A Filosofia Cristã

A FILOSOFIA CRISTÃ
Por: David Alfred Zuhars Jr.

INTRODUÇÃO

“Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”. Colossenses 2:8.

“Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos”. Romanos 1:22.

“Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: Ele apanha os sábios na sua própria astúcia. E outra vez: O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos”. I Coríntios 3:19-20.

“Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica”. Tiago 3:15.

“Compra a verdade, e não a vendas; e também a sabedoria, a instrução e o entendimento”. Provérbios 23:23.

“Santifica-os na tua verdade; a tua palavra é a verdade”. João 17:17.

“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça”. II Timóteo 3:16.


O QUE É FILOSOFIA?

A palavra Filosofia deriva-se do grego e significa “amor à sabedoria”. Esta é uma definição simples. Na realidade, filosofia significa tentar pensar, de modo coerente, sobre a experiência e visão completas da vida. Sendo assim, torna-se uma esfera de estudo bastante complexa.

A aplicação da filosofia à vida, circunstâncias, preconceitos e experiências é uma questão de individualidade. Neste ponto, cada ser racional é um filósofo. Cada pessoa que existe tenta entender o significado do mundo em que vive, de acordo com seu próprio ponto de vista. Isto explica a diversidade da filosofia. Tragicamente, a maioria da filosofia humana sobre a vida se baseia em princípios antibíblicos, os quais são contra Deus.

A filosofia se esforça para responder às perguntas que os homens têm sobre a vida. Antes de podermos entender as repostas, de maneira adequada, temos que saber que perguntas são essas. Eis aqui algumas: Qual é o melhor tipo de governo? O aborto é errado? A moralidade é tão importante quanto dizem? Como sabemos o que é certo e o que é errado? De onde viemos? Para onde vamos? Deus existe mesmo? A evolução é uma teoria correta? Se tiver opinião a respeito de qualquer destes assuntos, como pode prová-la? Quem tem certeza de alguma coisa? A resposta a estas perguntas é de uma importância inigualável.


A SABEDORIA DO MUNDO

Quero dizer com isto que é toda e qualquer filosofia que não se baseia nem se firma na revelação divina. A sabedoria do mundo é necessariamente humanista, pois surge na mente humana. Ela se inicia no homem e tenta responder-lhe todas as perguntas. Mas não passa de especulação, pois se origina na mente do homem depravado e por isso tem uma opinião corrompida do mundo. Vemos a evidência disto na condição do mundo como um todo. Ele não está melhorando em nada. Pelo contrário, piora continuamente. O homem não tem como resolver seus problemas mais básicos, e muito menos como responder satisfatoriamente às perguntas acima citadas.

Se as perguntas são difíceis e complexas, imagine as teorias avançadas! Mas, quem pode dizer o que é certo ou errado? Afinal de contas, não há um padrão absoluto pelo qual o mundo julga. Um homem pensa de um jeito; outro pensa de outro! Os filósofos, que mais estudaram sobre o assunto, vivem a discordar um do outro. Sem um padrão absoluto pelo qual se julgar, a opinião de alguém é tão boa quanto a de outro e ninguém, realmente, sabe de coisa nenhuma.

Note a diversidade de opiniões entre os filósofos mais notáveis: Sócrates faria você perguntar a todos os homens até deduzir uma expressão clara de algo que devia ser implicitamente conhecido por todos os seres racionais. Platão pede-nos para subir a uma montanha coberta de nuvens, a fim de contemplar o mundo eterno, imutável e ideal, mas sem a ajuda divina. Aristóteles nos convida a tentar nos igualar a um homem bom, mas não podemos, pois somos manchados com o pecado. Kant nos implora a obedecer a lei moral interior, mas achamos em nossos membros outra lei totalmente contrária. Nietzsche nos chama a nos tornar super-homens, mas no fim somos demônios. Marx nos diz para tornar a direção que for necessária, a fim de alcançarmos o objeto desejado e nos assegura que somos só o que comemos, que nada existe, a não ser aquilo que vemos. Kieregaard nos encoraja a seguir a Cristo, porém o cristo dele se torna um salvador existencial. Até mesmo os filósofos cristãos que tornam a revelação divina (a Bíblia) em especulação humana nos deixam em um estado de desespero.

Quando a filosofia se separa da divina revelação, ela se torna uma zombaria vazia e ponto de desespero. Que o grande Deus do Universo nos livre da especulação humana!


