quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Se Deus é bom, por que a dor existe?


As abençoadas dores
via Cristão Confuso

por Zé Luís

Se Deus é bom, por que a dor existe? - é o lugar comum das perguntas sobre a benignidade de Deus. A dor, para a grande maioria dos seres humanos, é temida, evitada, e fonte de fobias, já que muito do que se evita na vida é na prevenção de que ela ocorra. O sofrimento nada mais é do que a dor em abundância.

Muitos, ao pensar em sua morte, só clamam em sua alma que ela não venha com dor: “Queria morrer dormindo...” dizem, para não ter que encarar o pior dia de suas vidas.

Quando li Imagem e semelhança de Deus, de Philip Yancey e Dr. Paul Brand, médico especialista em tratamento de lepra, percebe-se o quanto a dor é necessária na vida humana. A doença, merecedora de diversas recomendações e mandamentos nas Leis Mosaicas – fazendo com que o portador da doença se isole da sociedade – já que em muitos casos, é altamente contagiosa - faz exatamente isso: ela elimina a dor, já que as terminações nervosas são destruídas: não percebemos as lesões e pequenas contusões diárias, o que faz com que os membros sejam irremediavelmente perdidos, gangrenados e, em diversos casos, amputados.

Diariamente, em nossas caminhadas, nem percebemos que reequilibramos o peso do corpo entre os ossos dos pés, distribuindo instintivamente durante nossos passos (o que pode ser percebido nas solas de nossos calçados, onde tendemos a gastar mais em determinado ponto). Quando um leproso perde a sensibilidade, é capaz de andar o dia inteiro com dedos dos pés, tornozelos, calcanhares quebrados, sem perceber. O dano é tamanho que muitas vezes é necessária a amputação: Não há neles dor que alerte contra os pequenos percalços de uma simples caminhada, o que nós, seres saudáveis e sujeito as dores simples e complexas, nem notamos, mas passamos ilesos, sem notar quantos perigos evitamos, quantos danos não nos alcançaram.

Um provérbio (27.17) afirma que as amizades são beneficiadas como ferro que afia ferro. Oras! A única forma de um ferro afiar outro é através do atrito, onde sistematicamente, o fio da faca se aperfeiçoa mutuamente com outra, tornando-a cada vez mais eficaz.

As igrejas, cada vez mais cheias de regras e invenções, ao invés de proliferar convívio e amizade, evitam confrontos diretos. Lideranças estabelecem normas e planejamentos para que o momento de crise e confronto nunca alcance a cadeira sagrada onde as coisas sempre vão bem, classificando o que sofre de perdedor, de passar por coisas malignas e inaceitáveis, sem permitir ao que vive a situação saber que as dores nem sempre são o mal, já que algumas destas nos habilitam, com maior ou menor intensidade, na Caminhada pelo estreito caminho, em cada pequeno passo faz-nos cada dia mais firmes, mais equilibrados, mais decididos.

Esse atrito todo, essa dor, é para ser vivida em grupo, em um corpo definido pelo seu Agregador. Logicamente, dores crônicas são alertas que algo precisa ser tratado: uma dor de dente afeta não só o sorriso, uma pequenina pedra no sapato no início do dia fará um corpo manco no fim do dia se não for removida.

Quantas comunidades cristãs interpretam erroneamente as farpas, os pequeninos pedriscos, as luxações, as alergias, quando não tratam de suas feridas? As orações, intimamente, esperam que Deus decepe o membro difícil, arranque o que questiona – justa ou injustamente, que ampute o que não “orna” com as cores estabelecidas pelo seu líder para aquele grupo, esquecendo de manter o Espírito diante dessas decisões e só cabendo a Este o que fazer a seu corpo.

Superando atritos, assimilando as lágrimas necessárias do quebrantamento, fazendo deles mecanismos de aprendizado,superação e crescimento, identificando maduramente estes sinais, um sinal claro para onde deve ser direcionado a cura, sem prejuízos para o corpo.

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