segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Do preconceito à salvação


Do preconceito à salvação

"Imaginemos um marginal que agride física e sexualmente uma mulher e depois a mata. Você acha que existe salvação para uma pessoa de sentimentos tão endurecidos? Você conhece alguém que já desceu tão baixo na vida que as possibilidades de recuperação são completamente remotas? Quer saber o que diz a Bíblia a respeito?

No livro de São João lemos o seguinte: "Deixou a Judéia, e foi outra vez para a Galiléia. E era-lhe necessário passar por Samaria" (João 4:3 e 4).

A Judéia ficava ao sul, a Galiléia na parte norte, e entre ambas estava localizada Samaria. Qualquer pessoa que quisesse fazer esse trajeto deveria ir em linha reta.

Os judeus tinham uma atitude estranha. Desviavam-se para o lado oeste, atravessavam o rio Jordão e subiam pelo deserto. Quando percebiam que já tinham passado Samaria, saiam do deserto e entravam na Galiléia. Com isso, andavam vários quilômetros a mais.

Por que faziam isso? Por que gastavam tanto tempo e energia andando pelo deserto?

A razão era simples: não queriam passar pela terra maldita dos samaritanos. Na opinião deles, o povo de Samaria não era digno da salvação. Numa ocasião um discípulo sugeriu que seria bom que caísse fogo do céu e consumisse aquela gente.

Na opinião dos judeus, os samaritanos eram pessoas que tinham brincado demais com as oportunidades divinas, tinham endurecido tanto o coração que para eles já não restava esperança de salvação.

Mas o texto diz que era necessário que Jesus fosse à Samaria, porque para Ele não existe gente sem esperança, para Ele não existe caso perdido.

Nós, os seres humanos, perdemos as esperanças facilmente. Com freqüência, sou procurado por pais aflitos expressando a tragédia de seus filhos:

- Pastor, já fiz de tudo para ajudar meu filho. São anos de escravidão nas garras do vício. A droga tem acabado com todos os seus sonhos, ideais e valores. Acho que para ele já não há mais solução.

Existem esposas que perderam a alegria da vida porque o esposo tem sido infiel aos votos matrimoniais. De nada adianta as promessas e decisões que o marido toma. Na opinião da esposa, já não existe mais esperança de recuperação para esse homem.

Devemos ser cuidadosos ao rotular as pessoas pensando que não existe saída para elas, porque para Jesus não existe um caso perdido. Por isso, era necessário que Ele fosse para Samaria.

Naquela região, especificamente na cidade de Siquém, vivia uma mulher, que na opinião dos samaritanos, não tinha mais recuperação. Jesus a conhecia muito bem; Jesus conhecia o vazio do coração daquela mulher. Tinha ouvido seu clamor silencioso nas noites intermináveis de insônia que vivia atormentada pelo peso da culpa. Por isso era-lhe necessário passar por Samaria. Jesus nunca permanece indiferente diante das necessidades do ser humano.

O mundo cristão conhece a mulher samaritana como a pecadora que andava roubando o marido de todas as mulheres da cidade. Mas poucos se detiveram a pensar nas raízes do problema daquela mulher.

Ela não tinha nascido adúltera. Era uma mulher sonhadora que desde jovem experimentara o vazio do coração humano. Era uma mulher sincera a procura de um sentido para a vida. Andou por muitos caminhos, alguns deles escabrosos, a procura de algo concreto, mas tudo o que achava, depois de tanto esforço, durava pouco tempo.

Casara-se muito jovem pensando que o casamento preencheria aquela sensação horrível de vazio que doía dentro do coração, mas o casamento não durou muito. Outra pessoa em seu lugar abandonaria esse caminho. Ela não. Ela não se dava por vencida facilmente.

Tentou de novo outros casamentos. Também não deram certo. A história bíblica diz que ela tentou 5 vezes, mas o fim de todas essas tentativas foi o fracasso. A samaritana continuava sendo uma mulher vazia. Os minutos de alegria lhe escapavam como areia por entre os dedos.

O fato de passar de mão em mão pelos homens da cidade, era o grito desesperado de seu coração procurando um sentido para a sua existência.

Pensemos um pouco na situação desta mulher. Todos os dias ela acordava, corria ao banheiro procurando água e encontrava o cântaro vazio, apesar de tê-lo enchido no dia anterior. Então pegava o cântaro vazio e dirigia-se ao poço de Jacó para buscar mais água. Essa água só lhe duraria 24 horas. No dia seguinte ela teria que retornar ao poço. Essa rotina era massacrante em sua vida: sempre procurando alguma coisa e o que achava durava pouco tempo. Não era uma simples leviandade que a levara a ter a fama de adúltera inveterada.