A FILOSFIA CRISTÃ

A Filosofia Cristã tem início em Deus e se baseia na revelação divina, a Bíblia. Começar em qualquer outro lugar é se desviar e ser enganado pela sabedoria humana, nas mãos de tagarelas loquazes. O Apóstolo Paulo nos lembra que tudo o que é necessário para o homem saber já foi revelado, e por Deus. É pelo Deus Triúno, e nEle também, que todas as perguntas do homem são respondidas. Deixar Deus de fora da resposta é ser roubado da verdade e, por outro lado, seguir ilusões vãs (enganos vãos).

A filosofia se torna tola quando entra no assunto das origens, destinos e do sobrenatural. O homem é limitado ao tempo e ao espaço, mas Deus não! Somente Deus pode revelar estas coisas a nós, e Ele fez em Sua Palavra. A opinião cristã sobre os homens e as coisas não vem das tradições dos homens, quer sejam boas ou más, nem dos princípios elementares de uma filosofia mundana (rudimentos do mundo), mas do Deus soberano que nos fala através de Sua Palavra.

Qualquer ponto de vista filosófico que entre em contradição com as Escrituras não vem de Cristo. Jesus Cristo é o Deus onisciente e não existe necessidade de se buscar fontes humanas de sabedoria, conhecimento ou filosofia em relação aos assuntos anteriormente mencionados. Tudo o que é necessário para um conhecimento da verdade relacionado ao homem, à moralidade, à salvação e ao futuro, Jesus Cristo é, como a Bíblia revela. “Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção”. I Coríntios 1:30.


PROBLEMAS COM FILOSOFIA

A filosofia é uma tentativa de se responder perguntas que os homens têm sobre a existência, vida e futuro. Mas, em relação a isto, há mais respostas do que perguntas. Cada filosofia tenta responder às perguntas básicas relativas ao homem. É aí que os problemas começam.

Já que existem respostas inumeráveis, como determinar quais as certas e quais as falsas? A maioria dos filósofos supõe que certos critérios são verdadeiros. Mas, como podemos saber, com certeza, que supomos corretamente? É impossível que os homens suponham qualquer coisa sem conceitos pressupostos, que alterem, pelo menos, a realidade de suas suposições. Cada filosofia é diferente porque a suposição sobre a qual se baseia é diferente. Portanto, só porque se supõe que algo seja verdadeiro, isto não significa que o seja necessariamente. A única base real para se supor qualquer coisa é a Palavra do Deus vivo.


Vamos considerar alguns problemas da filosofia.


Verdade

O problema em se saber a verdade, que é discerni-la de erro, se relaciona aos parágrafos que já foram falados acima. Gostaria de ampliar de algum modo, este assunto, nesta seção.

É bom se empenhar em descobrir a verdade. Mas como saberemos que a encontramos? Por causa deste problema, os homens inventaram vários métodos, a fim de ratificarem e validarem suas descobertas.

Há quem depende da lógica; outros, da experiência; outros, da ciência; já outros dependem da matemática. Muitos querem que baseemos a verdade naquilo que se conhece de modo instintivo. Bem próximo ao instinto há outro curso de pensamento que depende dos sentimentos (emoções e intuições). Também devemos mencionar a percepção sensorial. Vale a pena notar, ainda, os costumes, tradições e opinião geral.

Todos estes meios descobertos pelo homem, a fim de ratificarem a verdade, são falhos de um modo ou de outro. A lógica depende de reações aprendidas. As experiências e ciência podem nos enganar. A matemática não pode nos dizer nada sobre ética. O instinto está ligado à natureza humana que é corrupta e depravada. A paixão pode levar o homem a fazer coisas horríveis. Os costumes e as tradições mudam e se chocam. Já se provou, várias vezes, através da história, que a opinião geral pode estar errada.

O único padrão verdadeiro e absoluto para a verdade é a revelação divina escrita. Falaremos a este respeito no próximo capítulo.


Conhecimento

Os agnósticos não sabem se sabem algo com certeza; os cépticos dizem que nada pode ser conhecido sem nenhuma dúvida; outros parecem saber tudo. Mas é possível haver conhecimento realmente da verdade?

O conhecimento do homem é, no que há de melhor, limitado e imperfeito. No que há de pior, é falso. Assim, os homens se perguntam se há uma fonte de verdade, se realmente sabem alguma coisa. Será que sabe mesmo ou só pensa que sabe? Vale a pena perder tempo tentando saber? Talvez Deus saiba; se houver Deus! Mas, como o homem pode saber?

