina oposta, que diz que algumas criancinhas perecem e estão perdidas, é inteiramente repugnante ao entendimento que temos sobre Aquele cujo nome é Amor. Se tivéssemos um Deus cujo nome era Moloque, se Deus fosse um tirano arbitrário, sem benevolência ou graça, poderíamos supor algumas criancinhas sendo lançadas no inferno; mas nosso Deus, que dá sustento aos filhos dos corvos quando clamam, certamente não achará nenhum regozijo no clamor e gritos das criancinhas lançadas para longe da Sua presença. Lemos dEle que Ele é tão bondoso que cuida dos bois, que não teria atada a boca do boi que trilha o cereal. Sim, Ele cuida do passarinho no seu ninho e não deixaria morrer a mãe deles enquanto está aninhando os seus pequenos. Ele deu mandamentos e ordenanças até para as criaturas irracionais. Ele providencia comida para o animal mais bruto, e também não negligencia nenhuma minhoca mais do que um anjo, e podemos nós crer que, com tal bondade universal quanto essa, que Ele lançaria a alma da criancinha, digo eu, seria contrário a tudo que temos lido e crido dEle, que a nossa fé enfraqueceria diante de uma revelação que afirmaria um fato tão singularmente excepcional ao grau usual de Seus outros feitos. Temos aprendido humildemente a submeter-nos à Sua vontade e não nos atreveremos a criticar ou acusar o SENHOR de tudo; nós confiamos que Ele é justo em tudo que Ele quer fazer! Portanto, qualquer coisa que é revelada por Ele, aceitaremos; mas Ele nunca pediu, e eu acho que Ele nunca pedirá de nós, tão desesperada fé quanto imaginar bondade [de Deus] na miséria eterna de uma criancinha lançada no inferno. Lembremos que, quando Jonas — o petulante e espontâneo Jonas — desejou a perdição de Nínive, Deus disse a razão pela qual Nínive não deveria ser destruída, ou seja, que continha mais de 120 mil criancinhas, --pessoas, Ele disse, que não sabiam discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda. Se [Deus] poupou a Nínive, cuja vida mortal seria poupada, pensaria você que as almas imortais delas [das criancinhas mortas) seriam descartadas desnecessariamente? Eu deixo tudo ao seu raciocínio. Não é um caso que devemos ter muitos argumentos. O seu Deus lançaria fora uma criancinha? Se o seu Deus faria isto, então eu estou feliz em dizer que Ele não é o Deus que eu adoro.

Novamente, cremos que [lançar no inferno a criancinha que morre] seria grosseiramente inconsistente com o caráter revelado do nosso Senhor Jesus Cristo. Quando os Seus discípulos impediram os meninos cujos mães ansiosas Lhe trouxeram, Jesus disse: "Deixai vir os meninos a Mim e não os impeçais; porque dos tais é o Reino de Deus." Assim Ele nos ensinou, como John Newton corretamente afirma, que tais como estes meninos constituem grande parte do Reino de Deus. E, quando consideramos, usando as melhores estatísticas, que é calculado que mais de um terço da raça humana morre ainda criança, e quando consideramos aquelas vastas regiões onde prevalece o infanticídio [e os abortos, naturais ou por assassinato] , como nos países pagãos tais como a China e outros assim, [de modo que] talvez metade da população mundial morra antes de chegar à idade da razão — [então] a instrução do Salvador carrega grande força de fato, "dos tais é o reino de Deus". Se alguns me relembram que o Reino de Deus significa a dispensação da Sua graça sobre a terra, eu respondo: Sim, é verdade, mas também significa a mesma dispensação no céu, pois enquanto parte do Reino de Deus está sobre a terra na igreja, então, desde que a igreja é sempre uma, aquela outra parte da igreja que já está no alto [céu] também é o reino de Deus. Sabemos que este texto é usado constantemente como uma [pseudo] prova [da permissão e ordem] de Batismo [infantil], mas em primeiro lugar, Cristo não batizou estas crianças, pois "Jesus mesmo não batizava", e também Seus discípulos não os batizaram, pois eles os impediam de vir e os queriam expulsar para longe. Então, se Jesus não os batizou, e nem os seus discípulos, quem os batizou? Este texto não tem mais a ver com batismo do que tem com circuncisão. Não há a mínima alusão ao batismo no texto ou no contexto. Posso provar a circuncisão de criancinhas deste texto com a mesma lógica que outros procurem usá-lo para provar batismo infantil. Contudo, o texto prova isto: que criancinhas compõem uma grande parte da família de Cristo e que Jesus Cristo tem amor e amabilidade para com os pequeninos. Quando os meninos clamavam no templo: Hosana! Ele os reprovou? Não, mas regozijou-se nas infantis exclamações. "Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor". Este texto também parece afirmar que no céu haverá "perfeito louvor" dado a Deus pela multidão dos querubins [as criancinhas mortas] que estavam aqui na terra — aqueles pequeninos acariciados no seio dos pais — e subitamente [e prematuramente] levados ao céu. Não posso crer que Jesus diria às criancinhas "Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos"! Eu não posso pensar que seja possível que Aquele que é amoroso e terno, quando Ele se assentar a julgar as nações, coloque as criancinhas na Sua esquerda e as bana para sempre da Sua presença. Como imaginar que Ele poderia dizer às criancinhas "Tive fome e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; estando nu, não me vestistes, e enfermo, e na prisão, não me visitastes"? Como poderiam as criancinhas ter feito isto? Se a maior razão de condenação está nos pecados de [consciente e deliberada] omissão, então como iria Cristo condenar os infantes e lançá-los na perdição (por um pecado que as criancinhas não tinham a possibilidade de cometer, por não terem o poder de fazerem o dever)?