Amigo querido, é perigoso julgar as pessoas simplesmente pelos seus atos. Você pode ver um bêbado jogado na sarjeta e pensar que é um pobre homem sem força de vontade, mas não se apresse a condená-lo. Você não conhece os motivos que o levaram a essa situação.

- Como? - você diz, - a Bíblia não ensina que as pessoas são conhecidas pelos seus frutos?

É verdade, mas é verdade também que precisamos entendê-las pelas raízes.

O que leva um jovem a usar drogas? Sem dúvida nenhuma, a droga é uma fuga, e quando a pessoa fica viciada é fácil cair no crime para sustentar o vício. Mas qual foi o início de tudo isso? O que essa pessoa buscava nas sensações alucinantes dos efeitos passageiros da droga?

Você já foi traído alguma vez? Não condene o amigo que o traiu. Tente entendê-lo. O que o levou à traição? Que complexos esconde esse pobre homem por trás de sua atitude covarde?

Todos temos uma herança genética, cultural, social e familiar que de alguma forma influi em nossos atos. Todos temos motivações inconscientes que nos assustariam se as entendêssemos completamente. Então, por favor, sejamos misericordiosos com a samaritana. Vamos tentar compreendê-la antes de condená-la.

Naquele dia, a samaritana saiu de casa com o cântaro nos ombros para cumprir a rotina da sua vida. Mas aquele dia seria diferente; Jesus seria a diferença. Ele sempre é a diferença entre o fracasso e o sucesso, entre as trevas e a luz, entre o desespero e a esperança, entre o vazio e a plenitude.

O texto bíblico diz que Jesus estava sentado perto do poço, cansado da viagem.

Como? Jesus era Deus. Deus não se cansa. Mas na pessoa de Jesus, Deus se fez homem para poder alcançar o pobre homem condenado à morte. Emociona-me pensar em Jesus cansado. Pergunto-me às vezes, o que Ele viu em mim para deixar a glória celeste e se fazer homem para me buscar? Nunca O entenderei! Mas o que teria sido de você e de mim se Ele não tivesse vindo nos buscar?

O encontro com Jesus mostrou àquela mulher que além de vazia por dentro, era um ser humano cheio de preconceitos.

Nunca saberemos na realidade quem somos até que nos encontremos face a face com Jesus. Separados d'Ele, seremos incapazes de conhecer a nós mesmos. Separados d'Ele, seremos vítimas fáceis do complexo de superioridade ou de inferioridade. Jesus é o único capaz de mostrar-nos uma imagem equilibrada de nós mesmos.

Analisemos o encontro. É Jesus que inicia o diálogo. A iniciativa da salvação sempre é divina. Não é o homem que quer ser salvo; é Deus que quer salvar o homem. A nossa aceitação é simplesmente a resposta ao trabalho que o Espírito está realizando em nosso coração. A iniciativa da salvação sempre é divina. "... Dá-me de beber" (João 4:7).

Por que o Rei do Universo, o Criador do Céu e da Terra, o Dono de todas as fontes de água, pede de beber?

"Se eu tivesse fome, não to diria, pois meu é o mundo e a sua plenitude" (Salmo 50:12). Diz Davi. Por que então Ele pediu água a samaritana?

Aqui, há algo que precisamos compreender. Deus nunca nos pede algo porque precisa do ser humano. Ele pede porque tem algo maior para nos oferecer.

"Dá-me, filho meu, o teu coração..." (Provérbios 23:26).

Para que Deus precisa deste coração egoísta que temos? Ele pede porque tem algo maior para nos oferecer. Não esqueça disso!

Voltemos aos preconceitos da samaritana. Ela não sabia que era preconceituosa. Seus preconceitos se revelaram na presença de Jesus: "... Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos)" (João 4:9).

Pobre mulher! Durante toda sua vida tinha carregado um vazio interior em seu coração. Tentando preencher esse vazio, tinha andado por caminhos estranhos, tinha se machucado e machucado muita gente. Tinha descido a um poço de angústia e desespero. Sua vida não tinha brilho, nem alegria, nem maiores perspectivas. Tudo era uma grande rotina que a asfixiava.

Agora estava ali, diante de sua grande oportunidade. Jesus tinha deixado tudo de lado e dirigido-Se a Siquém para transformar sua vida, mas o preconceito quase põe tudo a perder.

O preconceito tem trazido tanta dor à nossa vida! Não feche seus ouvidos à Palavra de Deus simplesmente porque nasceu "samaritano". Não permita que tradições e preconceitos o impeçam de analisar por você mesmo o plano que Deus deixou para você na Sua Palavra.