O crente sabe a resposta! Somente a revelação divina e escrita (a Bíblia) pode acalmar nossa mente.


Valores

O problema em se saber o que tem valor e o que não tem é um assunto complexo. Cada pessoa valoriza coisas diferentes. Há quem valorize o que é ruim. E o que dizer da moralidade? Existe tal coisa como bem ou mal? Se a evolução é verdadeira e a sobrevivência do mais apto, correta, então não existe o certo nem o errado, nem a vida humana tem mais valor que a dos animais!

O teísmo bíblico e a revelação divina e escrita satisfazem todas estas perguntas e propostas. Não fomos deixados, a resolver sozinhos, sobre tais valores. Deus, não apenas nos diz o que é certo e o que é errado; o que é bom e o que é ruim; mas Ele também recompensa o que faz o bem e castiga o que faz o mal. Assim, aprendemos que somos responsáveis diante de Deus e de Sua Palavra. Devemos viver pelo padrão de conduta infalível revelado por Deus.


Origens

A origem do homem e do universo é, sem dúvida, um problema para os filósofos. Nos tempos modernos, as teorias da origem dos seres vivos e não vivos são três: evolução orgânica, evolução teística e o criacionismo.

A evolução orgânica é um processo natural e contínuo de mudança crescente e mutação de uma forma viva para outra. O homem é descendente, após um longo processo de tempo e mudança, de uma criatura unicelular que surgiu no oceano.

A evolução teística, defendida pelos teístas, é uma tentativa vã de reconciliar a evolução ao criacionismo. Eles ensinam que o método usado por Deus para criar as várias formas de vida é evolução. Deus criou a primeira criatura unicelular e então cuidou dela até se tornar um homem. Eles acreditam que existe um abismo de tempo entre Gênesis 1:1 e 1:2, e que os dias de Gênesis 1 representam longos períodos de tempo.

Vamos fazer uma avaliação breve da evolução. Esta geração espontânea é uma conclusão que não se pode demonstrar; é uma exposição incompleta e falha. Até onde a ciência sabe, toda a vida vem da vida. Formas (espécies) iguais geram formas iguais de acordo com toda a evidência física. Não há evidência de evolução nesta época atual. De fato, não existe evidência conclusiva que demonstre o processo evolutivo. A evidência usada para provar a evolução é contraditória em si e, muitas vezes, uma negação contundente de onde tudo veio.

Criacionismo é a única explicação aceitável de onde vieram todas as coisas. Deus criou os céus, a terra, o homem, as criaturas, a vida animal e vegetal e tudo isto do nada! Ele fez o homem à Sua imagem. Os animais não foram feitos assim, portanto concluímos que o homem não é um animal superior. Ele é responsável perante seu Criador, Rei soberano e Sustentador de toda a vida. Tudo isto é negado, de modo espalhafatoso, pelos evolucionistas. A evolução promove o desejo secreto dos pecadores de que não há Deus!


Futuro

A filosofia não pode nos dizer o que há pela frente para a humanidade, mas pode especular e é somente isto o que faz. Mas, como sempre, conjeturar é incerto. Já notamos que os homens não aprendem com a história, pois repetem os mesmos erros com freqüência. Será que o mundo está num curso por acaso ou existe um projeto definido e propósito para ele? Existe algo, além deste mundo físico? Ou não há nada mais, além do que se pode ver?

O Deus Soberano e Todo-poderoso age em tudo de acordo com os desígnios de Sua própria vontade. Ele já determinou o que vai acontecer e ninguém pode Lhe dizer: “O que fazes?” Deus tem um propósito definido e definitivo e tudo acontece de acordo com Seu plano e horário. O que existe além deste mundo, ninguém pode nos dizer, a não ser Deus. Existe um mundo invisível! Somente Deus pode nos falar sobre ele.


Vamos agora considerar a filosofia de um ponto de vista cristão.


A FILOSOFIA CRISTÃ

O crente acredita que o único meio correto de ver o homem e as coisas é recebendo entendimento de Deus. Este discernimento é dado pelo Espírito de Deus. Sabemos que Deus nos deu (os crentes em Cristo) entendimento, através da obra do Espírito Santo, por intermédio de Sua Palavra e que “todo o mundo está no maligno”. I João 5:19-20. Damos a Deus toda a glória, porque Ele nos fez entender por Sua própria vontade. Oramos, para que todos os homens sejam abençoados assim por Deus.


