quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A salvação na perspectiva islâmica


A salvação na perspectiva islâmica

por Xeique Armando Hussein Saleh

Vocês, que são dotados de intelecto, o que diriam a respeito de uma pessoa que constata ter sido transportada para uma cidade desconhecida, ou para um deserto que lhe é estranho, sem que isso tivesse sido resultado de uma escolha sua, mas sim uma ocorrência alheia a sua vontade?

Lá, ela vem a saber que quem a colocou em tal lugar também providenciou enviados, com a finalidade de orientá-la e guiá-la. Depois disso tudo, ela não demonstra o menor interesse em travar conhecimento com eles, que vieram com o intuito de salvá-la e conduzi-la, mas luta contra eles, que suportam todo o mal que ela lhes causa e procuram se aproximar dela. O que diriam?

Um indivíduo sensato, certamente, dirá que o primeiro dever dessa pessoa, que se encontra perdida e que foi trazida para um mundo desconhecido, seria procurar aquele que a trouxe a tal lugar, independentemente da sua vontade, para saber qual a finalidade de sua vinda.

E, encontrando os enviados para guiá-la, ela deveria testar a sua veracidade e, uma vez certificada, deveria homenageá-los e segui-los. Quanto àquela pessoa que não se interessa pelo que acontece consigo mesma, nem por quem a trouxe ou pelos seus enviados, não há dúvida sobre a sua mediocridade e insensatez.

Por que existo?

Se uma pessoa ponderada meditar sobre a sua vinda a este mundo: como era pó desprovido de vida e como se transformou num ser humano bem feito, chegará à conclusão de que a causa primeira de sua criação, de sua existência e de sua vida está nas mãos do criador que a configurou. Portanto, é sua obrigação conhecer aquele em cujas mãos está o seu destino e a sua existência, desde o início, e ao qual ela se acha submetida. Sendo assim, você tem um dono e eu tenho um dono.

E todas essas nações, esses povos, esses governantes e governados são propriedades daquele que os criou como quis, que os trouxe para este mundo e que dotou cada uma dessas criaturas com os dons que lhes são inatos. E você sabe por que foi criado e por que todas as demais criaturas foram criadas? Se você não souber qual é a razão da própria existência, então você terá menos valor do que a folha de papel que está a sua frente. Isso porque essa folha de papel tem uma razão de ser, que é a de servir para ser escrita. A seu ver, você não tem nenhuma razão de ser? Então, analise sua situação: como é que você vive, sem saber qual é a razão de sua criação?

O caminho certo

O dever primordial do ser humano é procurar saber quem é o criador Allah e quem é o seu enviado. As pessoas devem se conscientizar que elas têm um criador, cuja sabedoria abrange tudo, que tem a ética mais perfeita, os atributos mais grandiosos e os melhores nomes. Ele é o conhecedor de tudo e nada ficou, fica ou ficará fora de sua sapiência. Ele é o criador misericordioso, perante o qual todas as pessoas são iguais a adorá-lo.

Se as pessoas souberem quem é o seu criador e procurarem a sua direção, elas se libertarão dessa dúvida, salvarão a si mesmas das conseqüências e viverão como servos unidos, apegados ao elo do seu criador e bem encaminhados, graças a sua condução. Allah disse: “Àqueles que crerem em nossos versículos e forem muçulmanos lhes será dito: – Ingressai, vós e vossas esposas, no paraíso, para serdes felizes. Circularão, por entre vós, bandejas e copos que contêm aquilo que as criaturas desejam e que agradam aos olhos.

E nele vós permanecereis por toda a eternidade”. O crente está a par de que não será bem sucedido na obtenção dessa felicidade contínua e nem se salvará do suplício do inferno, exceto se passar no exame de avaliação da sua obediência ao seu criador, que ele presta durante a sua vida sobre a Terra. Cumprindo com obediência as ordens de seu criador e dono, e abstendo-se daquilo que ele lhe proibiu, o crente vive numa sociedade onde o amor se difunde em substituição à inimizade, a solidariedade vigora em lugar do egoísmo, o bem querer impera em vez do ódio, a honestidade viceja em troca da baixeza, a nobreza predomina em permutação da vileza, a generosidade reina ao invés da mesquinhez, a consolação é a norma em substituição à exploração, a justiça é soberana em lugar da iniqüidade, a humildade é um fato em vez da soberba e o contentamento e a felicidade resplandecem ao invés da ira, da ansiedade, do sofrimento e da desolação.

Você e todos aqueles que estão hoje na Terra sairão do mundo, na mais otimista das hipóteses, dentro de aproximadamente cem anos (se assim Allah desejar). Após isso, você estará entre os mortos. Allah disse: “Onde quer que estejais, sereis alcançados pela morte, até mesmo se estiverdes em torres altaneiras”. Portanto, você nada mais é do que um dos filhos da morte e está aguardando a hora em que virá a sua convocação para sair do mundo. Você sairá de bom grado ou a contra gosto.

Os reis, os presidentes e os ricos terão que sair, da mesma maneira como já saíram as nações do passado e como saem os indivíduos, os pobres e os fracos. Todos os povos terão de partir, como tantos já o fizeram anteriormente, pois as pessoas não passam de servos daquele que lhes dá a vida e os faz morrerem, sem lhes pedir autorização ou lhes dar a faculdade da livre escolha.