Ademais, pensamos que a natureza da graça [de Deus], se a consideramos, faz com que seja muito improvável, para não dizer impossível, que uma alma de uma criancinha [morta] devia ser destruída. O que diz as Escrituras? "Onde abundou o pecado, superabundou a graça." Tal verdade não pode ser dita a respeito de uma criancinha lançada na perdição. Sabemos que Deus é abundantemente gracioso, que tais expressões como "as riquezas incompreensíveis de Cristo", "Deus, que é riquíssimo em misericórdia", "grande em benignidade", "abundantes riquezas da Sua graça", e outras tais, são verdadeiras sem exageração e sem hipérbole. Sabemos que Deus é bom para com todos, e que as Suas misericórdias são sobre todas as Suas obras, e que, na Sua graça, Ele pode fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos. A graça de Deus buscou no mundo o pior dos pecadores. Não se desviou do mais vil de todos os vis. Aquele que se auto-intitulou o maior dos pecadores tornou-se participante do [banquete do] amor de Cristo. Todo tipo de pecado e blasfêmia tem sido perdoado ao homem. Ele já salvou perfeitamente os que por Cristo se chegaram a Ele e, pergunto, será consistente com tal graça que ela deve ignorar os multidões de multidões de pequeninos que têm a imagem do Adão terrestre, e não coloque sobre eles a imagem do [Adão] celestial? Eu não posso conceber tal coisa. Todo aquele que tem provado, experimentado e tocado da graça de Deus, penso eu, vai instintivamente sentir repugnância e se afastar de qualquer outra doutrina senão esta: que, muito seguramente, aqueles que morrem como criancinhas estão salvos.

