sábado, 22 de janeiro de 2011

Desperdiçando a unção de Deus


Desperdiçando a unção de Deus

E todos foram cheios do Espírito Santo,
Atos 2:4 (parte a)

Após sofrer uma batida em meu carro, que contei sobre ela aqui, peguei um carro reserva pela seguradora. No domingo pela manhã, rumo à Escola Dominical, eis que vejo algo estranho junto ao carro, no chão da garagem. Parecia uma poça de água, mas não tive certeza. Esfreguei o pé nela, continuava parecendo água, mas era uma água… diferente. Então, abaixei-me e passei o dedo nela, e minhas dúvidas acabaram: era o óleo do carro vazando.

A locadora havia me dado um carro novo, apenas uns 20.000km rodados, com direção hidráulica, ar-condicionado e trava elétrica como opcionais e vazamento de óleo como brinde… pode? Não pode… #mepoupe

Fui numa oficina próxima e pedi ao mecânico para verificar o que estava havendo para vazar óleo, como estava o nível, essas coisas. Para minha (e dele!) surpresa, era apenas e tão somente o parafuso do cárter, que faz o esgotamento quando da troca de óleo, que estava frouxo, bem frouxo por sinal. Ele apenas o apertou e o problema foi resolvido – e espero que não apareçam outros.

Agora, quero falar sobre o que essa experiência me ensinou, sobre o que aprendo com ela, em termos espirituais. Se desejar embarcar nessa breve viagem comigo, entre e aperte os cintos, que a partida já foi dada.

A Bíblia compara a unção do Espírito, ou unção espiritual, com um derramamento de óleo sobre a cabeça de alguém. Foi assim com Davi, por exemplo, que foi ungido, isto é, houve um derramamento de óleo sobre sua cabeça, simbolizando que o Espírito de Deus estava, a partir de então, sobre a vida dele (1 Sm 16.1-13). Situação semelhante também ocorre no Salmo 133, confira.

Baseado nesses textos e na experiência relatada, o que aprendemos sobre a unção de Deus e sua utilização ou desperdício? Coisas muito importantes, você vai ver.
1. Desperdiçamos a unção de Deus quando não estamos ajustados a Sua vontade

Vejam que grande problema me causou aquele pequeno parafuso, simplesmente porque o mecânico que fez a troca de óleo, por negligência ou má-fé, não sei, não o apertou (ajustou) corretamente. Nesse sentido, estar ajustado à visão e à vontade de Deus pode ser expresso de duas formas, quais sejam:

- estar ajustado é estar obedecendo à vontade de Deus: quantas coisas perdemos porque desprezamos o que diz a Palavra de Deus sobre determinado assunto somente para, depois, descobrirmos da forma mais difícil e dolorosa que estávamos errados! A obediência à Palavra de Deus é também uma proteção para nós, da mesma forma que obedecer ao manual do fabricante do veículo, atentando para as trocas de óleo na datas e quilometragens corretas, manutenções programadas e evitar utilizar o veículo fora ou além do projeto original. Um desajustado é, antes de tudo, um desobediente, um rebelde.

- estar ajustado é estar dentro dos padrões divinos: esses dias têm sido maus, muito maus, e nossas convicções são provadas não apenas nas grandes questões, mas nas pequenas coisas também. Estar ajustado também é “ser justo” diante de Deus, ou seja, não “afrouxar” nosso padrão moral, não abrir mão de nossas convicções sobre certo x errado, segundo a Bíblia. Um desajustado, nesse sentido, é um injusto, um desprezador da Lei divina.