A justiça de Allah

Por acaso, você já indagou a respeito da realidade do seu porvir duradouro e será que compreendeu o que será feito de você no seu extenso futuro? Você e aqueles que se acham na Terra, sejam eles estados ou povos, gastam o máximo de seus esforços para garantir um futuro que é contado em anos e não demorará muito, pois os seus anos e dias terminarão.

Então, o que é que você preparou para o seu futuro, que será permanente?
Ainda haverá algum futuro?
Haveria uma outra vida além desta?
Haveria alguma vinculação entre aquela vida e esta?
Qual é o caminho da bem-aventurança e da salvação?
E o que confirmam todas essas informações?

Página de um manuscrito do Alcorão realizado no sultanato de Delhi nos séculos 14-15
Aquele que nos criou pela primeira vez a partir do pó não encontrará nenhuma dificuldade em nos ressuscitar mais uma vez, após termos voltado ao pó. Aquele cuja sabedoria apareceu em nossa criação e suas várias fases, sem dúvida alguma, vai manifestá-la também na hora da nossa morte, quando nos transportará para nossa nova dimensão. Aquele que estabeleceu a justiça, tanto na terra quanto no céu, vai distribuí-la no que se refere aos atos do ser humano, quer sejam em prol do bem ou do mal, recompensando regiamente o benfeitor e punindo o malfeitor, no dia da prestação de contas.

Aquele que mandou os enviados, anunciando para todas as nações as boas novas e advertindo para o dia de acerto de contas que virá após a morte, não falhará em sua promessa e provará que os seus enviados disseram a verdade. Aquele que tem o poder de iniciar a criação e fazer com que ela retorne é perfeitamente capaz de nos recriar pela segunda vez, assim como nos criou na primeira. A coisa, então, é perigosa: ela se refere ao futuro contínuo e ao destino constante.

O medo do seu futuro, que é desconhecido, não o deixará, a menos que você se certifique de que os enviados de seu criador estão dizendo a verdade, isto é, que ele o fará morrer e que o ressuscitará. Aí sim, as suas preocupações desaparecerão, a sua vida será feliz e a sua ansiedade e o temor do destino desconhecido o deixarão em paz.

Crer em Allah e no seu enviado

Todavia, tudo isso não será possível, a não ser que você creia em Allah e no seu enviado Mohamed. É por isso, que o primeiro dever de um ser humano é crer em Allah, o criador, e procurar conhecer o seu enviado. O ser humano tem uma premente necessidade de estabelecer um elo duradouro com o seu criador. Se ele conseguir isso, estará a salvo das apreensões, viverá e se salvará, confiante, tranqüilo e venturoso, sob a proteção de seu criador, como se verifica nos casos dos crentes verdadeiros e através da história dos muçulmanos genuínos.

Por conseguinte, é imprescindível que haja a fé em Allah e que haja a crença no seu enviado, porque esse é o orientador para os detalhes do referido elo. Não há uma só nação para a qual Allah não tenha mandado enviados. Allah, disse: “E não há nenhuma nação que haja ficado sem um admoestador”. A história humana escrita é testemunha de que não há nenhuma nação que não tenha tido nenhuma religião, quer essa tenha permanecido fiel às origens ou tenha sido adulterada com o passar do tempo.

Portanto, não restou nenhuma desculpa que possa ser apresentada por quem quer que seja, pois Allah fez com que a religião fosse uma luz e salvação para os seus servos, com o fito de resgatá-los das trevas para a claridade. E ele mandou essa luz com seus honoráveis enviados, incumbindo-os de fazê-la chegar até os seus servos, para que não restasse nenhuma justificativa em poder daqueles que teimam em viver na escuridão. Allah disse: “São enviados portadores de boas novas e de advertências, para que os seres humanos não tenham nenhuma justificativa a apresentar perante Allah, após a vinda deles”. Oh, pessoa sensata!

Se você precisa da fé, como foi demonstrado, você necessita dela para se salvar do suplício do fogo, para ser um dos que estarão no paraíso e isso porque não é do feitio do criador – louvado seja! – admitir que haja uma paridade entre os ateus e os muçulmanos. Por isso, aquele que determinou a morte e a vida mandou enviados que dizem a verdade, apoiando-os com referências e provas, e eles nos informaram sobre o porvir e a tortura à qual serão submetidos por Allah os desobedientes, no inferno, cujo combustível serão os humanos e as pedras.

O enviado de Allah, Mohamed, informou-nos que ele é o último dos profetas e que a prestação de contas está próxima. Portanto, quem quiser ser feliz e se salvar neste mundo e na eternidade deve ter fé em Allah, o criador, e no seu mensageiro Mohamed, seguindo os seus ensinamentos. Quem desejar ter uma vida saudável e fazer obras justas no mundo, terá que apelar para a fé, porque a obra justa é um dos seus frutos. E quem conseguir ter fé, conscientemente, com conhecimento de causa, deve desenvolvê-la e protegê-la com as ações virtuosas, porque a fé aumenta com as obediências e diminui com as desobediências.

Assim nos orientou o enviado de Allah, o mensageiro Mohamed. Vejam, esse é o caminho da salvação através da fé. O caminho para o saber e o conhecimento. O caminho para a ascensão aos mais elevados graus: “Allah eleva aqueles que dentre vós crerem e aqueles que forem dotados do saber, muitos graus acima”.

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