E, ainda, um dos mais fortes argumentos de sã inferência se acha no fato que as Escrituras positivamente afirmam que o número das almas salvas, no final das contas, será muito grande. No livro de Apocalipse, lemos a respeito de uma multidão a qual ninguém podia contar. O salmista fala dos tais como sendo tão numerosos com as gotículas de orvalho no ventre da manhã. Muitas passagens Bíblicas profetizam para Abraão, como o pai dos crentes, uma semente tão numerosa quanto as estrelas do céu, ou quanto a areia nas praias. Cristo verá o trabalho da Sua alma e será satisfeito; asseguradamente, não é um pouco que O satisfará. O poder e a beleza da preciosa redenção incluem a redenção de uma grande multidão. Em todo lugar nas Escrituras aparece o ensino de que o céu não será um mundo pequeno, e que a sua população não será como um punhado rabiscado nos campos de uma grande fazenda, mas que Cristo será glorificado por dez milhares de dez milhares que foram redimidos pelo Seu sangue. De onde virão estes? Considerando o mundo geográfico, somente uma pequena parte dele é usualmente chamada de cristandade! Observe num mapa. Daqueles países que são considerados como sendo de crentes em Cristo, quão poucos de seus cidadãos [sequer cogitam em] carregar o nome de crente [verdadeiro] ! De quão poucos poderia ser dito que têm pelo menos uma ligação nominal com a igreja de Cristo? Entre aqueles membros [ativos] de alguma das [poucas] igrejas [verdadeiras e fiéis], muitos são hipócritas e não conhecem a verdade! Eu não vejo como possível (a não ser que o milênio venha muito em breve e que se estenda muito além de mil anos [e seja muito grandes a taxa de natalidade e a percentagem dos salvos], eu não entendo como pode ser possível que um número tão grande deve entrar nos céus a não ser a possibilidade de que as almas das criancinhas [mortas] constituem sua grande maioria. É uma doce crença para a minha mente que serão mais os salvos do que os perdidos, pois em todas as coisas a preeminência será dada a Cristo, portanto por que não nisso também [isto é, no aspecto quantitativo] ? Foi um pensamento de um grande teólogo que talvez naquele dia o número dos perdidos não será em proporção maior em relação ao número dos salvos do que, hoje, o número dos criminosos nas penitenciárias não é em maior proporção em relação a aqueles que estão livres. A minha esperança é que seja assim. De qualquer modo, não é o meu dever perguntar: "Senhor, são poucos os que serão salvos?" A porta é estreita, mas o Senhor sabe trazer milhares por ela sem fazê-la mais larga, e nós não devemos tentar esbarrar qualquer pessoa por a estreitarmos ainda mais. Sim! Eu sei que Cristo terá a vitória e que Ele é seguido por hostes inumeráveis, sei que o vil príncipe do inferno nunca terá tantos seguidores quanto Cristo no Seu triunfo resplandecente. E, se isto é assim, então as [almas dos que que morrem como] criancinhas têm que estar salvas, porque, se não estiverem, nós [de algum modo] temos que fazê-las [crer e] ser salvas [antes de morrerem], porque, de algum modo, sentimos que elas têm que vir a ser numeradas com os abençoados, e [irão] morar com Cristo no porvir.