Consideremos a Filosofia Cristã a seguir:


Deus

Temos que começar com Deus, porque Ele é o centro da Filosofia Cristã, não o homem. Muitos filósofos falam sobre Deus, mas ao definirem seu deus, vemos que não é o Deus da Bíblia. É um deus inventado por eles. Assim, voltam à filosofia humanista, porque seu deus é a criação deles. O mesmo não acontece com o Deus da Bíblia. O Deus dos crentes verdadeiros no Senhor Jesus Cristo é o Deus eterno (Jeová). Vamos identificá-Lo, revelando assim nossa filosofia cristã.

Muitos filósofos que admitem a existência de Deus, O representam como um super-homem, apto às mesmas paixões que nós temos. Assim, Seu propósito é visto como fatalista ou ao acaso. Também há quem negue a existência de um Ser sobrenatural. Seja qual for a posição, se não for de acordo com as Escrituras, o resultado é o mesmo – não conhecem o Deus da Bíblia.

Uma suposição básica dos verdadeiros filhos de Deus é a de que Ele existe. Esta suposição não se baseia em opinião humana nem numa fé cega. Acreditamos porque a Bíblia diz. Naturalmente os homens aceitam a idéia de que Deus existe, a menos que esta idéia seja erradicada dos pensamentos deles. Toda evidência, quando considerada corretamente, aponta para a existência de Deus.

Há evidências da existência de Deus, mas apenas um simples estudo desta natureza não permitirá que as discutamos a fundo. Mencionar algumas será o suficiente: a criação, a consciência do homem; o conteúdo da Bíblia; o projeto, ordem e adaptação do universo em cumprir a tarefa para que foi criado.

Deus não é super-homem. Não há outro igual a Ele. Só há um único Deus que se manifesta em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Deus é um espírito, portanto, podemos ver como é onipresente. Ele não pode, nem poderá ser feito à imagem de Sua criação. Diferente da criação, Deus é auto-existente; é Sua natureza existir eternamente. Ele tem vida em Si mesmo, o que significa que Seu ser não se deriva de outro. Ah se o homem pudesse ver que somos completamente dependentes dEle para a vida, quer espiritual ou física!

Deus disse na Bíblia que Seu nome é “Eu sou o que sou”. (Êxodo 3:14). Deus é eterno. Não tem princípio nem terá fim! Deus é. Isto traz à mente a imutabilidade de Deus. Se o Deus auto-existente pudesse mudar, deixaria de ser Deus. Porém Ele não muda. Isto significa que nem Sua natureza nem Seu propósito mudam. Ele é o que sempre será. Seu propósito predestinado para os homens e as coisas também não mudará. Se isto acontecesse, implicaria em imperfeição, finidade e nenhuma presciência.

Juntamente com a doutrina da imutabilidade de Deus, está a de Sua soberania. Deus tem direito a esta soberania porque tudo foi criado por Ele. A evolução tenta tirar isto de Deus, mas Deus criou tudo, porque, como Deus, tem direito soberano de fazer isso. Não só exerce Seu direito soberano de criar, mas também exerce o direito de fazer o que Lhe agrada. Não tem falta de sabedoria, a fim de saber o que é a coisa certa a fazer, pois é onisciente, nem de poder de realizá-la, pois é onipotente. Deus não é expectador em relação aos acontecimentos do universo, nem na vida dos homens. Ele é o diretor soberano. Tudo foi predestinado segundo o propósito daquele que opera tudo segundo o conselho da Sua vontade.

Deus também é santo, verdadeiro, justo e amor. A santidade de Deus é a base de todos os Seus outros atributos morais. Thomas Paul Simmons² diz, com muita firmeza: “A santidade de Deus é Sua excelência perfeita moral e espiritual”. Mais adiante, ele declara: “A santidade de Deus O faz odiar o pecado, e portanto, dá margem à Sua justiça”. Deus tem que ser justo ao tratar com os homens, ou não seria Santo. Sua justiça está de acordo com a verdade, a qual se encontra registrada em Sua Palavra. Deus, em Seu justo juízo, já concluiu que todos os homens são culpados e, portanto, condenados ao castigo eterno, diante de Sua lei santa.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. João 3:16.

