quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A salvação na perspectiva Budista



A SALVAÇÃO no BUDISMO

por Takayuki Nagashima

eu nome é Takayuki Nagashima e sou japonês. Sou o responsável pelo Movimento Risho Kossei-kai do Brasil. Antes de começar a falar sobre o tema, permita-me explicar o que é a Risho Kossei-kai. Trata-se de uma organização de budistas leigos iniciada, em 1938, pelo mestre fundador Nikkyo Niwano e pela co-fundadora Miyoko Naganuma. Nós, membros, devotamos o Grande e Beneficente Mestre e Senhor Shakyamuni, o Eterno Buda. Seguimos o ensinamento do Sutra do Lótus.

Acredito que não seja comum ouvir a expressão “budista leigo”. Quando falamos em budismo, a imagem que surge é de um monge com a cabeça raspada, vestindo uma túnica preta ou amarela. Com certeza, estas pessoas são realmente budistas, por outro lado, nós, budistas leigos, não raspamos o cabelo e não usamos túnicas. Vivemos como todos da sociedade, trabalhamos, se tivermos oportunidade nos casamos, podemos escolher a roupa que queremos vestir.

Ou seja, vivemos na sociedade, praticando o ensinamento budista. Eu não sou um cientista do budismo. Portanto, não poderei explicar de forma científica, porém o mestre fundador Nikkyo Niwano e, agora, o mestre presidente Nichiko Niwano nos ensinam a viver a vida de acordo com o ensinamento búdico. Assim, explanarei, baseado nesse ensinamento.

A SALVAÇÃO DO SER HUMANO

O QUE É A SALVAÇÃO

Vamos pensar juntos o que seria a salvação. A palavra “salvação” é um substantivo. Se a transformarmos em verbo, obteremos “salvar” ou “salvo”. Este verbo é usado, quando uma terceira pessoa salva a mim ou a alguém. Por exemplo, eu ou você caímos no rio e outra pessoa, um bombeiro, por exemplo, nos salva. E também existe a possibilidade de nos salvarmos por nós mesmos. Se estivéssemos escalando uma montanha e acontecesse uma avalanche, seria possível salvar-se a si próprio. No caso do budismo, quando outra pessoa nos salva, chamamos de “salvação”, e quando alguém se salva por si mesmo, denominamos “iluminação”.

Iluminação significa, também, perceber ou discernir. Mais um detalhe que gostaria de acrescentar: quando falamos em salvação, junto com esta palavra vem a palavra “felicidade”. As palavras salvação e felicidade não estão separadas. Não existe felicidade que não esteja ligada à salvação. Porém, quando reflito sobre mim, quando as coisas estão indo bem, eu estou salvo ou sou feliz (meu sentimento), entretanto, quando nada vai bem, não sinto que estou salvo ou feliz. Mas então, será que Buda pensa dessa maneira?

A SALVAÇÃO DO SER HUMANO

Sobre a salvação do ser humano, quais foram os ensinamentos de Shakyamuni Buda? A conclusão a que Buda chegou foi: “Todas as pessoas já estão salvas, mas, não percebendo esta verdade, cada um sofre no mundo”. Portanto, a salvação para nós (seres humanos) está em perceber que, na verdade, já estamos salvos. Recentemente, o mestre presidente, disse: “O mestre fundador sempre dizia que a felicidade maior de nossas vidas é a bênção que recebemos de Deus e Buda e perceber que estamos tendo a oportunidade de viver esta vida.

Acreditar que, em qualquer hora e em todo lugar que nós estivermos, o Buda estará sempre orando e protegendo a todos, para que possamos perseverar tranqüilos. Esta é a verdadeira felicidade”. Vamos analisar estas palavras. “Recebemos a bênção de Deus e Buda” significa que já estamos recebendo a bênção divina, ou seja, “estamos tendo a oportunidade de viver esta vida”, estamos podendo viver dentro da vida de Deus e Buda. “Acreditar” quer dizer acreditar, do fundo do coração, que estamos podendo viver a vida como seres humanos e não existe maior felicidade que esta.

DE QUE MANEIRA AS PESSOAS SÃO SALVAS

Então, como será que as pessoas são salvas? Se dissermos que, na verdade, todos já estão “salvos”, é difícil pensar desta maneira. Acredito que a maioria das pessoas pensa assim. Então, se, na verdade, já estamos todos salvos, porque não conseguimos nos sentir desta maneira? O Buda nos explicou que: “É por que nós temos nosso ‘Ego’ (desejos, egoísmo)”. Shakyamuni Buda disse: “Todas as coisas que existem possuem a natureza búdica” (todos possuem a mesma capacidade, possibilidade de se tornar Buda).


Ela cobre as planíces alagadas do Oriente, do Egito à China. E é venerada em todo o mundo por milhões de pessoas, que a consideram o símbolo máximo da pureza espiritual
Se olharmos nosso interior com os olhos de Buda, conseguiremos perceber que já estamos salvos. É o nosso Ego que faz embaçar os olhos de Buda. As pessoas que acompanharam até aqui podem estar imaginando: “Então é só eliminar o nosso Ego”. Realmente, eu também concordo. Porém, acho difícil retirarmos completamente este Ego (desejos). Ao invés de retirarmos o Ego, o budismo nos ensina a purificá-lo. Fazer o esforço de purificar o Ego é a verdadeira prática do budismo.