Agora abordemos um ou dois casos incidentais que ocorrem na Escritura, os quais podem esclarecer este assunto. Você não tem esquecido o caso de Davi. Seu filho por Bate-Seba teria que morrer como castigo pelo ofensa do pai. Davi orou, jejuou, e afligiu sua alma, e, no fim, informaram-no de que a criança morrera. Então ele não jejuou mais, mas disse "Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim." E agora, para onde Davi esperava ir? Para o céu, dizemo-lo com toda segurança. Então o seu filhinho tem que estar lá, pois ele disse, "Eu irei a ela." Eu não escuto-o dizendo a mesma coisa a respeito de Absalão. Ele não se pôs de pé junto ao cadáver de Absalão e pronunciou "Eu irei a ele", pois não tinha esperança para aquele filho rebelde. No caso da criancinha, Davi não chorou "quem me dera que eu morrera por ti." [como fez com Absalão]. Não, ele pode deixar a alma desta criancinha partir, tendo ele perfeita confiança, pois ele pode dizer, "Eu irei a ele." "Eu sei," ele poderia ter dito, "que Ele estabeleceu comigo uma aliança eterna, a qual em tudo é bem ordenada e guardada, e quando ando pelo vale da sombra da morte não temerei mal algum porque Tu estás comigo. Irei a meu filho e no Céu seremos reunidos uns com os outros". Você relembra também aqueles casos que já tenho citado que dizem que as crianças antes que saíram da madre foram santificadas. Estes casos nos sugerem que não é impossível que uma criancinha possa ser um participante da graça [de Deus] ainda sendo um bebê. Também existe a passagem "Pela boca dos meninos e das criancinhas de peito tiraste o perfeito louvor?" A saída de Egito foi um símbolo da redenção da semente escolhida, e você sabe que neste caso os pequeninos foram juntos [com os adultos que creram e obedeceram e foram tirados da escravidão para a liberdade]. Sim, nem mesmo uma unha foi deixada para trás. Na maior redenção, por que as crianças não poderiam ajuntar-se no cântico de Moisés e do Cordeiro? Também existe a passagem em Ezequiel onde quem tem só pouco, devemos apanhar até mesmo as migalhas e fazer como o nosso Mestre fez, "Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca." Há uma passagem em Ezequiel 16.21 onde Deus censura o Seu povo por dar as suas crianças a Moloque, fazendo-lhes passar pelo fogo, e Ele diz em referência a estes pequeninos, "E mataste a meus filhos, e os entregaste a elas para os fazerem passar pelo fogo." Então, esses pequeninos, que morreram nos braços ardentes de Moloque como criancinhas, eram filhos de Deus. Podemos, portanto, crer concernente a todos os que dormem nestes primeiros dias de vida, que Jesus disse deles: "Estas são as minhas crianças." E que Ele, ainda hoje, enquanto leva as Suas ovelhas às fontes de água viva, ainda não esquece de cumprir a Sua própria ordem: "Apascenta os meus cordeiros." Sim, ainda hoje Ele carrega os "Seus cordeirinhos no Seu regaço" e, mesmo diante do trono eterno, Ele não se vergonha de dizer: "Eis-me aqui, com os filhos que me deu o SENHOR." Há uma outra passagem nas Escrituras que penso que pode ser usada. No primeiro capítulo de Deuteronômio, houve uma ameaça pronunciada sobre os filhos de Israel no deserto, que, com a exceção de Calebe e Josué, eles nunca veriam a terra prometida; contudo, é dito: "E vossos meninos, de quem dissestes: Por presa serão; e vossos filhos, que hoje não conhecem nem o bem nem o mal, eles ali entrarão, e a eles a darei, e eles a possuirão." A vocês, pais e mães que não temem a Deus, que vivem e morrem sem Cristo, eu ousaria dizer, a incredulidade de vocês não pode barrar seus filhinhos [mortos de entrarem] no Céu, e eu louvo a Deus por isso. Sim, vocês não podem usar este texto que diz: "A promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos...a tantos quantos Deus nosso Senhor chamar", mas, do mesmo modo como o pecado da geração no deserto não impediu a próxima geração de entrar na Canaã, assim o pecado de pais incrédulos não necessariamente será a ruína dos seus filhinhos [mortos], mas estes serão, pela graça soberana de Deus e pela Sua superabundante misericórdia, participantes do descanso que Ele tem reservado para Seu povo. Nesta manhã, entendam que eu não tenho feito distinção entre os filhos de pais piedosos e os de pais ímpios. Se os filhos morrem na infância, eu não me importo sobre quem é o pai ou a mãe deles, tais filhos estão salvos. Eu não endosso a teoria de um líder presbiteriano que supõe que os filhos de pais piedosos terão um lugar melhor no Céu do que aqueles que por força das circunstâncias vêm de pais ímpios. Eu não creio em nada disso. Eu não tenho certeza de que há graus nos céus; e, mesmo se houvesse, eu não tenho certeza de que isso provaria que nossos filhos têm mais direitos do que os outros. Todas as criancinhas [mortas], sem exceção, seja lá de quais lombos vieram, alcançarão, não pelo batismo, não pela fé dos pais, mas simplesmente como todos nós somos salvos pela eleição de Deus, através do sangue precioso de Cristo, pela influência regeneradora do Espírito Santo, digo, alcançarão glória e imortalidade, e terão a imagem do [Adão] celestial , tanto quanto eles têm tido a imagem do [Adão] terrestre.