Deus é amor e, por isso, através de Sua misericórdia e graça, fez provisão para a salvação dos eleitos. Não é por causa do que fizeram que podem ser salvos da ira vindoura, mas por causa do que Cristo fez por eles. Cristo levou sobre Si os pecados deles, sofrendo o castigo justo da lei de Deus por eles, satisfazendo assim a exigência justa da santidade e justiça de Deus. É somente através de Jesus Cristo que Deus e o homem podem ser reconciliados. A inimizade se transforma em amizade unicamente através de Cristo. Por causa da obra de Cristo, Deus pode ser justo e o justificador daquele que crê em Jesus. “Graças a Deus, pois, pelo seu dom inefável”. II Coríntios 9:15.


Revelação

A Filosofia Cristã está alicerçada na existência do Deus pessoal e santo que Se auto-revela de um modo único. Esta revelação está registrada tanto no Velho Testamento quanto no Novo Testamento da Bíblia. Jesus Cristo, o Verbo que Se fez carne, é o centro da revelação especial de Deus. Assim, concluímos que, seja o que for que não se conformar à Pessoa e obra do Cristo revelado nas Santas Escrituras, está errado.

A base do ponto de vista cristão, portanto, é uma revelação positiva, sobrenatural e de autoridade. Deus, em Sua misericórdia e graça não nos deixa tentar, nem de modo especulativo, nem às apalpadelas no escuro, responder a todas as nossas perguntas. Deus existe, e Ele não está silente, pois já falou. Portanto, não precisamos conjeturar, mas podemos saber com certeza qual é a verdade sobre Deus e o homem.

A revelação inspirada de Deus (a Bíblia) é proclamada de modo positivo. Expressa-se claramente. A verdade não é explicada além nem aquém do que é. É um registro escrito, ao invés de falado, evitando assim mal-entendimentos, esquecimentos, má interpretação, fraude e deturpação. A Bíblia é incondicional. Não depende de circunstâncias nem opiniões transitórias. Seus ensinos são certos, firmes e imutáveis como o próprio Deus. A Santa palavra de Deus também é incontestável. Ela declara o fato da realidade, não as ilusões vazias de homens depravados. A Palavra é o padrão absoluto da verdade pela qual todas as coisas serão julgadas. O registro escrito de Deus é sábio, justo e lógico, completamente diferente dos registros de filósofos imaginosos. Por último, as Escrituras são a obra de Deus, inspirada e escrita por homens santos de Deus que foram movidos pelo Espírito Santo. Como tal, não pode ser reconhecida como um livro qualquer, mas sem dúvida nenhuma como o livro de Deus. A Palavra escrita chegou até ao homem, através de uma ordem além do mundo da experiência natural. É um presente divino para o homem, e devemos agradecer-Lhe por isso!


O Homem

O problema da origem do homem é completamente eliminado pela Palavra de Deus. Deus criou o homem do pó da terra, à Sua imagem. Esta declaração positiva da verdade está em contradição completa com a evolução, quer seja orgânica ou teísta.

A evolução orgânica é uma tentativa diabólica de erradicar Deus. A evolução teísta é uma tentativa vã de reconciliar a evolução com a criação. Ou o Soberano Criador fez todas as coisas ou não! A evolução declara o desejo secreto do homem caído, de que não há Deus. Ela faz do homem uma criatura do acaso, de valor não maior do que o de um animal, de acordo com a suposição dela. Ela torna o homem sem nenhuma responsabilidade perante um Deus justo por duas razões: 1) Se não há Deus, ele não precisa prestar-Lhe contas, e 2) Se não há Deus, não há nenhum padrão absoluto de justiça, pelo qual possa ser julgado.

Mas Deus disse que criou o homem à Sua imagem. Originalmente, o homem foi criado santo e pessoal como Deus. Deus o criou com uma inclinação justa. Por ter sido criado um ser deste modo, há distinção entre ele e os seres brutos. Diferente do animal que só tem percepção bruta, sentimentos naturais e instinto, o homem é cônscio de si (conhece e analisa a si mesmo), e pode pensar baseando-se em seus motivos.

Mas o homem não continuou como fora criado originalmente. Caiu deste estado. O segundo estado da raça humana é caído, pois Deus, em Sua onisciência, sabia que todos os homens teriam feito o mesmo que Adão fez no Jardim do Éden, se estivessem lá. Falando francamente, todos os homens caíram em Adão. Os efeitos desta queda na raça humana é a corrupção da natureza do homem. Isto significa que os homens estão mortos espiritualmente, sujeitos também à morte física e condenados a sofrer a segunda morte.