No Japão, costuma-se pegar o caqui adstringente e secá-lo no varal, tornando-o caqui seco, que fica bem doce. Eles não retiram o amargo do caqui, mas o deixam secar no varal, fazendo com que o amargo se transforme naturalmente em doce. A mesma coisa acontece com nosso Ego (desejo). Através da prática do budismo, o Ego se transforma em energia para nos “salvar” ou “sermos iluminados”. Esta parte é maravilhosa no budismo.

ESTAR SALVO

Então, como é estar salvo? Antes de responder, gostaria de falar um pouco sobre o budismo. O budismo significa “ensinamento do Buda” ou “ensinamento para nos tornarmos Buda”. Ensinamento do Buda significa “a verdade do universo”, “a verdade que transcende o universo”, “como o ser humano pode viver”, “o que é a verdadeira felicidade do ser humano”. Voltando à explicação anterior, do Ego, como será este Ego purificado?

Purificando o Ego, aceitamos docilmente (sem forçar) viver de acordo com a verdade do universo, a verdade que transcende o universo... Em outras palavras, viver a vida com o sentimento de gratidão a Buda, por estar podendo viver. Vamos lembrar novamente as palavras do mestre fundador: “Acreditar que, em qualquer hora e em todo lugar que nós estivermos, o Buda estará sempre orando e protegendo a todos, que nós possamos perseverar na prática do budismo tranqüilos, esta é a verdadeira felicidade”.

DEPOIS DA MORTE

Sempre me perguntam: “Há vida depois de morte?” A minha resposta é: “A vida continua ou podemos responder, não continua”. Nós devotamos o Grande e Beneficente Mestre e Senhor Shakyamuni, que resumindo, chamamos de Eterno Buda. Esta imagem simboliza também “a grande força do Universo” que significa “a vida que vive eternamente e faz com que todas as coisas possam viver e existir no universo”. Portanto, os seres humanos, animais, plantas e os minerais podem viver através desta vida.

Refletindo dessa maneira, a nossa vida também é uma parte da grande força do universo. Se, porventura, uma pessoa vem a falecer, o corpo desaparece, mas a vida desta pessoa volta para a grande força do Universo. Neste sentido, existe vida após a morte? Eu diria que sim. A vida do ser humano, desde quando nasce até a morte, ocorre apenas uma vez. Se observarmos por este lado, só é possível responder que a vida tem limites. Nós aprendemos a importância da vida.

Devemos viver a vida com este espírito: agradecer de coração a vida que recebemos e viver pensando e ajudando o próximo, sentir felicidade em poder estar vivendo e vivermos em harmonia. O ensinamento do Buda nos diz que podemos viver o presente com felicidade. O que vocês acham?

NOSSO FUTURO


Palácio Himeji, considerado pela Unesco, como Patrimônio Cultural da Humanidade
Então, qual será o nosso futuro durante nossa vida? Eu aprendi que o nosso futuro é o resultado do nosso presente, e o presente, o resultado do nosso passado. E também o que nós não conseguimos mudar são os outros e o passado, o que nós conseguimos mudar é o nosso futuro. Isto significa que seu modo de ver, pensar, sentir (de maneira positiva ou negativa) é a base para sua atitude, sua prática e vai decidir seu futuro. O passado tem como base o resultado do seu modo de ver, pensar, sentir (de maneira positiva ou negativa).

Agindo e praticando desta maneira temos o resultado construído que é o nosso presente. Nós, membros da Risho Kossei-kai, temos como objetivo de vida a prática do budismo e o “crescimento espiritual” (tornar-se Buda)¨ e “paz mundial”. Praticando com este sentimento, conseguimos compreender o espírito de Buda e percebemos a missão de cada um.

Acredito que, percebendo isso, conseguimos trilhar a vida com mais alegria. Aprendemos que nossos problemas, sofrimentos, tristezas, alegrias são presentes (compaixão) de Buda para sermos felizes (tornar-se Buda). Então, tudo que é agradável ou desagradável para nós é “presente de Buda”. Aceitando desta maneira, com certeza, teremos um futuro feliz. E também, se conseguirmos aceitar desta maneira, pelo menos um instante, eu ou você estamos pelo menos um passo mais perto de Buda.

EXISTE CASTIGO?

Dá para dizer que existe ou não existe castigo. Por exemplo, se me perguntarem: “Onde é o paraíso ou o inferno?”, eu responderia: “Está no seu interior”. Quando estamos vivendo a vida, pensamos que estamos no paraíso e depois pensamos que é um inferno; quando pensamos que estamos no inferno, na verdade era o paraíso. O castigo também é a mesma coisa. Normalmente, quando alguém faz algo errado, recebe o castigo (sofrimento). É desta maneira que a maioria das pessoas interpreta.

Porém, quando nos encontramos com o ensinamento do Buda e aprendemos sobre a lei da verdade, muitas pessoas passam a considerar o castigo (sofrimento) como base para a felicidade. Talvez possamos até dizer que isso é tudo para essas pessoas. Por exemplo: “É graças àquele castigo (sofrimento) que hoje eu sou feliz”. Quando ouvi estas palavras, pensei: “Aquele castigo (sofrimento) será que era ‘castigo’”?

Reverendo Takayuki Nagashima

www.pime.org.br

Um comentário:

assembleiabelem disse...

http://comente.assembleiabelem.br22.com

Um blog que você Participa,ou seja você faz com sua opinião, entre em nosso blog e partipe, alem disso não precisa de cadastro

Aproveite e Conheça nosso site

http://www.assembleiabelem.br22.com/