sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Coisas de cinema


O cinema é a arte da ilusão, já disse alguém. É tanta ilusão que eu fico a ver os filmes e imaginar como tudo dá certo nas telas. Nada sai errado. Querem ver?
O sujeito que está procurando o táxi acha na hora. Basta esticar o braço. E o mais grave: a pessoa vai seguir o primeiro táxi também leva a mesma facilidade. É clássica a frase: siga aquele táxi! Coisa de cinema.
Só no cinema, os casai acordam e sebeijam e conversam de pertinho. Ninguém escova os dentes, já repararam? Personagem não tem mau hálito nunca.
E quando o ator levanta a mesa no bar e deixa o dinheiro certinho, trocadinho e vai embora sem ao menos olhar para trás?
E as crianças que dormem no ato? Encostam a cabecinha no travesseiro e dormem. E os quartos delas que são superarrumadinhos? E as casa não têm empregada. Não sei quem arruma aquilo tudo.
E quandoo casal desliga a luz no quarto para dormir? Já notaram como o luar é forte? Mais forte que o luar do nosso sertão. Tudo azul, uma beleza. E a janela estáfechada, pode notar.
Telefone nunca dá ocupado. O sujeito disca e o outro atende no ato. O outro sempre está do outro lado. E o mais interessante é que eles não se despedem. Tocam o assunto e desligam na cara do outro.
A pessoa sai para fazer uma compra e sempre tem o que elas procuram. E por que será que em toda briga quebram pelo menos uma mesa? Redonda, geralmente.
Já viram cavalo beber água em cinema? Coitados. Xixi e cocô, nem pensar, nunca fazem. E ninguém tira os arreios deles.Colocar, colocam, mas tirar, jamais.
Roupa molhada no corpo, na cena seguinte já está sequinha. E o melhor, passadinha. E a velocidade com que a comida pedida no restaurante chega à mesa? Sem falar nos drinks.
No cinema, todo mundo fala inglês. Inclusive os índios e os extraterrestres. E as velas, gente, comomiluminam! Uma simples velinha ilumina uma sala enorme.
Mas o melhor mesmo é a facilidade de estacionar nas grandes cidades. E estacionam bem na porta aonde têm que ir.Isso em New York e San Francisco!
Na horademorrer, o moribundo sempre tem uma frase definitiva para dizer. Ou um segredo. Ou quem é o assassino. Depois tomba acabeça para o lado esquerdo.
Outra coisa que me intrigaé quem fecha o saloom. Porque saloom não tem porta de fechar, só aquelas vai-e-vem. Será que o serviço é 24 horas?
E como fazem amor rápido, pessoal. Em menos de meio minuto os dois já estão mais do que satisfeitos e acendendo um cigarrinho. Todos têm orgasmos. Dois músicos se encontram em algum lugar com dois instrumentos diferentes e começam a tocar. Ninguém afina, pois já vêm afinadíssimos.
E cadarevólver deseis balas que dispara mais de quinhentas? Sem falar nas espingardas de um cano só. A exemplo dos cavalos, ninguém vai ao banheiro no cinema. E olha que comem e bebem prá burro.
Na hora deatravessar o rio, ele é sempre rasinho, mas quando o herói pula lá de cima do despenhadeiro, é claro que o rio éfundo. Nunca vi ninguém morrer, pulando lá de cima.
E por que cargas-d'águatodo cinema brasileiro tem pulgas?Que devem, inclusive, falar inglês tão bem quanto nossos heróis de ficcção.

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