III. Agora quero aplicar O USO PRÁTICO DESTA DOUTRINA.

Primeiramente, que seja [esta doutrina] um conforto aos pais enlutados. Você diz que [seu filho] é uma cruz pesada para carregar. Lembre-se, é mais fácil carregar uma cruz morta do que uma cruz vivente. Carregar uma cruz vivente é uma verdadeira tribulação, -- ter um filho que é rebelde na sua infância, violento na sua juventude e depravado na sua maioridade! Ah, quem dera que tivesse morrido no ventre! Que Deus tivesse impedido que ele visse a luz! Muitos corações de pais têm sido trazidos à sepultura através das dores [ou mesmo assassinatos] causadas pelos seus filhos viventes, mas eu penso que nenhum tem sido trazido através dos seus filhos natimortos, com certeza se os pais fossem cristãos poderiam ser confortados pelas palavras do apóstolo: "que não vos entristeçais". Você gostaria que o seu filhinho [morto] vivesse [até bem mais tarde]? Ah, se você pudesse ver além do véu do futuro e ter percebido a vida que ele teria tido! Desejaria que ele vivesse numa penitenciária? Desejaria que ele amaldiçoasse o Deus do seu pai? Desejaria que ele tornasse o seu lar desestruturado, e fizesse você molhar o seu travesseiro com lágrimas, e mandasse você para o seu trabalho diário com suas mãos pesadas por causa de tristeza? Este poderia ser o caso; mas não é assim, pois agora seu filho canta diante do trono de Deus. Você sabe de quais desastres o seu pequeno se livrou? De certo, você já tem tido o suficiente e demasiado [de dores, desastres, pecados, remorsos]. Este foi nascido de mulher, teria sido de poucos dias e cheio de problemas, assim como você. Ele escapou destes sofrimentos, você se lamenta disto? Lembre-se também dos seus próprios pecados e da profunda tristeza do arrependimento. Se este filho não tivesse morrido, teria sido um pecador e deveria ter conhecido a amargura da convicção do pecado. Disso ele escapou; ele regozija-se agora na glória de Deus. Entendendo isso, desejaria você tê-lo de volta? Pais enlutados, se vocês pudessem por um momento só ver a sua posteridade lá no Céu, penso que com determinação enxugariam as suas lágrimas. Lá, entre as vozes doces que cantam o cântico perpétuo, pode ser ouvido a voz do seu próprio filho – agora um anjo e você a mãe de um cantor que está diante do trono de Deus. Você não teria resmungado se você tivesse recebido a promessa de que seu filho seria elevado à posição [e palácio] de um par dos homens mais ilustres [do país], saiba que ele tem sido elevado [infinitamente] mais alto do que tudo isso – à elevada posição [entre os filhos do Rei], no céu. Ele tem recebido a dignidade dos imortais, tem sido vestido em vestimentas melhores do que as dos reis, e é mais rico e mais abençoado do que se ele tivesse todas as coroas da terra. Do que então você reclamaria? Um poeta do passado escreveu uns versos propícios para um epitáfio de criança:

Curta foi minha vida, o meu descanso é maior,
Deus leva mais cedo aqueles que mais ama.
Quem nasce hoje e morre amanhã,
Perde umas horas de gozo, mas anos de tristeza.
Outras mazelas sempre vêm nos torturar,
A morte vem uma vez, e isto para nos aliviar.

De uma vez por todas a morte visitou seu filho e, por isso, ele foi aliviado de todas estas mazelas, e você pode concluir: disso sabemos, ele é abençoado supremamente, tem escapado do pecado e dos cuidados e das dores, e com o Salvador descansa.
"Feliz o nenê" diz Hervey, "que,

Privilegiado pela fé, um labor encurtado e um peso menor,
Recebeu, senão ontem, a dádiva da vida,
E foi ordenado para amanhã ser ceifado pela morte."

Enquanto um outro diz, olhando para cima, em direção ao céu,

"Que viagem abençoada, que sorte cobiçada,
Sem nenhum conflito, coroado,
Sem dor ter conhecido, só gozo experimentado
Sem [conquistar] fama, renomado."

Assim é. É louvável estar guerreando e receber [o gozo] no futuro, mas também é bom receber [o gozo] sem ter que guerrear! É bom cantar o cântico da vitória depois de ter atravessado o Mar Vermelho com todos os seus terrores, mas cantar o cântico sem [sofrer] o mar é ainda glorioso! Eu não sei se eu mesmo preferia a condição de uma criança no céu. Eu creio que é mais nobre ter suportado a tempestade e ter lutado contra o vento e a chuva. Creio que será objeto de congratulações por toda a eternidade, para você e para mim, o fato de que não chegamos ao céu de uma maneira tão fácil, pois esta vida mortal é transitória como a furada de um alfinete, mas, depois, há a excedentemente grande glória no porvir. No entanto, mesmo assim, creio que podemos agradecer a Deus por aqueles pequeninos que não experimentaram os nossos pecados ou as nossas enfermidades e nem nossas dores, e já entraram no seu descanso eterno. Assim, o Senhor diz a você, ó "Raquel chorando os seus filhos, E não querendo ser consolada, porque já não existem." Assim diz o SENHOR: "Reprime a tua voz de choro, e as lágrimas de teus olhos; porque há galardão para o teu trabalho, diz o SENHOR, pois eles voltarão da terra do inimigo."