Aquele carro era novo, pouco rodado, mas estava derramando, desperdiçando óleo, um óleo bom, óleo de qualidade e perfeitamente utilizável, enfim, um óleo novo e apropriado para aquele veículo. A igreja está repleta de muitas pessoas que ficam “cheias” nos domingos, mas que vão se esvaziando durante a semana, porque estão com algum parafuso [moral] frouxo ou desajustado: ficam vendo ou falando o que não devem, pegando o que não é seu e, sem perceber, estão jogando fora a unção recebida no culto dominical… vivem se enchendo de graça para depois saírem vazando óleo, emporcalhando as ruas e avenidas da cidade.
2. Desperdiçamos a unção de Deus quando não estamos encaixados no plano de Deus

O pequeno, mas grave, problema daquele carro era ter um parafuso que não estava bem encaixado (apertado). A princípio, era um problema de fácil solução mas, se ignorado, poderia trazer um transtorno grave, quem sabe até fundir o motor. Se você não é motorista ou não tem ideia do que é “fundir o motor“, leia este artigo.

Estar fora do encaixe é o mesmo que estar por fora do plano de Deus para sua vida, é ignorar a vontade de Deus e desprezar o que Deus preparou para você que, com certeza, é o melhor que lhe poderia acontecer. Quando não nos encaixamos nos planos de Deus, não estamos no lugar certo, e sofremos. Muitas vezes ocorre que saímos do lugar que Deus nos preparou por nossa própria vontade, virando as costas ao Senhor que nos ama e nos quer bem.

Estar desencaixado é também estar fora dos limites da proteção divina, fora do Projeto do Criador. Assim como os parafusos de um carro devem estar nos lugares certos e bem encaixados para que o carro trafegue em segurança, da mesma forma acontece em nossas vidas.

Certa vez, após trocar um pneu furado, algumas porcas ficaram frouxas e, ao andar com esse carro, um barulho esquisito se ouvia da roda. Tive que parar o carro e reapertar as porcas frouxas, e graças a Deus pelo aperto, senão eu poderia ter sofrido um grave acidente por conta desse “desprezível” detalhe. Cuidado, quem está fora do plano de Deus, corre um risco muito grande, e pode vir a experimentar um grande [e desnecessário] sofrimento.
3. Quando desperdiçamos a unção de Deus, estamos baixando o nível

Deus tem um padrão para nossas vidas, Ele tem uma medida para nós, que Ele mesmo estabeleceu. Essa medida está estabelecida e padronizada em Seu Manual do Fabricante, que é a Bíblia Sagrada. Desobedecer esses padrões é causa de sofrimento para muitos.

Nestes dias de relativismo em que vivemos, muitas pessoas têm verdadeira ojeriza a limites, padrões, etc., no que se refere à moralidade, todavia, ninguém questiona as padronizações e limites impostos pelos manuais de veículos, eletrodomésticos e eletrônicos. Quando algo quebra, a primeira coisa que a assistência autorizada verifica é se houve uso diverso ou proibido pelo fabricante, porque não haverá direito a conserto (gratuito) ou troca do produto. Muitas vezes, queremos culpar a Deus por nossos problemas, quando o erro foi nosso, e bem sabemos disso…

No caso do veículo citado, ao verificar o nível do óleo, este havia diminuído, mas ainda estava dentro do recomendado, ou seja, entre o “mínimo” e o “máximo”, todavia, quando leio o versículo que abre este post, vejo que a vontade de Deus, que a sua medida para nós é “cheio”, é ficar no “máximo”. Quer um exemplo? A história da viúva pobre socorrida por Eliseu (especialmente o v. 6).

Entristeço-me quando vejo muitas pessoas que se satisfazem em estar sempre no “mínimo”, em não querer lutar por melhora, em não querer se esforçar para atingir a plenitude do potencial que dispõe. São pessoas que possuem muito potencial, mas que se deixaram levar à roda e vivem na mediocridade, no nível mínimo de suas vidas, sem sonhos, projetos ou ideais.

Estar abaixo da medida significa que estamos perdendo nossos valores, que estamos desperdiçando algo valioso que nos foi confiado, que estamos enterrando nossos talentos e sepultando nossos sonhos e projetos. Por que existem pessoas assim? Por que há pessoas que se acomodam com o mínimo quando poderiam desfrutar do máximo? Não sei… não sei, e fico perturbado se tento entender.