Obviamente o homem precisa de um Salvador. Seu estado pecaminoso é desesperador. Por causa de sua morte espiritual, não pode ajudar a si mesmo, nem expiar seu pecado, nem satisfazer a lei de Deus. Jesus Cristo, por causa de Sua vida justa, recebeu a justiça que o pecador não tem. Ele também satisfez o castigo da lei de Deus que fora quebrada, ao levar sobre Si, na cruz, todos os pecados do Seu povo. A salvação do pecador é completamente obra do Deus triúno. Deus Pai, em Sua graça maravilhosa escolheu alguns desta raça caída para serem recipientes de Sua salvação maravilhosa. Deus Filho, redimiu os eleitos do Pai da maldição da lei, tornando-Se maldição por eles. Deus Espírito, regenera os eleitos do Pai e os remidos do Filho através de Seu poder soberano e os vivifica para Deus, tornando-os possuidores da vida eterna.

Nascer de novo faz uma nova criação em Cristo Jesus. Esta é uma obra sobrenatural que só Deus pode realizar. O pecador recebe vida espiritual e disposição santa para fazer aquilo que agrada a Deus! Ele não fica livre da natureza pecaminosa; a nova e a velha habitam nele, mas o pecador vence o velho homem porque maior é Quem está nele, do que aquele que está no mundo. I João 4:4. O pecador tem agora uma existência com propósito. Qual? Deixe que as Escrituras o declarem: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho”. Filipenses 1:21.


A Bem-aventurada Esperança

Mas, e o futuro? Mais uma vez eu afirmo: não somos deixados no escuro a este respeito. Deus tem um plano que será executado até ser realizado totalmente.

Cremos, como a Bíblia declara, que a única esperança para este mundo, maldito pelo pecado, é a aparição do Senhor da glória, Jesus Cristo. Tito 2:13. A vinda, mais uma vez, do Príncipe da Paz é única solução para todos os males deste mundo. Seu segundo advento significará bênção para alguns, o povo de Deus, e maldição para outros, os perdidos. Os salvos aguardam esta vinda com ansiedade, porém os descrentes a detestam e, com toda razão, a temem. Por quê? O juízo está chegando.

“E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo”. Hebreus 9:27.

“Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino” II Timóteo 4:1.

Cada pessoa está destinada a ser julgada por Deus, quer seja salva ou perdida. O destino eterno de uma pessoa não pode ser mudado após a morte. O juízo de Deus apenas determina o grau de recompensa (galardão) ou castigo recebido. Isto se determina de acordo com as nossas obras. A salvação pessoal se baseia inteiramente na obra redentora de Cristo. O salvo será julgado a fim de determinar seu galardão, não sua salvação. Nossos pecados já foram julgados e já fomos declarados justos em tudo, em Cristo Jesus. O perdido será julgado a fim de determinar o grau do seu castigo eterno. O salvo viverá na presença do Cristo glorioso, no céu, para sempre. O perdido sofrerá o tormento eterno nas trevas de um inferno sem Deus.

“Eu disse no meu coração, Deus julgará o justo e o ímpio; porque há um tempo para todo o propósito e para toda a obra”. Eclesiastes 3:17.

“Para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna”. Tito 3:7.

“Os ímpios serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus”. Salmo 9:17.


Conclusão

“Arrependei-vos, e crede no evangelho”. Marcos 1:15.

“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor”. Atos 3:19.

“Arrepende-te, pois, dessa tua iniqüidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração”. Atos 8:22.

“Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!” Romanos 11:33.

O Apóstolo Paulo, em Atos 17, ao falar com os filósofos em Atenas, Grécia, no Areópago, pregou-lhes Jesus e lhes disse que Deus ordenara a todos os homens, em todos os lugares, a que se arrependessem. A mensagem, ao mundo hoje, é a mesma. Por quê? Paulo disse que Deus “tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos”. Atos 17:31. “E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação”. João 5:29. Arrependa-se, abandone seu pecado e vã imaginação. Creia e confie em Cristo e Sua Palavra para a salvação e verdade. “Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os termos da terra; porque eu sou Deus, e não há outro”. Isaías 45:22.

Bibliografia

1. As Referências Bíblicas – Corrigida e Revisada Fiel, SBTB

2. Um Estudo de Sistemático de Doutrina Bíblica, páginas 66-67.


Autor: David Alfred Zuhars, Jr.
Pastor David Zuhars
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o Fonte: www.PalavraPrudente.com.br