Quer ver outro preconceito da samaritana? "... Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde pois tens a água viva?" (João 4:11)

Não havia lógica na promessa de Jesus. Do ponto de vista humano, a mulher estava certa. O poço era fundo e Jesus não tinha corda e nem balde para tirar a água. Como podia oferecer algo que humanamente era impossível conseguir?

É pensando deste modo que muita gente sincera hoje fica carregando dentro de si a sede permanente da insatisfação:

- Como pode Jesus resolver o meu problema? Dê-me uma explicação lógica. Explique-me como isso se encaixa nos princípios da psicologia. Apresente-me argumentos razoáveis; não me diga que tenho simplesmente que acreditar.

A resposta de Jesus não apresentou nenhum argumento que satisfizesse a curiosidade lógica da samaritana. Ele se limitou a falar dos benefícios daquilo que estava oferecendo. "... Qualquer que beber desta água tornará a ter sede; mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte d'água que salte para a vida eterna" (João 4:13 e 14).

Era disso que ela estava precisando. Uma água cujos efeitos não acabassem nunca. Estava cansada de soluções passageiras. Precisava de algo duradouro. Em sua vida tinha tentado analisar as coisas logicamente, sempre tinha aceitado um argumento depois de raciocinar muito em torno dele, mas de que tinha servido? Quanto tempo tinham durado suas soluções lógicas? Por que não dar àquEle estranho um voto de confiança? "... Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la" (João 4:15).

Mas agora Jesus a confronta com o seu passado. Ela não podia continuar fugindo dele e fingindo que estava tudo bem. Por mais doloroso que fosse, devia reconhecer quem era. O médico só pode curar alguém que reconhece que está doente e que quer ser curado. "Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido, e vem cá. A mulher respondeu, e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido; Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade" (João 4:16-18).

Será que Jesus gosta de atormentar uma pessoa lembrando-a de seu passado? Não, claro que não. Mas Ele sabe que para curar uma ferida, é preciso limpá-la, embora isso possa doer. Não existe presente sadio sem um passado limpo. Não é ignorando o passado e fingindo que nunca existiu que poderemos construir um presente sadio. É preciso reconhecer o passado, a culpa e os erros para então levá-los a Jesus. Nada de explicações. Ninguém precisa justificar seus erros. Erros precisam ser perdoados e corrigidos, não explicados.

Conheci um jovem aparentemente fracassado na vida. Iniciara vários cursos universitários e não concluíra nenhum deles. Tinha fracassado em dois casamentos e os filhos não queriam ficar com ele. Não conseguia manter-se empregado e qualquer empreendimento próprio terminava em falência.

Quando o conheci, ficou muito tempo tentando explicar seu insucesso. Jogava a culpa nas ex-esposas, dizia que os filhos não queriam vê-lo porque "elas faziam a cabeça das crianças". Queixava-se da falta de oportunidade, criticava os ex-patrões, jogava a culpa no governo por causa da situação que o país vivia e que não lhe permitia prosperar em seus empreendimentos. Enfim, todo mundo era culpado. O fato de estar experimentando drogas era seu grito de protesto contra a família e a sociedade.

Gastamos muito tempo conversando. Tentei confrontá-lo carinhosamente com sua própria realidade. Nada mudaria se ele não limpasse a ferida infeccionada. Teria que limpar o passado purulento, mas antes era preciso reconhecer que o passado existia e estava cheio de erros.

Chorou, chorou porque doía sem dúvida. Mas caiu aos pés de Jesus e clamou:

- Senhor, dá-me de beber desta água para que nunca mais tenha sede.

E o Senhor abriu os braços e o recebeu.

O tempo passou. Hoje as coisas são diferentes. Reconstruiu o lar com uma das ex-esposas, é um pai querido, um esposo feliz e um profissional realizado.

Esse Jesus maravilhoso está neste momento perto de você com os braços abertos. Não permita que seus preconceitos o impeçam de abrir o coração e dizer:

- Senhor, dá-me dessa água para que nunca mais tenha sede.

Se você já correu muito por essa vida, procurando um sentido para sua existência, experimente Jesus. Com Ele, a cultura, o dinheiro, o poder e a fama ganham maior brilho. Tudo se encaixa, tudo tem razão de ser.

Abra o coração e aceite a Jesus

ORAÇÃO
Pai querido, estou abrindo o coração a Jesus. Tu conheces a minha história. Por favor, responda esta petição sincera. Amém.

Pr. Alejandro Bullón

www.montesiao.pro.br

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