Um carro com o nível do óleo abaixo do recomendado é um carro em perigo: é um carro que, a qualquer momento, pode “fundir o motor“, que está com a lubrificação inadequada e insuficiente, e que pode travar quando menos se espera e onde menos poderia, deixando-o “na mão”. Há muitos cristãos “entrevados”, de motor fundido, porque desperdiçaram o óleo de Deus, deixando-o vazar, vazar e vazar, até não haver mais óleo no reservatório. Pessoas vazias, vidas secas, mentes enferrujadas. Até trocar palavras com pessoas desse tipo é difícil.

Como está seu reservatório de óleo divino?
4. Seu motor é possante ou poçante?

Moda para alguns, sonho de consumo para outros, um carro possante sempre causa espécie entre os jovens, e todo adolescente (que eu saiba) já sonhou, um dia, em possuir aquele “possante” para fazer inveja aos amigos e causar admiração nas “mina” cobiçadas.

Um carro possante (aos olhos dos jovens) é, em breve descrição, um veículo de motor grande e de escapamento barulhento (às vezes, só o segundo) e cores vibrantes, com ou sem opcionais. Agora, tecnicamente falando, um carro possante é um veículo cujo motor ultrapassa os 100cv, turbinado ou não, e com grande poder de arranque e velocidade. Para alguns, hoje em dia, possante inclui conforto.

Já o carro “poçante” é aquele que pinga óleo em poças e vaza a paciência do dono até esgotá-la. Lambuza a garagem, lambuza a vaga do estacionamento, suja a roupa de festa e esvazia o bolso do pobre proprietário. Deixa um rastro de sujeira por onde passa, trazendo vergonha e humilhação ao seu dono. Fora as vezes que quebra e o obriga a empurrar a coisa em pleno congestionamento… #vergonhaalheia

Se o possante é o desejo e sonho dos jovens, o poçante é o terror e pesadelo dos mecânicos.

Espiritualizando a coisa, um crente possante é um cristão cheio do Espírito, capaz de suportar provações, sem reclamar, vencer obstáculos e ainda servir de apoio nas horas difíceis e como exemplo de vida. Artigo não muito fácil de achar nas prateleiras evangélicas hoje em dia, infelizmente.

E o crente “poçante“? Reservadas as proporções, ele também deixa um rastro de imundície por onde anda (dívidas, problemas, mágoas, decepções e dissabores), envergonha a igreja e o nome de Cristo, faz muito barulho (e fumaça), mas força mesmo para vencer ele não possui. Seria, como diz Judas 12: Estes são manchas em vossas festas de amor, os maculadores (fazedores de manchas). Infelizmente, desse tipo muitas igrejas estão cheias, e o púlpito sortido de exemplares, e alguns membros podem afirmar que estão seguindo o exemplo de seus líderes.

Mas, apesar da tristeza dessa cruel e dura realidade, volto meus olhos para o Autor e Consumador da minha fé, para que ela (minha fé) não seja consumida por esses maus exemplos. Eu quero que meu nome esteja arrolado entre os “possantes“, embora fraco eu seja, pois posso tudo apenas nAquele que me fortalece, e jamais figurar de novo entre os “poçantes“.
Conclusão

eu quero transbordar, mas vazar nunca mais

Tenho que confessar: enquanto escrevo essas coisas, penso em mim mesmo, e em como já fiz muito isso: encher-me aos finais de semana somente para depois sair esvaziando-me durante a semana. Sim, estou escrevendo para mim mesmo, Deus está falando comigo e me corrigindo, mansamente, enquanto percebo as bobagens que fazia e, com isso, desperdiçava a unção de Deus derramada sobre minha vida. Confesso: já fui um crente “poçante“.

Mas, não quero mais isso, quero ser sempre cheio a partir de agora, e vou fazer uma revisão espiritual em minha vida, deixando o Mecânico Celeste me ajustar e apertar aquilo que está frouxo. Talvez doa um pouco esse aperto da Mão divina, mas sei que Ela o fará com carinho e cuidado, e me trará cura e restauração, me deixando “como novo”, de novo.

Você também está precisando de algum aperto divino, ou vai querer continuar derramando e desperdiçando a unção de Deus?

http://wallysou.com/Desafiando Limites e Vencendo Barreiras

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