quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Orai e Vigiai


Orai e Vigiai - John Owen ( 1616 - 1683 )

a) Esforcemo-nos para compreender e sentir o perigo de entrar em tentação.

Espanta-nos pensar como a maioria das pessoas é descuidada em relação ao perigo de entrar em tentação. Para a maioria é suficiente guardar-se de pecados públicos. Ficar fora do alcance da tentação parece-lhe de pouca importância.

Em muitos lugares a Bíblia nos adverte a respeito do perigo das más companhias (por exemplo, Prov. 2:12-20; 4:14-19; 22:24,25; 1 Cor. 15:33). Quantos, porém, estariam atentando para essa advertência? Quantos -particularmente dentre os jovens - estariam escolhendo as más companhias? Não demora muito para que estejam acolhendo o mal dessas companhias. Em vão pais e amigos advertirão sobre o perigo que elas representam. A princípio é possível que os jovens realmente não gostem de algumas das coisas que os seus amigos fazem, contudo, lamentavelmente, não demora muito antes que também passam a gostar delas.

Mais triste ainda é a tolice de cristãos professos que brincam com tentações que nunca deveriam ter enfrentado. Freqüentemente, nos nossos dias, o ensino bíblico sobre a liberdade cristã é motivo de abuso. Os cristãos se sentem livres para fazer quase qualquer coisa que quiserem.

Estas pessoas se dizem capazes de ouvir tudo e qualquer coisa. Reivindicam sua liberdade cristã. Lêem o que querem e não dão atenção se cristãos mais sábios condenarem o que estão lendo como sendo falsos ensinamentos. Escutarão a qualquer falso professor. Sentem-se muito auto-confiantes de que serão capazes de discernir e que não se deixarão influenciar pelo que lerem e ouvirem. Qual é, comumente, o resultado dessa tolice? Poucos, na verdade muito poucos, saem sem sofrer graves feridas. Muitos têm sua fé e sua sã doutrina destruídas. Ninguém tem o direito de dizer que teme o pecado se antes não teme a tentação para cometê-lo. O pecado e a tentação são apresentados juntos por satanás, e é extremamente difícil para qualquer pessoa separá-los.
Mantendo o princípio da liberdade cristã precisamos nunca nos esquecer do princípio igualmente importante que diz: "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convém" (1 Cor. 10:23). Será que certos lugares aos quais eu vou, certas companhias de que me cerco, certos alvos que eu tenho traçado, tornam-me frio e descuidado ? Será que impedem minha obediência constante e total a Cristo? Se isso estiver acontecendo, devo exercer minha liberdade e evitá-los. Será que eu desejo evitar entrar na tentação? Preciso, então, ser sensível à minha própria fraqueza e depravação. Preciso, também, estar alerta quanto às artimanhas de satanás, a malignidade do pecado e o poder da tentação.

Devemos gastar tempo diariamente considerando o grande perigo em que nos envolvemos quando entramos em tentação. Pensemos nas prováveis conseqüências! Que coisa terrível é entristecer o Espírito de Deus, perder nossa paz, e colocar em perigo o bem-estar eterno de nossas almas. Tenhamos por bem certo o seguinte: se desprezarmos a tentação, ela nos dominará. Por outro lado, se formos sensíveis e vigilantes, metade do esforço para não entrar em tentação já terá sido feito.

b) Estejamos convencidos da nossa incapacidade para nos guardar de entrar em tentação

Quanto mais claramente percebermos que não há poder em nós para nos guardar da tentação, mais sentiremos nossa necessidade de orar por socorro. Este é outro meio de nos preservarmos. A maior parte das pessoas reconhece sua necessidade de ajuda quando entra em tentação. Nesses momentos poucos confiarão na sua própria força para vencer a tentação. Antes, clamarão ao Senhor para que os socorra. O Senhor nos ensina que é tão importante orar para não entrar em tentação, como o é para pedir socorro depois de termos entrado nela.