A próxima conclusão, e talvez a mais útil e proveitosa que pode vir deste texto, é esta: muitos de vocês são pais que têm filhos no céu. Não é uma coisa desejável que você possa ir para lá também? Será que tenho neste auditório alguns talvez que não têm nenhuma esperança no porvir? Você tem deixado aquilo que é além do túmulo para ser tratado num outro dia, você tem dado todo o seu tempo e preocupações aos cuidados curtos e transitórios desta vida mortal. Mãe, mãe não convertida, das margens do céu o seu filho acena para você vir ao paraíso. Pai, pai sem arrependimento, o olhar daquele que antes você olhou com gozo vê você agora, e os lábios que fracamente te chamaram "pai" mas foram fechados em silêncio pela morte, podem ser ouvidos como se fossem uma voz mansa, ainda essa manhã, "Pai, devemos ser para sempre divididos por esse grande abismo que nenhum homem pode passar?" Não coloca a própria natureza um desejo na sua alma de poder vir a ser ligado com a vida dos seus próprios filhos? Então pare e pense! No estado em que você está agora, você não tem esperança para aquilo, pois seu caminho é pecaminoso, você tem esquecido de Cristo, não se arrependeu do seu pecado, tem amado mais o salário da iniqüidade [do que a Deus]. Eu rogo-lhe que você vá ao seu aposento esta manhã e pense da sua [presente] condição que [se não for mudada] o levará a permanecer separado dos seus pequeninos, banido para sempre da presença de Deus, lançado "Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga." Se pensar nestes assuntos, talvez o seu coração começará a se mover, e os olhos podem começar a lacrimejar, e talvez assim o Espírito Santo colocará diante dos seus olhos a cruz do Salvador, o abençoado Jesus! E, lembre-se, se você voltar o seu olhar para Ele, viverá; se você [agora] crer nEle de todo o seu coração, você estará com Ele aonde Ele está, e estará com todos aqueles que já partiram e a quem o Pai os deu a Ele. Não é necessário que você seja banido de lá. Assinará você a sua própria maldição e escreverá a sua própria condenação? Não despreze e jogue fora essa grande salvação, mas [ao contrário,] que a graça de Deus opere em você para que você a procure, pois assim a achará – que a graça de Deus faça você bater, porque assim a porta abrirá – que a graça de Deus faça você pedir, pois aquele que pede, receberá! Ó, que eu possa tomar a você pela mão – talvez você veio de um sepulcro novinho ou tem deixado o filho em casa já morto e Deus me fez um mensageiro para você, essa manhã; Ó, que eu possa tomar a você pela mão e dizer-lhe: "Não podemos trazê-lo de volta, o espírito partiu e não há retorno para ele, mas você pode segui-lo!" Observe a escada de luz diante de você! O primeiro grau nessa escada é arrependimento, o próximo é a sua fé em Cristo, e, quando você ali estiver, já estará bem encaminhado, e não demorará muito para você ser recebido no portal do Céu por aqueles pequeninos que partiram antes e que podem saudar-te quando chegares no sublime e eterno lar.

