segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

O “Festival Promessas” e a apologética exagerada


O “Festival Promessas” e a apologética exagerada

via Teologia Pentecostal
de Gutierres Siqueira



Foi bom e ruim, bonito e feio, evangelístico e triunfalista, ou seja, a cara do nosso evangelicalismo!
O Festival Promessas é meramente uma estratégia comercial da Rede Globo. Oh, e assim eu descobri a roda, não é mesmo?! Meus amigos, isso é muitíssimo óbvio. Muitas vezes falamos sobre a estratégia marqueteira como se fosse uma novidade “escondida” e revelada na base das “teorias da conspiração”. Ora, uma emissora comercial vai “pregar o Evangelho” pela causa cristã? É claro que não. Isso não existiu e nunca existirá em nenhum lugar do mundo. Manter uma emissora lucrativa é o objetivo de qualquer magnata da mídia. Empresário não é filantropo ou evangelista.

O objetivo comercial da emissora carioca é óbvio. Ok? Mas, e daí? Vamos esperar que a quarta emissora do mundo se “converta” de verdade? Meu Deus, no dia que isso acontecer essa e qualquer outra emissora comercial deixa de existir. Alô apologistas! Ainda vivemos no mundo que é movido por bens de troca e consumo! Gostamos ou não, essa é uma realidade milenar!

Seria esse motivo para que eu despreze completamente o Festival Promessas? Acho exagero. Por que escrevo isso? Pois veio em minha mente a lembrança de Filipenses 1. 14-15, onde Paulo diz: “E a maioria dos irmãos, motivados no Senhor pela minha prisão, estão anunciando a palavra com maior determinação e destemor. É verdade que alguns pregam a Cristo por inveja e rivalidade, mas outros o fazem de boa vontade”. Ou seja, é possível que uma motivação “não pura” (inveja, rivalidade, comercial etc.) ainda sirva para a causa do Evangelho se o conteúdo dessa mensagem for verdadeiro.

Então, a nossa pergunta como “blogueiros apologistas” não é a motivação comercial de uma emissora... comercial, mas sim o conteúdo da mensagem ali pregado. A questão é justamente essa: o que os cantores mais famosos do meio evangélico têm pregado?

O lado preocupante


O Festival Promessas é como a sua igreja e como a minha igreja: alguns pregam o Evangelho e outros distorcem e o contrário também é verdadeiro. Posso dizer que o “Festival Promessas” pregou o Evangelho integralmente? É claro que não! Mas daí a dizer que foi completamente inválido é exagero de apologista. Muitas vezes buscamos uma “pureza pura” que não praticamos nem em nossas igrejas. As nossas igrejas são imperfeitas como foram Corinto, Roma, Galácia etc. Vamos esperar perfeição de um festival?

Poderia ser melhor? Sim, poderia ser muito melhor. Mas não foi tão ruim como alguns pintaram. Ouvir “eu sei que foi pago um alto preço” em rede nacional é importante e até emocionante. Ouvir a Ana Paula Valadão conclamando todos a citar João 3.16 foi um dos pontos altos da festa. Houve os seus momentos “evangelísticos”.

Vocês me conhecem! Sabem que eu não sou simpático ao mundo gospel e nem acho que o “avivamento do Espírito Santo” está invadindo a emissora da platina. Quem pensa isso é um, desculpa a expressão, é um iludido. Sou cético por natureza. Mas a maioria das análises apologéticas que li, em minha opinião, estão buscando uma pureza irreal, ou seja, que não encontramos nem em suas congregações onde os “apologistas” exercem cargos de liderança.

Idealização vazia!

Outros proclamam nas redes sociais que uma festa rica e glamorosa nada tem a ver com o pobre Nazareno. Sim, isso é verdade quase sempre, pois isso no fundo traz a ideia que o Evangelho dos lugares “mais simples” já tem uma pureza natural. Não, a necessidade de buscar a excelência do Evangelho é um desafio das igrejinhas da favela e dos megatemplos luxuosos. Não vamos idealizar a pobreza no momento que pregamos contra a maléfica e herética “teologia da prosperidade” ou o “triunfalismo carismático”. Idealizar a pobreza é algo que Jesus não fez.

O “Festival Promessas” merece críticas? Sim. A maioria dos cantores evangélicos merecem críticas? Sim. Ninguém pode esquecer o propósito comercial da emissora patrocinadora? Sim. Mas não precisamos jogar o bebê com a água suja! Sejamos menos exagerados! A desconfiança é sadia desde que não vire obsessão!

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