Nosso Senhor nos ensina, de duas maneiras, a nossa necessidade de sermos guardados de entrar em tentação pelo poder de Deus. Em primeiro lugar Ele nos ensina a orar: "não nos deixes cair em tentação" (Mat. 6:13a) e nos diz: "Vigiai e orai, para que não entreis em tentação" (Mat. 26:41a). Ensinando-nos a orar dessa maneira Ele está nos mostrando que devemos colocar nossa confiança no poder e na sabedoria de Deus, não na nossa, para nos guardar da tentação. A segunda maneira pela qual Ele nos ensina é pelo Seu próprio exemplo. Ele mesmo ora pelo Seu povo para que seja guardado do maligno (João 17:15). Ele sabe que há muitos modos diferentes de entrarmos em tentação. Ele sabe que podemos entrar em tentação sem que percebamos. Sabe como a tentação é poderosa e como ela pode ser enganosa e sutil. Ele conhece a nossa ingenuidade, a nossa fraqueza e a nossa propensão para sermos descuidados. Tem, por isso, nos orientado no sentido de colocarmos nossa confiança numa sabedoria e num poder superiores àqueles que possuímos, para que sejamos guardados de entrar em tentação.

Precisamos aprender a falar, freqüentemente, conosco mesmos lembrando-nos de coisas tais como: "Eu sou pobre e fraco; satanás é sutil, poderoso, ardiloso e está sempre de olho numa oportunidade adequada para me tentar. O mundo, especialmente quando satanás se vale dele como seu instrumento, é atraente, persistente e cheio de modos enganosos de me tentar. Minha própria natureza pecaminosa é forte e está sempre pronta para me trair na hora da tentação. Tudo ao meu redor é uma variedade provocadora de oportunidades adequadas para satisfazer meus desejos pecaminosos. Sou lento em perceber o que está acontecendo. Se for deixado sozinho serei presa fácil, antes mesmo que perceba. Só Deus pode me guardar de pecar (Judas, versículo 24). Preciso orar, com confiança, Aquele que é capaz de me guardar de entrar na tentação.

Se procedermos fielmente dessa maneira, estaremos constantemente nos entregando aos cuidados de Deus. Nada faremos e nada realizaremos sem, antes, buscar Sua vontade nessa questão. Tal atitude de oração nos dará duas vantagens.

i) Se orarmos dessa maneira receberemos a graça e a compaixão de Deus, Ele que promete ajudar os fracos. Podemos ter a certeza de que aqueles que orarem dessa maneira, por um profundo sentimento de necessidade, nunca serão envergonhados.

ii) Manter um espírito de oração dessa natureza faz parte dos meios que Deus utiliza para nos preservar. Se estivermos cientes de nossa necessidade e olhando para Deus para que Ele nos supra os recursos necessários, seremos cuidadosos na aplicação, a nós mesmos, dos meios que Deus tem apontado para nossa preservação.

c) Exercitemos a fé na promessa divina de nos preservar

Crermos que Deus nos preservará é um meio de sermos preservados. Se confiarmos na promessa de Deus e orarmos pela preservação, Ele nos guardará de entrarmos na tenta¬ção, ou nos dará um meio de escape (1 Cor. 10:13). Deus prometeu que nos guardará em todos os nossos caminhos (Sal. 91:11), que nos guiará, nos conduzirá (Sal. 32:8) e nos livrará do maligno (Rom. 16:20).

Precisamos confiar ativamente nas promessas de Deus e esperar que Ele seja fiel a elas.

2. Uma direção geral à luz do dever da oração

Você quer ser guardado da tentação ou da queda quando tentado? Precisará, então, estar constantemente em oração. Crermos que Deus pode nos preservar não é suficiente. Deus quer que nós oremos por essa preservação e quer que continuemos em oração, "orando sempre" (Ef. 6:18; Luc. 18:1 -8). Se não mantivermos um espírito constante de oração, seremos perturbados por uma avalanche constante de tentações.
Cada dia devemos orar especificamente para sermos preservados da tentação. Devemos orar para que Deus preserve nossas almas, e guarde os nossos corações e os nossos caminhos a fim de não cairmos nas armadilhas da tentação. Precisamos orar para que a boa e sábia providência de Deus ordene os nossos caminhos e os nossos negócios de modo que nenhuma tentação imperiosa nos ataque. Necessitamos orar para que Deus nos dê diligência, precaução e atitude vigilante em todos os nossos caminhos. Se aprendermos a orar dessa maneira, com um sentimento real de que precisamos da ajuda de Deus, experimentaremos libertação.

Se nos recusarmos a orar cairemos constantemente no pecado.


Márcio Melânia

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