quarta-feira, 16 de abril de 2008

Adeus Charlton Heston...



Os recém-chegados têm direito a um drinque de cortesia e a um "tour" guiado pelas instalações do Inferno (as salas de tortura, as fornalhas, a sauna, etc.), para se ambientarem no lugar e ficarem sabendo o que os espera na eternidade.Um dos atrativos do "tour" é o encontro com celebridades, grandes pecadores da História que passam correndo, perseguidos por diabetes que os espetam com seus tridentes, ou arrastados entre um martírio e outro.
Há dias, um grupo de recém-chegados passava pela Sala de Contrição Inútil, mortos recentes são postos para meditar sobre seus pecados e se arrependerem, não que isso vá fazer muita diferença, e teve uma surpresa:
-Charlton Heston!??
-É-disse o guia. -Em pessoa. ou, no caso dele, em espírito.
-Mas ele...
-Pois é. Nós também nos surpreendemos. É verdade que houve a ligação dele com a tal Associação Nacional de Rifles, responsável por alguns milhares de mortos nos Estados Unidos com seu lóbi vitorioso contra o controle de armas. Mas, afinal, era a posição dele, e uma posição sincera.
-Seria pelo fato de ele ser um conservador?
-Não. Ao contrário do que diz a esquerda, os conservadores não vêm automaticamente para o Inferno.
-Seria um castigo pelas atuações no cinema?
-Também não. Ele não era tão ruim assim. Tinha um físico poderoso. Um queixo imponente. Certo papéis, ninguém conseguiria fazer como ele. Aliás, é por isso que ele está aqui.
-Ele veio para o Inferno por que só ele poderia fazer certos papéis?!
-É. Coisa da política - disse o guia, apontando para o alto.-Lá de cima.
Aparentemente, ao saber da morte de Charlton Heston, Deus se preocupara.
Não havia razão para não trazê-lo para o Céu, talvez com uma breve passagem pelo Purgatório por causa daquela questão das armas. Mas aí começariam as comemorações. E não demorariam a concluir que físico mesmo para o papel de Deus quem tinha era...
-Desce!-ordenara Deus.
tudo é vaidade.

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