Mais uma lição de instrução e eu não o deterei mais. Que devemos nós dizer aos pais que têm filhos ainda vivos? Já falamos a respeito daquelas [crianças] que já partiram. O que diremos a respeito das [crianças] ainda vivas? Talvez eu devo dizer, "Guardem as suas lágrimas, pais enlutados, para os filhos que vivem. Vocês pode ir ao pequeno sepulcro, e podem olhar e dizer: 'Este meu filhinho é salvo; ele descansa eternamente além de qualquer risco de perigo.' Você volta a estes que estão ao redor da sua mesa e você olha de um a um: 'Estes meus filhos, muitos dos quais não são convertidos, nada têm de Deus nem de Cristo. Alguns estão amadurecendo e é claro que os corações deles são como o coração do homem natural, demasiadamente ímpio." Aí há razão para chorar. Eu oro que vocês [ó pais] nunca cessem de chorar por eles até que eles cessem de pecar; que nunca cessem de ter esperança por eles até que cessem de viver; nunca cessem de orar por eles até que vocês mesmo cessem de respirar. Levem-nos para diante de Deus nos braços da fé, e não fiquem desapontados porque não são o que você deseja que eles sejam. Eles serão ganhos ainda, se você apenas tiver fé em Deus. Não pense que não há esperança. Aquele que salvou a ti pode salvar a eles. Levem cada um deles, constantemente, ao propiciatório de Deus, e lutem com Ele dizendo: "Não te deixarei ir, se não me abençoares." A promessa é para você e para os seus filho, a tantos quanto o Senhor teu Deus chamar. Orem, lutem, se esforcem e possa a sorte de vocês ser bendita em verem salvo o seu lar. Esta foi a palavra que o apóstolo deu ao carcereiro: "Crê no Senhor Jesus Cristo e será salvo, tu e a tua casa." Temos tido muitas provas disso, pois neste batistério tenho batizado não só o pai e a mãe, mas, em muitos casos, todos os seus filhos também, um após outro têm sido trazido pela graça [de Deus], pondo sua confiança em Jesus. Deve ser o desejo do coração de cada pai ver todos seus filhos pertencerem a Cristo, e ver todos aqueles oriundos dos seus lombos no número das hostes que cantarão ao redor do trono de Deus. Podemos orar pela fé, pois temos a promessa disso; podemos orar pela fé, pois há muitos exemplos na Escritura. O Deus de Abraão é o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, "Ainda por isso serei solicitado pela casa de Israel, que lho faça". Solicite dEle, suplique junto a Ele, vá diante dEle com o poder da fé e sinceridade e verdadeiramente Ele te ouvirá.

Uma palavra a todos da congregação. Uma criança estava falando, outro dia – e crianças, às vezes, dizem coisas estranhas – "Papai, eu não posso voltar atrás [para o que era antes]." Quando foi perguntado o que quis dizer, ele explicou que ele estava aqui, que já começou a sua vida, e ele percebeu que ele não poderia cessar de ser – ele não poderia voltar atrás [para o que era antes]. Você e eu podemos dizer o mesmo; aqui estamos; temos crescido, não podemos voltar a ser crianças como éramos antes; não temos, portanto, aquela porta de escape. O saudoso John Bunyan, antigamente, desejava ter morrido quando criancinha. Ele esperava que fosse um descendente de um judeu, pois ele tinha a idéia de que todos os hebreus seriam salvos.

Aquela porta Deus fechou. Toda porta está fechada para você e para mim, exceto aquela em nossa frente, e ela tem sobre si o sinal da cruz. Existe aí a campainha de oração. Escolheremos nós nos desviar daquela para achar uma outra – um portão de cerimônias, ou de sangue, ou de linhagem? Nunca entraremos por nenhum outro caminho. Mas há aquela maçaneta [de bater chamando, e de abrir a porta] de ouro! Pela fé, ó Todo-Poderoso, eu a acionarei agora. "Eu sou o pior dos pecadores. Tenha misericórdia de mim!" Jesus está aí. "Entre," diz Ele, "Entre, bendito do SENHOR; por que estás fora?" Ele me recebe nos Seus braços, me lava, me veste e me glorifica quando vou a Ele. Serei tão tolo que não entre? Sim, eu sou assim por natureza – e que tolo sou! Ó Espírito de Deus! Faze-me sábio para saber o meu perigo e meu refúgio! E agora, pecador, em nome dAquele que vive, e que foi morto, e que vive para todo o sempre, procure entrar por aquela porta e faça a sua oração, antes de sair deste santuário: "Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!" Que o Senhor ouça e abençoe, por amor do Seu nome!

29 de Setembro de 1861

Sermão pregado por C.H. Spurgeon (1834-1892)